29 Mar
29Mar

Certamente você já deve ter falado da flor de visco. Um ramo discreto que, segundo os filmes nos mostram, ramificam-se e florescem acima de uma situação romântica sobre um casal. Diz a lenda que toda vez que um visco "aparece" dessa forma, um beijo deverá ser dado se não quiser se afastar do amor ou de uma vida regada a felicidades e boa sorte.

Há, no mínimo cinco lendas que se sobressaem: um dos povos druidas, outra dos escandinavos, outra dos gregos, uma quarta dos ingleses e uma lenda nórdica contada pelos lábios de Frigga, a deusa do amor. Para os druidas (um povo pré-romano que se instalava na antiga Europa), o visco era uma planta mágica desde sua sobrevivência (é parasitária e só se instala em madeiras nobres como a macieira, o carvalho, pinheiro, oliveira) até suas propriedades curativas. Ela é a planta da fertilidade e é colocada sobre berçários servindo de amuleto de proteção para o bebê. Para os escandinavos o visco era sinal de paz. A planta era sinal de que a guerra deveria acabar e um acordo de paz deveria ser selado por um beijo debaixo da planta. Já os gregos usavam a planta com finalidade amorosa. Nunca deveria ser recusado um beijo sob a planta. Isso representaria uma vida sem esperanças de casamento. Todos eram obrigados a se beijarem se por acaso passassem debaixo de uma flor de visco. A partir do século XVIII, os ingleses começaram a usar os viscos como enfeites natalinos (Kissing Balls) eram os bulbos que a planta produzia e a cultura do beijo sob o visco na noite de natal foi transmitida de geração a geração. Um beijo sob o visco era sinal de casamento à vista. Para eles uma casa enfeitada de visco é também sinal de felicidade eterna. Por fim a lenda nórdica e a mais fantasiosa que coloca o visco como sinal de amor reinante na terra e que afasta todo o mal. Frigga é a deusa do amor do povo nórdico e mãe de Balder, o deus da primavera. Balder foi morto por uma lança feita de visco por Loki, o deus da mentira. Com a morte de Balder um inverso se instaurou na terra matando e destruindo tudo. Frigga clamou pelos deuses e estes a atendeu devolvendo a vida de Balder. Por fim, Balder amaldiçoou o visco para sempre e todo aquele que passasse debaixo da planta e não selasse aquele momento com um beijo o amor desapareceria de suas vidas para sempre. O beijo, não importando com quem você estivesse proporcionaria um amor perpétuo sobre a terra. A quebra dessa profecia lhe condenaria a uma vida sem amor. 

Não importando a Tradição e as lendas, com a modernidade a existência de um visco era motivo para que os rapazes “roubassem um beijo” daquela crush. O que antes era uma lenda, com o tempo foi tornando-se cultura e até mesmo uma brincadeira. As histórias sempre têm o talento de se encaixarem nas versões de cada década que encontra em novos seres humanos uma cultura e um pensamento diferente. Hoje, talvez, os rapazes não precisem mais de um visco par terem motivos para beijar alguém. Talvez, não só os rapazes, mas as moças de hoje sejam mulheres mais ousadas e de atitudes que não esperam roubar-lhe um beijo, mas passem também a roubar aquele beijo de alguém que já stalkeiam há dias. E, mais ainda, talvez o crush dele não seja ela, mas uma outra pessoa que esteja mais perto dele do que o mundo pudesse imaginar. 

Para encerrar esse devaneio dessa semana, queremos contar que entre uma caminhada ou outra, entre um passeio ou outro, entre um inverno e uma primavera, nós não precisamos procurar motivos ou uma desculpa para realizar e concretizar aquilo que há tempos sonhamos. Ou esperar que alguém tome uma atitude em relação a algo. Esse alguém pode ser eu, pode ser você. Pode ser aquele que estiver disposto a mudar algo. Por que não? Mas, se tiver um visco por perto ou acima de sua cabeça, não fique esperando...




Por Dione Afonso  |  PUC Minas

Foto: Viscum. Imagem de Hans Braxmeier( @Hans) por Pixabay  

11 de fevereiro de 2021. 

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