L. C.:
Eu vou fazer textinho mais tarde
D. A.:
Daqui a pouco escrevo também
D. A.:
RESSURREIÇÃO
Faço tudo errado quando estou feliz
Sofrimento é o nome de minha alma
O que corre em minhas veias é a dor
Será que é possível desligar a humanidade?
É possível salvar a integridade?
Ou trata-se de matar a sua lealdade?
Decidiu leiloar sua maturidade?
Ou vai se afogar em sua ingenuidade?
Vivo na incógnita da felicidade
Nunca me seduziu tanto a tempestade
A escuridão é minha casa
Se a minha felicidade te mata
Minha ausência vai te definhar
Você vai sucumbir
Vai viver um sacrifício que jamais quis
A lua cheia vai queimar tua pele
Se das cinzas você ressurgir
Não será mais o mesmo
Vai renascer para a liberdade?
Ou, mais uma vez vai assumir o papel de trouxa e se desvairar nessa tal felicidade?
Ela te matou uma vez
Vai te esquartejar na próxima
Dessa vez, sem ressurreição
L. C.:
Preciso de algo que alimente a minha alma
D. A.:
Acho que eu não sou referência em alimentar a alma
L. C.:
Eu não te perguntei!
L. C.:
Talvez o homem não possa ser salvo
Talvez sua salvação seja si mesmo
É possível que ainda haja luz
Há quem duvide
Mas eu já estava perdido desde antes da perdição existir
Minha luta foi chegar até aqui
E a minha vitória foi me transformar em zigoto
Querendo ou não
talvez a felicidade esteja em acordar todos os dias e faço o que sempre faço.Sem ser insano, o pecado pode se apossar
Mas isso é uma característica e não uma maldição.
D. A.:
Uma resposta que não me convence
Minha felicidade depende da sua maldição
Você não se contenta com o simples
Com o lógicoSempre quer algo mais
Se mata por algo mais
E o que eu quero
A única coisa que quero é não querer nada
Porque tudo o que quero
Deslancha uma avalanche de consequências
Característica ou maldição
Pouco me importa
A felicidade é imensidão
Não algo que bate à nossa porta.
L. C.:
Eu li a primeira frase e tive medo
L. C.:
Incabível é estar satisfeito
Isso é incoerente, inexistente
O homem foi feito pra lutar até a sua morte por seus desejos carnais e talvez
isso o faça tão pecador
Se me julgas?
Estás julgando bilhões de homens iguais a mim...
Eu não sou de ninguém
Eu não pertenço a ninguém
Mas quero, quero muito
Quero tudo aquilo que aguce o meu ego e me dê sede, sede de viver...
D. A.:
Satisfaço-me com a incoerência
Lutar até a morte ou morrer pela guerra?
E porque tem que haver uma guerra?
Bilhões de homens?
Nada que uma Hiroshima não cale a boca
Não sufoque a mente
Não zere a humanidade
E se refaça novamente
Quer alimentar o seu ego?
Desligue
Desligue daquilo que é
E torne-se tudo aquilo que jamais desejou ser
Todo mundo é de alguém
Nem que seja da própria mente.
L. C.:
Não me refiro a guerra entre os homens
Mas guerra comigo mesmo
Entre o bem o mal
Aqui estou eu
Talvez uma lança me atinja, mas será ela do bem?
Ou do mal?
A minha mente me engana, é insana
Me domina me fascina
Estou no meu melhor tempo
De tanto lutar contra a submissão eis aqui, um homem sem padrões,que não espera nada de ninguém e se contenta como é
D. A.:
Estou enfrentando uma briga de poesias a essa hora do dia. Dá pra ser?
L. C.:
Óbvio que dá!Batalhas que passamos todos os dias.
D. A.:
O bem e o mal
Nunca vi algo tão banal
Que diferença faz?
Se não se volta atrás
De um lado ou de outro
É uma guerra
Uma luta
Uma disputa
Há a derrota e os que venceram
Os libertados e os presos
Cuidado com a enganação
Você pode prender quem te mostrou a direção
Ludibriada pela paixão
Seduzida pela escravidão
Estonteada pelo sussurro
Enganada por se entregar num quarto escuro
Se esse é o melhor de si
Talvez acabamos por aqui
Os padrões nunca ditaram as regras
Descontentamentos que ninguém espera
L. C.:
A disputa é feita até nas simples coisas
Expira ou inspira?
