29 Mar
29Mar

L. C.:

Não seja a sombra da luz alheia 

Não se esconda do campo de visão dos outros 

Mostre a sua cara 

O seu potencial precisa ser exposto 

Não finja 

Não se corroa 

Não vire 

Me devora


D. A.:

Será que eu vou ter tempo de ser forte? 

Será que eu vou ter estrutura pra te entender? 

Mental? 

Psicológica? 

Física? 

Social? 

Econômica? 

Me sinto em meio aos escombros 

Como um prédio desmoronado.


L. C.:

Se não tiver tempo 

Faça tempo 

Porque na verdade já era tempo

A vida está cansada de te dar uma segunda chance 

Agora é a sua vez de ter garra 

A vítima não é mais você 

Os problemas seus, 

Não são problemas 

Se não aprender andar 

Não haverá quem te ajude na vida tardia ...


D. A.:

Não sou homem de segunda chance 

Não sou homem de novas oportunidades 

Sou orgulhoso demais pra uma segunda vez 

Sou pretencioso demais pra querer de novo 

Sou ridículo demais pra dizer eu te amo 

Não sou homem de segundas intenções 

Não sou homem de duas opções

Não sou homem de segunda transa 

Não sou homem de voltar 

Mas só de ir 

E não olhar para trás.


L. C.:

Você é irreversível 

Um caso perdido 

Não há como te defender 

Tudo o que você se preocupa é só com você e seu ego ridículo 

Isso é o pior de seus defeitos 

E desqualifica todas as suas qualidades 

Nem mesmo para tomar um vinho e pensar na vida perdida

Mas se você não se adapta a vida 

A vida não se adapta a você.



LAMENTO


D. A.:

Seu lamento é ironia pra mim 

Engula ele é vou torcer pra se envenenar nessa sua obsessão em ser boa pra humanidade 

Sou caso perdido 

Nasci de Lúcifer e não de um amor correspondido 

Sou o que construí pra mim 

Um vilão obsessivo 

Um ser sem nome 

O centro das atenções 

Não lamente 

Entregue-se a mim.


L. C.:

É por essas e outras 

Que é isso que você é 

Uma massa, um amontoado de poeira 

Só ocupa espaço no meio em que está 

O seu amargor o fere a alma 

E não me contamina 

Apenas a você mesmo

E nem mesmo a experiência da vida poderia ensiná-lo a amar de novo 

Excêntrico, egoísta e oblíquo.


D. A.:

Isso mexe com você? 

Te deixo comovida?

Será que bagunço seus sentimentos 

E desconcerto sua vida?


L. C.:

Possivelmente 

Se existe/existia alguma possibilidade ela se esvai 

Eu não poderia me deixar levar 

Mas a minha pior virtude/defeito é sempre, sempre me deixar levar pelos desejos carnais.


D. A.:

Ser obsessivo 

Isso nos deixa atraentes 

Impulsivos 

É um perigo 

Mas é sedutor 

A vida não teria graça 

Se a gente não se entregasse à paixão bandida.


L. C.:

Ser impulsivo 

É um perigo 

Incorrigível 

Arde doído 

Mesmo num arco colorido 

Controlar é preciso 

Viver intensivo 

Amar sem ser ferido.


D. A.:

Controlar? 

O que é isso? 

Vocábulo inexistente em meu dicionário

Gosto do desenfreado 

Da ponte quebrada no meio do caminho 

Das curvas sinuosas e acentuadas 

Perigo? 

Meu elixir.


L. C.:

Tudo o que é impulsivo 

É abusivo 

Intuitivo 

Dolorido 

Sofrido


D. A.:

Não me prenda 

E se permita 

Não pense no sofrimento 

Mas na sensação do prazer 

Carpe Diem 

E viva!


L. C.:

Sofrimento não é brincadeira 

Então não banalize 

Eu me permito 

Mas há propriedades nesta vida que não dependem de mim...


L. C.:

Não me evite 

Me instigue 

Me excite 

Crie um universo na sua mente 

Seremos um 

Seremos não só corpos 

Mas alma 

Vamos nos unir 

Vamos sumir 

Nos fundir 

Vamos ser......cúmplices


D. A.:

Cúmplices do roubo 

Cúmplices dessa paixão ardente 

Juntos, eternos e imortais 

Vestidos para morrer 

Não a morte natural 

Mas morrer de ódio e paixão 

Não de amor por ser tão banal 

Gosto da perdição 

Vamos 

Desapareceremos na imensidão.


L. C.:

A carapuça serviu 

Um pingo foi letra 

Mas ainda não quero ver
se há um pingo de esperança/ilusão 

Eu quero ter 

Mesmo que no final eu vá morrer...



Por Dione Afonso  |  PUC Minas

Por Lorena Cristina  |  Unifemm

Foto: Imagem de Tentes por Pixabay.

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