30 Mar
30Mar

Sou preto.

Sou negro.

Pele escura.

Pobre.

Igual a tantos pretos, negros, pele escura e pobres.

Neste país somos a maioria da população. 

Tantos pretos pobres.

Tantos pobres pretos.

Tantos pobres de pele escura, seja, pela raça ou pelo sol quente que arde e escurece a pele deste povo que tanto padece.

Pretos, presos nas cadeias em amontoados de gente.

Pretos presos na senzala da pobreza, amarrados pelas correntes do sistema.

Temos irmãos brancos que são pretos.

Brancos pretos de tão pobres.

Preto se tornou a cor da pobreza no país. 

País racista por natureza.

Racismo que persiste a nos perseguir.

Se duvidas que ainda exista racismo, pergunte a um preto pobre, ou a um branco preto de tão pobre. 

Não pergunte a alguém que o sistema beneficia há séculos.

Não pergunte a pessoas que em seus gabinetes fazem leis ou executam a lei sem conhecer a dura realidade vivida pelo povo negro, pelo povo pobre.


Se existe misoginia?

Pergunte a uma mulher,  de preferência  que viva na periferia. 

Não pergunte a uma madame que tem tudo nas mãos na hora que quer.


Se tem homofobia?  

Pergunte a um ser humano que vive sua homossexualidade nesse sociedade. 

Não pergunte  a um hetero que se faz de machão com discurso que agrada grande parcela da sociedade racista, misógina, homofóbica.

Vivemos tempos difíceis onde nos julgam apenas pela aparência,  pela cor da pele, pela roupa, pelo que se veste, pelo que se tem no bolso ou no banco, pela opção sexual.

Nos julgam.

Nos condenam.

Nos excluem.

Fazem tudo da mesma forma que faziam há  séculos, de maneiras diferentes, mas, não menos cruel.

Todos tem sangue negro.

Os que não tem sangue negro nas veias, têm nas mãos,  ou no dinheiro surrupiado por eles mesmos ou pelos seus antepassados.

A luta persiste e há quem acha que está tudo bem, tudo normal.




Por Mínison Domingos  |  Conselheiro Pena-MG. 

30 de março de 2023  

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Foto: Imagem de EncredeKin via Pixabay. 

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