Há quem contradiga
Mas tudo se tornou tão "igual"isso sim é banal
Líquido irreversível
O homem contemporâneo virou um suposto "átomo maciço"
Pra que?
Apenas para preencher o espaço que nem está vazio
Enquanto uns se deleitam a melodia do silêncio
Outros já se perturbam e preferem a intrusão
Aqui não está mais como antes, mas o que seria como antes?
sendo que o passado é apenas uma miragem?
D. A.:
Esta miragem a fez se tornar quem é hoje
Satisfeita?
Claro que não
Nunca estaremos
Porque ainda vamos lutar
Não importa saber o que está em jogo
Queremos lutar
Sim!
Inspira
INSPIRA
Porque dentro de mim tem algo que não conheço
Isso sim é passado
O que tá fora não é problema meu
Nem fui eu quem construí
Contradição esse silêncio ensurdecedor
Esse preencher o que já está cheio
Talvez você precise de uma chave
Talvez a guerra é por conquistar essa chave
Ela é a resposta de tudo
Do feito e do mal feito
Do não feito e do desfeito
Essa é a sua guerra
A minha
A nossa
É interior
INSPIRA
L. C.:
Apesar do nosso egoísmo diário de pensar: “como o mundo pode me servir hoje?
”Vivemos uma eterna batalha
E nem dormindo existe descanso
Parar, seria um passo para a covardia
O passado é apenas uma miragem sim,uma ilusão do que supostamente vivi num rascunho jogado fora
Satisfeita nunca?
Não de modo material
Mas de uma energia abundante que habita no meu peito
Ser, viver, conhecer
Personalidade forte
Se calar? Se conformar?
Não, antes a morte ou a solidão, do que a conformação e submissão
Não preciso gritar isso para o mundo, porque isso é algo que carrego comigo e é a ÚNICA coisa em que sou satisfeita.
D. A.:
Satisfaço-me com sua covardia
Presa num passado que nem sabe se existiu
Talvez se te prender numa guilhotina
Você descanse de tudo o que ingeriu
Talvez a ilusão te envenenou
Jogar o rascunho fora e desprezar o que conquistou
Nem que tenha conquistado somente o ódio
Sua ambição te fortificou
Matéria
Espírito
Alma
Corpo
Objeto
Sujeito
Transcendência
Não é preciso submissão
Só abra a porta
Não vai encontrar o que procura
Mas o abismo é a solução
L. C.:
Mesmo desprendendo do passado, este não se afastou de mim, por que as marcas deixadas em vestígios sobre a minha pele, impossível não levar a história adiante
Colabore, por favor, não perturbe
Aceite a minha mudança
Quero ser diferente
A vida me intriga
Sinto-me como águia, mas me comporto como uma galinha
Presa e limitada
Necessito o horizonte, ou então vou me colidir nas paredes do abismo e sufocar com a solidão
Não seja insensato
Você sabe que minha família é tudo o que tenho
E contra essa doutrina tardia estou lutando, para caminhar com as próprias pernas
Não seja insensato
D. A.:
A insensatez não é insatisfação
Insensatez é deixar morrer o que veio pra viver
Quero que você viva
Não como águia ou galinha
Mas como fênix ressurgida das cinzas
Não lute contra a dor
Ela estará a seu favor
Família, amigos, amor
Todos no horizonte que conquistou
Aqueles que só te amparou
Mesmo na contradição, junto a ti, lutou
Você vai sim, caminhar
Com as próprias pernas
Com a própria felicidade
Porque você foi atrás
E lutou
L. C.:
Que eu possa então me levantar de novo
E se eu cair de novo vou levantar de novo
As pernas doem
Mas os músculos os fortalecem
Os valores estão arraigados
E ainda sim
Eu os levarei, pois os mesmos não estão apenas na minha pessoa
Mas vivos em mim, por eles o meu coração bate
E contudo eu vou seguir
D. A.:
É um pacto
Uma aliança
Uma promessa
O dilúvio é necessário
Mas a relva verde ressurge
As dores não serão mais lembradas
Quando seus passos se acostumarem com a estrada
L. C.:
As dores são como café frio
A relva é o rugir da agonia
A passos lentos eu vou chegando ...
D. A.:
Muito obrigado por esta manhã produtiva
Clareou o meu dia
Mas preciso trabalhar
O estômago não sobrevive de poesias.
L. C.:
Eu que agradeço
Precisando...
Estamos aí na atividade
Quanto as poesias
Vou vende-las na praia.
Por Dione Afonso | PUC Minas
Por Lorena Cristina | Unifemm
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