28 Mar
28Mar


Procuro nos livros e a teoria me sufoca. Abro o spotify mas nenhuma música consegue esclarecer meus pensamentos. Muitos de nós recorrem a escritórios de psicólogos, gurus da alma e da mente, feitiçarias e esquemas espirituais; pedras quentes, banhos de lama... tudo em busca de algo que responda à pergunta cabal: o que estamos fazendo da nossa vida?

O celular desperta desesperadamente e no som mais alto que conseguimos configurar. Levantamos da cama sem refletir o que faremos do novo dia. A água ferve enquanto arrumamos nosso cabelo. O banho é o mais breve possível porque senão o trânsito nos engole na medida que as horas do dia avançam.

Uma pandemia nos aprisiona por dois anos; uma guerra civil entre duas nações assusta o resto do mundo e tenta desviar nossa atenção. Montamos as nossas marmitas para durarem a semana toda e congelamos para manter a validade dos alimentos. Voltamos às coisas presenciais e ainda não descobrimos o que, de fato, é essencial em nossa vida. O que estamos fazendo de nossa vida?

Lemos tantos livros, assistimos a tantos filmes, parentes e amigos partiram... outros ousaram vir à vida nesses tempos confusos. Até o cinema mudou a sua forma de ver o mundo e abriu sessões dentro de nossas casas através das mais variadas plataformas digitais. E de preços diversos também.

O que estamos fazendo da nossa vida? Congelando comida? Aumentando o estoque de livros da estante? Pedindo demissão do emprego atual diante de uma crise econômica? Enchendo o tanque do carro sem se assustar com o preço da gasolina? Entrando em uma igreja na tentativa de ouvir palavras de esperança e consolo? O que estamos fazendo da nossa vida?

O fato é que estamos, a todo instante, buscando uma resposta que nos ajude a entender o que está acontecendo conosco e com as nossas vidas. Até o clima e a geografia do mundo estão confusos. Nem as estações do ano sabem mais em que mês estamos. O que estamos fazendo da nossa vida é uma questão difícil de destrinchar, mas é um desafio que a cada dia precisamos, aos poucos, construir esse quebra-cabeça. No dia em que ele estiver pronto o sentido de nossa vida estará claro e o que faremos com ela é fruto dos desafios que enfrentamos a cada dia.

Deixar de decifrar esse jogo é o mesmo que desistir de viver ou de entender o que estamos fazendo de nossas vidas.




Por Dione Afonso  |  PUC Minas

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