29 Mar
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Quando os Meios de Comunicação estavam se instaurando entre a sociedade, a audiência, ou seja, aqueles que ouviam ou assistiam não eram tema de discussão. Quer dizer, a audiência era tratada como inerte, embora nunca fosse, mas era vista como algo sem interferência no sucesso e permanência de um produto comunicacional no mercado. 

O importante sempre foi fazer com que a minha notícia, mais especificamente, minha voz, atingisse o mais número de pessoas. Não importava o que elas pensavam ou achavam disso. Como afirmamos, no início, quem recebia a notícia eram passíveis a ela, apenas a consumia. E, mais, consumia somente o que recebiam, ouviam. Ou seja, era o conteúdo que selecionávamos que chegava até à casa de todos.

A audiência começou a ser um termo mais amplo e preocupante. Com o passar dos anos, o público começou a influenciar os Meios de Comunicação. De passivos e inertes, começaram a se movimentar e a participar da programação. O rádio começou a receber cartas de seus ouvintes. Essas cartas começaram a alterar a programação. Os donos dos Meios de Comunicação começaram a alterar seus programas e estes começaram a receber uma roupagem mais próxima do seu ouvinte.

Com a chegada do mundo digital, esse quadro evolui ainda mais. A carta e o telefone ficaram para trás. Agora é o “ao vivo”. As transmissões ganharam destaque e as coisas passaram a acontecer em tempo real. E ainda, o público não só recebe a programação dos Meios, mas passa a produzir a sua própria programação. Em outras palavras: o ouvinte não é só ouvinte mais. Ele passa a ser produtor de conteúdo. E produz em tempo real.

Tudo pela audiência. Tudo para que o povo possa me ver e me assistir. Tudo para que meu perfil na internet conquiste cada vez mais público, cada vez mais seguidores e mais likes. A internet provoca uma mudança não só comunicacional, mas antropológica também. O jeito de viver e de se portar muda. O meu perfil está na internet e eu vivo alimentando-o a cada minuto. As atualizações são essenciais para manter o sucesso da programação diária.

Pensemos que a audiência é uma reação da conectividade. Uma atividade de conexão intensa e profunda do ser humano com o mundo. Parece amplo, mas é mais ou menos isso que a internet nos proporciona: nos conectar com o mundo. Um perfil publicado nas Redes Sociais está visível para todo o mundo, não há barreiras. O nosso público hoje não só escolhe em que estação quer estar conectado, mas pode criar sua própria estação de comunicação e começar a falar. Estar “ao vivo” é a ação do momento e que proporciona a audiência que todos buscam.

A estação de rádio de sua cidade não é mais a única conexão que seu público tem para ouvir. A audiência não é mais segura, fixa e inerte. Ela navega por várias estações disponíveis nessa cultura digital. A internet nos revelou para o mundo e nós nos abrimos a ele. Nossas selfies é o que há de mais comunicável para todos. Queremos nos mostrar também. Queremos nossa voz e nosso rosto nas lives, nas Redes e onde a internet nos permitir.

Não é uma questão de “tudo pela audiência”, mas, “tudo pra ser audíveis”. Ou seja, fazer qualquer coisa para que o mundo me ouça!




Por Dione Afonso | Jornalismo PUC Minas

Foto: Conectividade. Foto de  Gerd Altmann por Pixabay

10 de setembro de 2020. 

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