24 Jun
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Conflitos e diferenças intergeracionais sempre foram pautas de pesquisa entre a população da Geração Z (menos de 25 anos) e os Millenials (mais de 25 anos). Os gostos do público mais jovem sempre descolado e nunca preso a uma ideologia ou molde institucional sempre foram vistos como abomináveis e desrespeitosos pelos mais “adultos”. No entanto, recentemente a popularização de um termo tornou-se viral nas Redes Sociais revelando um novo embate entre essas gerações. 

Você é cringe! 

Oi?

Eu sou o que?! 

Isso mesmo. Cringe. 

A expressão “cringe” é originalmente inglesa e o que, na língua natural, era um verbo que se assemelha ao “cafona” e vergonhoso, agora tornou-se adjetivo substantivado nas expressões brasileiras. Ter características cringe não é algo positivo. A Geração Z tomou certa liberdade em dizer que quem é cringe é cafona (inclusive, usar a expressão “cafona” já é ser cringe) ou vergonhoso. Um jovem, por exemplo, não se sentiria confortável ao lado de alguém cringe. 

Gostar de Harry Potter, curtir Sandy & Júnior, ser fã de Friends, viajar pra Disney, pagar boletos, tomar café na xícara, beber cerveja litrão, usar sapatilhas, conversar no WhatsApp com emojis, são indícios de um cringe. A Geração Z abomina com todas as forças o fato de em pleno uso dos PIX, alguém ter a coragem de imprimir um boleto e ir para uma fila de banco para quitá-lo. Essa Geração Z, conhecida também como “nativos digitais” é uma geração que nasceu dentro da internet. Eles vieram para controlar e dominar as redes e não o contrário. Usar as tecnologias e as redes digitais a nosso favor é o que eles tiram de letra, e isso não é cringe. 

Em contrapartida, nessa disputa intergeracional os Millenials assumiram uma postura curiosa. Assumiram tudo como parte de uma zueira, ou seja, uma brincadeira saudável. Eles mesmos se autointitularam memes cringes de todo esse conflito. Até o momento toda essa conversa entre gerações está surtindo efeitos saudáveis, conversas muito bem regadas de humor e brincadeiras. Ser cringe virou meme. Viralizou e tornou-se engraçado. O mercado já está até se apropriando de toda essa situação e lançando moda cringe estampando cerveja litrão, boleto, xícara de café em camisetas. 

O pano de fundo de tudo isso é mostrar que quem é cringe simboliza que “no meu tempo era melhor” e nesse tempo agora as coisas são mais superficiais. Um discurso que pode soar perigoso, pois provoca segregação e exclusão. Que toda essa brincadeira não atinja tal ponto. Que tudo isso sirva mais como uma narrativa que facilite a comunicação e crie empatias entre as diferentes gerações. E isso não é ser cringe!




Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

24 de junho de 2021.

Foto: Imagem de Rosa García por Pixabay.

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