L. C.:
CÓLERA INSANA?
D. A.:
IRA DESCABIDA?
L. C.:
CÓLERA INSANA:
A deixar me leva pelos desejos da carne
Ouso tropeçar
E a ira dominar
Contudo
Ainda sinto
Falta do que não tenho
Ouso também,
Me atrevo
A deitar-me no desprezo e no desdém
Que ridículo, que descabido
Absurdo
Estaria eu surdo e mudo?
D. A.:
IRA DESCABIDA:
Surdo daquilo que não queria ouvir?
Mudo daquilo que não tem coragem de dizer?
A falta sempre deixa em nós um sentimento de culpa
Mas o mais incógnito é que não há com o que se culpar
Só existe aquilo que não há de se explicar
O que era pra ser feito
A chance passou
O ponto ficou pra trás
O chacoalhar das emoções misturou tudo aqui dentro
Deu náuseas em meu pensamento
Já são meia-noite e eu só vivo o tormento
O tormento de não ter feito o que estava pronto pra fazer
L. C.:
Preciso encher o vazio
Antes que eu entre num delírio
Mesmo que este seja o início para o abismo
Que suplício
Seria como pular de um precipício
Apenas Cristo
Isto Para a visão um colírio
Que aumente o brilho
E não me atormente com aquilo.
L. C.:
Quero me entorpecer
Até o fôlego perder
E me enlouquecer
Vou entender
Mesmo que eu vá me desfazer
E me perder.
D. A.:
O que é vazio nunca será preenchido
Somos seres insaciáveis
Sempre a nos completar com amores bandidos
Nem que seja paixões roubadas
Sempre nos completamos com o prazer
Mesmo que se torne águas passadas
Buscas o colírio para os olhos ou para a alma?
Difícil encruzilhada:
Amante de Cristo ou cúmplice do Diabo?
Se aumentar o brilho podes cegar quem te completa
Mas se o brilho for unido a ele
Pode ser que a vida se torne festa
Não se atormente
Viva intensamente!
L. C.:
Amanhã continuamos...
D. A.:
Ou damos um novo recomeço!
Por Dione Afonso | PUC Minas
Por Lorena Cristina | Unifemm
Foto: Imagem de mostafa meraji / (@mostafa_meraji) por Pixabay