31 Dec
31Dec

Quero começar este texto te desejando um Novo Ano capaz de te fazer NOVO também. Iniciar uma nova etapa sendo os mesmos de ontem fará o 2022 velho já em seu primeiro dia. Que o ser humano envelhecido pelas lutas diárias, desgastado pelas emoções e machucado pelos sentimentos que se explodiram durante esses doze meses se torne novo e se renove a cada dia. Ser o mesmo te faz repetir os mesmos gestos que ontem e no ano que se finda. Enfrentamos muita coisa. O cansaço foi o nosso maior sentimento. 

Todo recomeço, novo ano, mudança de emprego, um novo integrante na família, o próximo período na faculdade, vem de uma linha temporal que nos levou até ali. Por mais que 2020 e 2021 tenham sido de baixas perspectivas e de poucas iniciativas que duraram, esse pouco realizado nos deu algo para que não recomeçássemos do zero. Chegamos até aqui com alguma coisa. Boa ou ruim, mas é algo para dar o primeiro passo. 

A vida tem se tornado muito rápida, ultimamente. Não é culpa minha, não é sua. E não se trata de condenar alguém pelo sistema que nos coordena. Trata-se de como agimos diante de uma rotina afundada em maratonas com a cabeça grudada no travesseiro. Trata-se daquilo que admiramos com os olhos colados numa tela pixelizada assistindo a vida passar e não experimentando os bons (mesmo que poucos) momentos dela. Trata-se do tanto de metas que você bateu em seu trabalho e o nível de imunidade que fortaleceu o seu corpo. Trata-se dos amigos que você se importou e das pessoas que ignorou. Trata-se do ano que se finda e do que começa. Do estilo de vida que deixa e do que assume para si como votos de conversão e de metanóia. Tornar-se NOVO no Ano Novo. 

Como última atividade do ano, deixei um pouco de lado as obrigações em assistir (ou ler) um produto artístico denso e que me traria fortes reflexões e conhecimentos para degustar algo sem compromisso, mais leve e sem o peso da crítica. Foi assim que, ao revirar a minha lista de preferências nos streamings reencontrei o ator Radcliffe estampando um pôster. Dei play. A série Miracle Workes que, traduzindo livremente, é algo como “trabalhadores milagrosos” é baseada no romance americano What in God’s Name de 2012 escrito por Simon Rich e também dirige a adaptação televisiva. É uma série curtinha, história leve e cômica que satiriza conceitos muito caros a nós desde a religião até os nossos empenhos em busca do que sonhamos. Gosto do Daniel Radcliffe e gosto de vê-lo fazendo algo diferente do papel que o consagrou no mundo todo. Uma atuação leve numa comédia leve e sem ferir ninguém. 

Me diverti. Em 2022, que a gente possa maratonar menos, aproveitar cada pedacinho de dia que nos é entregue. Que sejamos esses trabalhadores milagrosos que, com gestos simples e pequenos, mudaram o rumo da história. Claro, nós não precisamos mudar os rumos da história, só de mudar a nossa já é um grande milagre. Muitos anseiam por um “ano melhor que o anterior”; outros por “um ano mais feliz”; outros ainda pedem aquelas coisinhas básicas para a vida... não importa a sua prece. Importa o quanto vai se esforçar por ela. Que sejamos esses trabalhadores milagrosos que desafiam sistemas e grupos sem ferir ninguém. Que dialoga e respeita o diferente. Mas, aos poucos, fazendo com que pequenos milagres nos renovem no Novo Ano que se inicia.



Por Dione Afonso  |  PUC Minas

31.dez.2021

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