Ser substantivo a limita, porque determina, diz o que é, mas não justifica.
Ser substantivo confere identidade; mas não garante igualdade e alteridade
Ser substantivo é chama-la de MULHER; mas não a tratamos como humana.
MULHER, de substantivo se torna verbo.
Mais que mulher:
te chamam de guerreira, mas ninguém luta contigo suas guerras;
te chamam de forte, mas ninguém carrega contigo suas dores;
te chamam de especial, mas ninguém garante seu lugar na sociedade;
te chamam de poderosa, mas ninguém a coloca na mesma altura;
te chamam de delicada, mas continuam a chamando de sexo frágil;
te chamam de mulher; mas a criticam por ser assim
te chamam de mulher; e acham que deve ser escrava por isso
te chamam de empoderada, mas continuam tirando sua vida te chamam de mulher, mas ninguém reconhece o valor desse gesto.
Sim! És mulher! E isso é mais que verbo.
É feminino, é humano, é humana.
MULHER é adjetivo.
Ser mulher é ser reconhecido e reconhecida pelo valor de ser gente. De ser humano.
Ser mulher é mais que ser feminino, mas é também ser homem, porque é ser igual Ser igual no trabalho, no jeito de viver, estudar, conviver, conversar.
Ser mulher, é participar numa roda de conversa, poder falar, comentar, discordar
Ser mulher, é ter opinião, participação, reconhecimento e nunca submissão.
Ser submisso não é ser mulher. Ser submisso é ser desumano.
De substantivo a verbo; de verbo a adjetivo, que cada homem e mulher hoje se tornem seres humanos capazes de reconhecer sua humanidade. No Dia Internacional da Mulher de 2022 a palavra de regra é EMPATIA. Ser com o outro o que o outro, de fato, é.
Se ela é empoderada: empodere-se com ela;
Se ela é guerreira: lute com ela;
Se ela é heroína: salve o mundo com ela;
Se ela é lutadora: dê fim a essa luta que não tem mais razão pra existir.
As vezes a mulher não precisa ser empoderada, guerreira, lutadora, heroína. Ela precisa parar de lutar. Chega de lutar por seu lugar. O que ela precisa é que a comunidade não dê mais pra ela, os mesmos motivos para a guerra, para a luta. Mas que passamos a lutar do lado dela. Empatia... que o meu lugar e o dela sejam os mesmos lugares.
Parabéns homem e mulher. Parabéns humanidade. Parabéns MULHER...
Por Dione Afonso | PUC Minas