23 Nov
23Nov

Na mesma intensidade em que eu acho belo as manifestações de homenagens, reconhecimentos, discursos e menções honrosas, eu também as questiono! 

“Por que não o fizeram em vida?”, lamentam uns; “Não era bem assim...”, criticam outros; “Não era isso que fulano queria...”, respondem ainda estes. Bom! Sempre achei que é uma linha tênue entre o reconhecimento por algo feito e o respeito por este mesmo algo que foi feito por alguém. Vemos, nos países afora, a França, por exemplo, colorindo a Torre Eiffel; Roma, o Coliseu; Berlim, o Portão de Brandemburgo... e o Brasil, o Cristo Redentor. 

No nosso caso, o monumento situado na Cidade Maravilhosa, em ocasiões especiais decide ganhar novas cores afim de deixar marcado na memória dos brasileiros a importância, relevância e reconhecimento do que aquele dia representa. Ele já homenageou o Flamengo, a Marinha, o Dia da Doação de Sangue, o Dia Mundial da Paz, recentemente, lembrou dos países em guerra e, recentemente pediu Paz para a humanidade... Um gesto nobre e significativo, pois vemos, em tal demonstração um ato de bondade, de fé. 

Mas, voltando na primeira frase deste texto: esta linha entre a homenagem e a relevância dela é sempre muito tênue. Taylor Alison Swift, artista norte-americana de 33 anos, nascida na Pensilvânia, EUA é uma jovem cantora e compositora que movimenta o mercado fonográfico de forma invejável entre os artistas do mundo da música. Sua turnê, que recentemente chegou ao Brasil, vem sendo elogiada como uma das estruturas mais bem elaboradas pelos países em que ela já passou e se apresentou. Desde 2006 a cantora se mantém no topo da lista de sucesso. Uma artista atual para os tempos atuais. Trata-se de um fenômeno que atualmente emplaca 10 hits entre as mais ouvidas em plataformas de áudio. 

A bilionária chegou ao Brasil com sua turnê “The Eras Tour” para se apresentar em dois shows no Rio de Janeiro e três em São Paulo. Segundo a Revista Forbes é a jovem que atingiu o título de bilionária mais rápido da história. Um episódio triste: por conta da forte onda de calor que o país vem sofrendo neste mês de novembro, uma de suas fãs morreu de parada cardiorrespiratória (o laudo médico, depois, acentuou que ela teve uma hemorragia no pulmão) por falta de água e por conta do abafado calor que a cidade enfrentava. Outro caso triste: um super fã da artista que viajou da Europa e chegou ao Rio de Janeiro para o show, foi assaltado e morto. 

Contudo, Taylor Swift é muito amada e querida por todo mundo, tanto é que ela se tornou a primeira artista na história a ganhar uma homenagem no Cristo Redentor. Nenhum outro artista realizou algo tão grandioso a ponto de ser homenageado no Corcovado do Rio de Janeiro. Pois é, nem mesmo um artista brasileiro, cantor ou não, foi digno de tal homenagem. Enquanto isso, a tal jovem bilionária, que “num gesto de caridade”, fez com que uma petição fosse aberta afim de que os shows no país tropical passem a ter, por obrigatoriedade de lei, distribuição de água gratuita. A própria Taylor, parou um de seus shows no Brasil para oferecer garrafas de água às pessoas próximas do palco que estavam com sede. Do bolso dela, será? 

O nome dela era Ana Clara Benevides e tinha 23 anos. A sensação térmica no dia do show era de 60º C. Taylor Swift ficou emocionada com a homenagem projetada no Cristo Redentor, disse não estar acreditando no que estava vendo. Mas, em nenhum momento ela se preocupou em usar um pouquinho de sua fortuna para se solidarizar com a família de Benevides, é certo que ela lamentou o ocorrido, elogiou a beleza da jovem, mas disse não ter coragem de falar sobre o ocorrido no palco... afinal... Uma luz brilhou no Cristo Redentor, não é mesmo?! Resta saber para quem foi... a homenagem...




Por Dione Afonso | Jornalista

23.novembro.2023

Foto: Reprodução via Twitter/X.

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