Ainda me lembro dos tempos de criança,
são muitas lembranças,
são belos momentos.
Minha infância no meio da família,
é grande a alegria,
que me vem em pensamento.
Para chegar em casa era difícil,
a estrada lá no sítio,
era estrada boiadeira.
Nosso transporte era apenas o cavalo,
que ficava lá no pasto,
logo depois da porteira.
Meu coração dói demais aqui no peito,
Voltar no tempo, eu sei que não tem jeito.
Pego o terço e chamo a "véia" pra rezar,
São eles que me fazem companhia à muito tempo.
Eu não sei o que mamãe fazia,
mas a nossa comida era simples e tão boa.
Não havia nada industrializado,
o açúcar era melado,
e o lanche era "broa".
Os mantimentos eram colhidos ali mesmo,
nossa carne era torresmo,
ou franguinho caipira.
À noite papai ligava o rádio,
que vivia dando "estalo",
era a maior alegria.
Em cada conta deste terço que eu rezo,
Imploro a Deus e só uma coisa a ele eu peço:
Que nos dê muita saúde e muita paz,
O resto a gente corre atrás,
Em cada dia um recomeço.
Tenho saudades das nossas brincadeiras,
"nóis" levantava poeira,
pulando corda e amarelinha.
Pique-esconde era o maior "barato",
se chovia, dava barro
e mesmo assim a gente ia.
Hoje vejo e dou maior valor,
a vida me formou,
escola igual, sei que não há.
Hoje o mundo tem tanta facilidade,
Mas esta sociedade não sabe aproveitar.
E vou rezando uns Pai Nosso e Ave Maria,
Olho pra sala, há muito tempo está vazia,
Todo mundo vive numa correria,
Não tem tempo pra família,
Esta é minha agonia.
Me lembro bem, quanto tempo "nóis" ficava,
sentados na escada,
no "arpende" a conversar.
Ai que saudade do papai e do vovô,
quantos "causos" nos contou
e "nóis quietim" pra escutar.
Mas hoje em dia ficou tudo diferente,
ninguém conversa com a gente,
tem um tal de celular...
Todo mundo quer ficar conectado,
Se esquecem do diálogo,
do carinho com seus pais.
Eu só queria mais abraços,
mais carinhos,
Mais cuidado,
só queria um ombro amigo.
E terminando esta minha oração,
De Deus peço a proteção
e faço outro pedido:
"Senhor, guardai os meus entes queridos,
Os meus amigos e também os meus vizinhos,
Que nenhum deles se percam no caminho,
Pois sei que o destino,
Traz muitos desafios..."
Por Mínison Domingos | Conselheiro Pena-MG.
22 de julho de 2023
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