04 May
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O conflito entre Rússia e Ucrânia, que se estende desde o mês de fevereiro de 2022, coleciona cenas de morte, violência, horror e muitos desolados de suas próprias casas. Uma guerra marcada pelos flashes, cliques e imagens de puro ódio e horror nas Redes Sociais. Especialistas dizem que esta é a primeira guerra a ser compartilhada e acompanhada ao vivo pelas tecnologias digitais. O fato de, cada um, ter em mãos e usar seu aparelho celular e simplesmente filmar e postar, revela um novo olhar e atitude comportamental.

Basta um clique, um touch na tela e a imagem está ali, formada e pronta para render views, curtidas e compartilhamentos. Clique e boom! O slogan que movimenta os tiktokers, influencers digitais e tantos outros que, atrás das lentes de suas câmeras e, do outro lado das suas telas, filmam a vida alheia e sem filtros divulga a dor do outro sem ressentimento ou por puro prazer do sofrimento.

Clique e boom! Um clique e um post. Clique e boom! Um clique e uma bomba é lançada a quilômetros de distância destruindo casas e ceifando vidas. Clique e boom! Um post e centenas de visualizações que interferem diretamente em outras vidas. Clique e boom! A maneira mais rápida de transmitir uma informação, mas a forma mais seca e esdrúxula de comunicar um fato de repercussão mundial e significado humano e social. A fotografia, a filmagem, os vídeos de WhatsApp e os reels de Instagram e outros formatos audiovisuais presentes nas Redes Sociais não podem suscitar e alimentar uma terceira guerra por trás das lentes e telas pixelizadas. Que nosso comportamento diante da dor do outro seja de empatia e alteridade. Seu poder de filmar, fotografar ou abrir um story possa se tornar um ato de ação social, solidariedade humana e de comportamento ético diante do que está disposto a mostrar nos celulares do mundo todo.



Por Dione Afonso  |  PUC Minas

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