"Coelhinho da páscoa que trazes pra mim?
Um ovo, dois ovos, três ovos assim
Um ovo, dois ovos, três ovos assim
Coelhinho da páscoa que cor eles têm?
Azul, amarelo, vermelho também
Azul, amarelo, vermelho também".
Quem nunca cantou ou ouviu esta canção infantil?
Quem nunca fez o jejum da sexta-feira Santa?
Quem nunca comeu apenas carne de peixe nesses dias e no domingo de Páscoa se deliciou com um cardápio mais caprichado?
Me lembro dos tempos de criança em que esperava ganhar um ovo de Páscoa,
Restaram algumas mágoas,
Minha família humilde nunca pode comprar os caros chocolates.
Quando puderam comprar já era adolescente e o encanto pelo coelhinho da Páscoa e os ovos de chocolate já haviam diminuído.
Quantas crianças tem a mesma história,
Serão frustrações guardadas na memória.
Alguém que fez muitos almoços da Páscoa apenas com o necessário,
Nada de muitas variedades no cardápio.
Em um país que voltou ao mapa mundial da fome e tem tantos brasileiros passando dificuldade, será uma maldade falar em chocolate a essa gente que não têm dinheiro pra comprar o arroz, o feijão, o óleo, o gás, o leite...
Talvez não terão nem o açúcar pra adoçar um suco ou fazer um café, quem dirá pra adoçar o paladar com chocolate...
É triste.
Teríamos que ter campanhas como nas épocas do Natal...
Que tal?
Uma doação aqueles que passam necessidade.
Uma campanha.
A Páscoa sem fome?
Não essa Páscoa do coelhinho, do ovo de Páscoa.
Mas a Páscoa do alimento diário.
A Páscoa da dignidade humana.
A Páscoa da consciência.
A Páscoa das políticas públicas...
Enfim...
Que nossa Páscoa seja uma passagem para uma nova vida com novas atitudes e pensamentos.
Por Mínison Domingos | Matipó-MG
04 de abril de 2021
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