D. A.:
A questão é se desligar da humanidade?
Ou desligar a humanidade?
L.C.:
Se desligar
Seria como se anular
Se banir, se resguardar
Tudo continuaria igual
Você só estaria se prevenindo.
D.A.:
A humanidade seria a prevenção?
Ou estaria eu me prevenindo de mim mesmo por não me sentir mais humano?
Prevenido?
Ou inumano?
L.C.:
Não há como se prevenir da humanidade
Quando se é humano
Precisa sair da caixa
E não ponha a alma baixa
Estamos falando de espírito e não de carne.
D.A.:
Mas a humanidade é espírito e corpo
Alma e transtorno
Carne e desgosto
Falências e essências
Decências e consciência.
L.C.:
A carne não merece ser chamada de humana
Ela é impura
Ela é terrena
Ela é mundana
Saia da caixa
No céu não existe carne.
D.A.:
Mas eu sou terreno
Sou tormento
Sou eterno
Sou alento
Contigo me desconcentro
Perco o tino e me assento
Não me atento.
Não sou celeste
Nem tão pouco me teste
Não me leve a esse teste
Chega de tese
Porque contigo não sei o que se segue
Perco o ritmo e a ascese
Perco a calma e a alma fere
Não me atravesse!
L.C.:
Agonia, letargia
Harmonia não domina
Queria
Felicidade na vida
Certeza é o que eu não tenho.
Por Dione Afonso | PUC Minas
Por Lorena Cristina | Unifemm
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