L. C.:
Coração acelerado
Sorriso disfarçado
Rosto corado
Corpo paralisado
Não sustente
Algo inexistente
Porque sabe
Que eu sou persistente
Nada negligente
Inconsequente
Vá embora
E me traga harmonia
Para que abra
A minha alegria
E me cativa.
D.A.:
Mas que garota intolerante
Menina arrogante
Pedaço de gente frustrante
Regozijo inoperante
Para de ser atrevida
Criatura ridícula
Mulher sem vida
Rua da agonia
Não haja como se o mundo fosse seu
Seu umbigo não é a órbita do céu
Desce e se esconda atrás do véu
Ninguém é obrigar a ver e se escarcéu
Vê se me deixa ou senão morra
Sua música do mundo destoa
E se furar sua canoa
Contentes e na água gelada presa avó pedaço da proa.
Não sou obrigado
Não nasci pra ser humilhado
O amor que havia deixado
Tornou se um ser desaforado
Seu conto de fadas ficou nas estrelas
Você não passa de uma gata borralheira
Seu Shrek virá com certeza
Mas negará a sua realeza.
L. C.:
Não seja inconveniente
Não haja como adolescente
Suas palavras são impertinentes
Muito incoerentes
Não te aguente nem
Seus parentes,
Se torne uma pessoa com vida
Domina a hierarquia
Seja alegria
Para de mania.
D. A.:
Mania é essa sua posição
De negar sempre uma opinião
A vida não te dá uma direção
Talvez não saiba tomar uma decisão
Adolescente com adolescente vira
Brincadeira, mocidade e baixaria
As brigas da rua, os jogos e a gritaria
Já nem fazem mais minha alegria
Sentávamos para fofocar na calçada de casa
Jogávamos queimadas até o joelho ralar
Pique-pega, bola e bexiga com água
Pulávamos corda além de paquerar
Contos de fadas não era nada pra gente
Gostávamos quando a noite vinha e a conversa ficava quente
Quando a luz do poste acendia de repente
Percebíamos que aquilo não poderia ser pra sempre
A cada dia após a escola, a amizade era festa na rua
Sorríamos e descalços inventávamos histórias cruas
Quando a tarde chegava o papo te fazia segura
Na esquina seguinte eu te beijava nua.
Crescemos e hoje não nos encontramos mais
O celular tomou o lugar da bola e dos jornais
Nos tornamos tão antissociais
E achamos que as coisas estão normais.
Por Dione Afonso | PUC Minas
Por Lorena Cristina | Unifemm
Foto: Imagem de DHEERAJ SAINI por Pixabay.