29 Mar
29Mar

L. C.: 

CÓLERA INSANA?


D. A.:

IRA DESCABIDA?


L. C.:

CÓLERA INSANA: 

A deixar me leva pelos desejos da carne 

Ouso tropeçar 

E a ira dominar 

Contudo 

Ainda sinto 

Falta do que não tenho 

Ouso também, 

Me atrevo 

A deitar-me no desprezo e no desdém 

Que ridículo, que descabido 

Absurdo 

Estaria eu surdo e mudo?


D. A.:

IRA DESCABIDA: 

Surdo daquilo que não queria ouvir? 

Mudo daquilo que não tem coragem de dizer? 

A falta sempre deixa em nós um sentimento de culpa 

Mas o mais incógnito é que não há com o que se culpar 

Só existe aquilo que não há de se explicar 

O que era pra ser feito 

A chance passou 

O ponto ficou pra trás 

O chacoalhar das emoções misturou tudo aqui dentro 

Deu náuseas em meu pensamento 

Já são meia-noite e eu só vivo o tormento 

O tormento de não ter feito o que estava pronto pra fazer


L. C.:

Preciso encher o vazio 

Antes que eu entre num delírio 

Mesmo que este seja o início para o abismo

Que suplício 

Seria como pular de um precipício 

Apenas Cristo 

Isto Para a visão um colírio 

Que aumente o brilho

E não me atormente com aquilo.


L. C.:

Quero me entorpecer 

Até o fôlego perder 

E me enlouquecer 

Vou entender 

Mesmo que eu vá me desfazer

E me perder.


D. A.:

O que é vazio nunca será preenchido 

Somos seres insaciáveis 

Sempre a nos completar com amores bandidos

Nem que seja paixões roubadas 

Sempre nos completamos com o prazer 

Mesmo que se torne águas passadas

Buscas o colírio para os olhos ou para a alma? 

Difícil encruzilhada: 

Amante de Cristo ou cúmplice do Diabo?

Se aumentar o brilho podes cegar quem te completa 

Mas se o brilho for unido a ele 

Pode ser que a vida se torne festa

Não se atormente 

Viva intensamente!


L. C.:

Amanhã continuamos...


D. A.:

Ou damos um novo recomeço!




Por Dione Afonso  |  PUC Minas

Por Lorena Cristina  |  Unifemm

Foto: Imagem de mostafa meraji / (@mostafa_meraji) por Pixabay

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