L. C.:
Não seja a sombra da luz alheia
Não se esconda do campo de visão dos outros
Mostre a sua cara
O seu potencial precisa ser exposto
Não finja
Não se corroa
Não vire
Me devora
D. A.:
Será que eu vou ter tempo de ser forte?
Será que eu vou ter estrutura pra te entender?
Mental?
Psicológica?
Física?
Social?
Econômica?
Me sinto em meio aos escombros
Como um prédio desmoronado.
L. C.:
Se não tiver tempo
Faça tempo
Porque na verdade já era tempo
A vida está cansada de te dar uma segunda chance
Agora é a sua vez de ter garra
A vítima não é mais você
Os problemas seus,
Não são problemas
Se não aprender andar
Não haverá quem te ajude na vida tardia ...
D. A.:
Não sou homem de segunda chance
Não sou homem de novas oportunidades
Sou orgulhoso demais pra uma segunda vez
Sou pretencioso demais pra querer de novo
Sou ridículo demais pra dizer eu te amo
Não sou homem de segundas intenções
Não sou homem de duas opções
Não sou homem de segunda transa
Não sou homem de voltar
Mas só de ir
E não olhar para trás.
L. C.:
Você é irreversível
Um caso perdido
Não há como te defender
Tudo o que você se preocupa é só com você e seu ego ridículo
Isso é o pior de seus defeitos
E desqualifica todas as suas qualidades
Nem mesmo para tomar um vinho e pensar na vida perdida
Mas se você não se adapta a vida
A vida não se adapta a você.
LAMENTO
D. A.:
Seu lamento é ironia pra mim
Engula ele é vou torcer pra se envenenar nessa sua obsessão em ser boa pra humanidade
Sou caso perdido
Nasci de Lúcifer e não de um amor correspondido
Sou o que construí pra mim
Um vilão obsessivo
Um ser sem nome
O centro das atenções
Não lamente
Entregue-se a mim.
L. C.:
É por essas e outras
Que é isso que você é
Uma massa, um amontoado de poeira
Só ocupa espaço no meio em que está
O seu amargor o fere a alma
E não me contamina
Apenas a você mesmo
E nem mesmo a experiência da vida poderia ensiná-lo a amar de novo
Excêntrico, egoísta e oblíquo.
D. A.:
Isso mexe com você?
Te deixo comovida?
Será que bagunço seus sentimentos
E desconcerto sua vida?
L. C.:
Possivelmente
Se existe/existia alguma possibilidade ela se esvai
Eu não poderia me deixar levar
Mas a minha pior virtude/defeito é sempre, sempre me deixar levar pelos desejos carnais.
D. A.:
Ser obsessivo
Isso nos deixa atraentes
Impulsivos
É um perigo
Mas é sedutor
A vida não teria graça
Se a gente não se entregasse à paixão bandida.
L. C.:
Ser impulsivo
É um perigo
Incorrigível
Arde doído
Mesmo num arco colorido
Controlar é preciso
Viver intensivo
Amar sem ser ferido.
D. A.:
Controlar?
O que é isso?
Vocábulo inexistente em meu dicionário
Gosto do desenfreado
Da ponte quebrada no meio do caminho
Das curvas sinuosas e acentuadas
Perigo?
Meu elixir.
L. C.:
Tudo o que é impulsivo
É abusivo
Intuitivo
Dolorido
Sofrido
D. A.:
Não me prenda
E se permita
Não pense no sofrimento
Mas na sensação do prazer
Carpe Diem
E viva!
L. C.:
Sofrimento não é brincadeira
Então não banalize
Eu me permito
Mas há propriedades nesta vida que não dependem de mim...
L. C.:
Não me evite
Me instigue
Me excite
Crie um universo na sua mente
Seremos um
Seremos não só corpos
Mas alma
Vamos nos unir
Vamos sumir
Nos fundir
Vamos ser......cúmplices
D. A.:
Cúmplices do roubo
Cúmplices dessa paixão ardente
Juntos, eternos e imortais
Vestidos para morrer
Não a morte natural
Mas morrer de ódio e paixão
Não de amor por ser tão banal
Gosto da perdição
Vamos
Desapareceremos na imensidão.
L. C.:
A carapuça serviu
Um pingo foi letra
Mas ainda não quero ver
se há um pingo de esperança/ilusão
Eu quero ter
Mesmo que no final eu vá morrer...
Por Dione Afonso | PUC Minas
Por Lorena Cristina | Unifemm
Foto: Imagem de Tentes por Pixabay.