29 Mar
29Mar

D. A.:

A questão é se desligar da humanidade? 

Ou desligar a humanidade?


L.C.:

Se desligar 

Seria como se anular 

Se banir, se resguardar


Tudo continuaria igual 

Você só estaria se prevenindo.


D.A.:

A humanidade seria a prevenção? 

Ou estaria eu me prevenindo de mim mesmo por não me sentir mais humano? 

Prevenido? 

Ou inumano?


L.C.:

Não há como se prevenir da humanidade 

Quando se é humano 

Precisa sair da caixa 

E não ponha a alma baixa 

Estamos falando de espírito e não de carne.


D.A.:

Mas a humanidade é espírito e corpo 

Alma e transtorno 

Carne e desgosto 

Falências e essências 

Decências e consciência.


L.C.:

A carne não merece ser chamada de humana 

Ela é impura 

Ela é terrena 

Ela é mundana 

Saia da caixa 

No céu não existe carne.


D.A.:

Mas eu sou terreno 

Sou tormento 

Sou eterno 

Sou alento 

Contigo me desconcentro 

Perco o tino e me assento 

Não me atento.


Não sou celeste 

Nem tão pouco me teste 

Não me leve a esse teste 

Chega de tese 

Porque contigo não sei o que se segue

Perco o ritmo e a ascese 

Perco a calma e a alma fere 

Não me atravesse!


L.C.:

Agonia, letargia  

Harmonia não domina 

Queria  

Felicidade na vida


Certeza é o que eu não tenho.




Por Dione Afonso  |  PUC Minas

Por Lorena Cristina  |  Unifemm

Foto: Imagem de Gabriel BeroPhs por Pixabay.

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