A chuva cai.
As goteiras são a vista mais comum da minha janela.
A névoa cobre a serra, sinal de mais chuva.
O pasto está verdinho.
Os pássaros já estão todos em seus ninhos.
É um tempo de fartura.
O rio está cheio.
Por vezes o rio transborda e traz transtorno à quem mora à sua "borda", afinal ali é o seu quintal e nesta época ele resolve visitar aquele lugar que era seu mais invadiram.
Uns por ganância, outros porque não tinham outro lugar mais barato que aquela beira rio e ali construíram seus ninhos como os passarinhos constroem os seus, mas pássaros são inteligentes e constroem seus ninhos nas copas das árvores lá no alto, mesmo que pra morar uns meses apenas.
Nós seres humanos construímos em locais de risco nossas moradias que vão durar anos e até décadas até o rio visitar o seu quintal.
Na ribanceira o barranco despencou levando consigo alguns barracos que estavam dependurados no barranco.
E a culpa fica mas águas de novembro, mês em que ganham forças as frentes frias e chove muito.
Mas é bom essa chuva, pois no campo as plantações agradecem, e haverá boa colheita se os meses seguintes seguirem o ritmo de novembro.
E eu aqui neste quarto olhando da janela a chuvinha fina que cai a mais de dezesseis horas seguidas, fico à espera de um café quente.
Pena que muita gente não tem este café para tomar e nem um abrigo para estar.
São tempos difíceis no meu Brasil onde o desemprego, a fome e o abandono ficaram mais visíveis que nunca.
Cai sereno cai, talvez consiga aumentar os reservatórios de esperança em um país mais justo, talvez aumente as reservas de energias pra nossa luta por justiça social, pra que todos possam contemplar este sereno abrigados e com um café quente e um coração ardente a esperançar um Brasil melhor pra todos.
Cai sereno cai,
Boas vindas a você querida chuva de novembro.
Por Mínison Domingos | Matipó-MG
21 de novembro de 2021
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Foto: Imagem de Victoria Borodinova via Pixabay.
