29 Mar
29Mar

D. A.: 

A gente se intoxica de palavras e sentimentos. 

De maldade e de momentos.  

De raiva e de revestimentos.

Esses venenos eu jamais quero deixar de ter. 

Quero me intoxicar, endoidar desse veneno. 

Sair de mim.


L. C.: 

Todos os dias ao acordar 

Transbordo veneno 

Aspiro, respiro transpiro 

Todo o veneno de uma vida insana 

Algo que jamais perderei 

Faz parte de mim 

Que me tirem o chão Só não tirem o meu veneno 

E isso não me faz venenosa 

Apenas ....tirana


D. A.: 

Nossas presas sugam as mentes daqueles que não são estruturalmente preparados 

Pra nos ler tem que ser muito fortes. 

Senão será corroído pelo veneno de nossos sentimentos 

Pra entender terá que morrer e nascer de novo. 

E nunca entenderá 

Será como poeira no deserto 

Como Aladdin em busca da lâmpada mágica 

Só entra quem tem coração


L. C.: 

Na verdade 

Quem nos ler

Antes de ser devorados 

Mergulhará numa profunda dúvida 

Pois somos incompreensíveis 

Nem nós mesmos nos entendemos 

Ainda bem 

Não quero me entender 

E se alguém se atrever a me descobrir 

Eu fujo de mim 

Gosto de ser presa 

De ser resgatada 

Estudada 

Ouvida 

Jamais entendida


D. A.:

Somos a raça fogo fúria e paixão 

Somos o Apocalipse 

Do mundo a solução 

Somos os renomados 

Os consagrados 

A raça pura Indecifrável 

Somos os deuses do Olimpo 

Terra água fogo e a 

Tempestade furacão 

O recomeço


L. C.:

Somos a lua 

Somos as estrelas 

A destruição 

A ressurreição 

Algo jamais visto no século 

Quem nos consome é o tempo 

O que promete 

É só a vitória 

A tempestade não é a chuva nervosa 

Mas o rugir dos corações...


D. A.:

Sou Meireles, Drummond, Pessoa 

Sou Shakespeare, Grimm e Rowling 

Sou mistura e homogeneidade 

Sou loucura e intimidade 

Sou tímido e pervertido 

Decidido e indeciso 

Cristão e pagão 

Cachaça e água com sabão.


L. C.:

A sua timidez está escorrida na sua cara 

Quem acreditava 

Que com o tempo sua preguiça acabava 

A mistura que você diz na verdade é apenas você

E o que você faz alusão 

É apenas sua emoção abundante 

Despida, introvertida 

Recebida.


D. A.:

Que atrevida 

Sua bandida 

Sua intimidade intimida 

Vagabunda destemida.


L. C.:

Não tenho papas na língua 

Quem me conhece 

Se reconhece 

Se entorpece 

Se estremece.


D. A.:

És entorpecente 

Sou cobaia consciente 

Faça os experimentos que desejar 

Só não deixe de me usar 

Me faça útil pra sua ciência 

Não se prenda ao coerente 

Só faça ser atraente 

Diferente 

Permanente.


L. C.:

Você pede 

Mais uma dose

Uma gota 

De tudo isso que sou 

Que o tornou 

Que se formou
Mesmo incoerente 

Se faz exigente 

Talvez não permanente 

Mas enquanto sobrevivente.


D. A.:

Dentro do vulcão sinto frio 

Dentro da cachoeira estou seco 

Bebo e tenho sede 

Me alimento e tenho fome 

Sim 

Sou sobrevivente nesta terra 

Onde tudo se manifesta 

Onde a gente faz nossa deste escreve a seresta.


L. C.:

AMOR E AMIGO: 

Tenho um amor 

Que na verdade é uma paixão 

Nem sempre me escuta 

Nem sempre é entende que doente

Mas para isso eu tenho um amigo 

Que querido 

No meu coração se torna inquilino.


D. A.: 

Amor de aluguel 

Amigo de motel 

Amante de bordel 

Paixão amiga 

Amor bandido 

Eu lhe amo minha parceira 

Que mesmo quando o dia nada produz 

Você foi o fruto derradeiro.



Por Dione Afonso  |  PUC Minas

Por Lorena Cristina  |  Unifemm

Foto: Imagem de Susanne Jutzeler, suju-foto por Pixabay

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.