17 Aug
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Taika Waititi conquista Hollywood com seu estilo cômico nos cinemas

Taika David Waititi, 44, nasceu na Nova Zelândia em agosto de 1975. Cineasta, diretor, roteirista e ator, Waititi ainda surpreende com seus cabedais com pintura e comédia. O neozelandês começa a se destacar na indústria do entretenimento cinematográfico. Com efeito, Waititi conquista o cinema hollywoodiano e “inaugura” uma nova etapa nessa história.

Em contrapartida, nomes como Steven Spielberg, Quentin Tarantino e Martin Scorcese ainda são renomados na indústria. No entanto, Waititi apresenta um estilo arrojado com um diferencial: arrancar risos de situações cômicas, mas, com um pano de fundo de cunho social muito emergente na sociedade atual.


A trajetória de Waititi

Embora ainda criança, na escola, Taika se destacou com sua paixão pelas artes cênicas. Foi vencedor de uma premiação local que julgava os melhores trabalhos desenvolvidos através de orçamentos de baixo custo. Nesse início, Taika começou a se dedicar em produzir suas próprias histórias dirigindo curtas-metragens de caráter cômico.

A saber, Taika começou a ganhar nome por elevar a comédia a um novo patamar. Não havia um que não gargalhava diante das peripécias de Waititi. No entanto, era inevitável assistir seu trabalho como comediante sem que isso despertasse no público uma metanóia. Uma nova forma de ver a realidade social.


Como o cinema acolhe o estilo waititiano-hollywoodiano

Decerto, Hollywood é mais que um nome. É mais que uma marca. Hollywood é um estilo, um jeito, uma norma. O cinema hollywoodiano tornou-se referência e ponto de partida para se produzir e filmar uma boa história.

Entretanto, por décadas, esse estilo não havia recebido uma repaginada. Claro, tecnologicamente, sim. Mas, estilisticamente, não. As aventuras de Mel Gibson, Spielberg como o seu renomado Indiana Jones eram impecáveis. E são até hoje. No entanto, Taika Waititi apresenta uma nova página a esse estilo: vamos, através do riso, provocar a sociedade a mudar sua forma de pensar.

Não se trata em afirmar que os outros produtores não saibam fazer isso. Digamos que nos cânones hollywoodianos, não caberia um novo cânon waititiano. Mudar a “constituição” gera polêmicas. Taika nunca esteve interessado nisso. Ele simplesmente fez. E fez com prazer. Pois para ele, cinema é isso: “é uma arte feita com prazer”.


Sua trajetória nas telonas

A saber, digamos que sua primeira aparição foi em 2005. Pelo menos a que podemos elencar como algo que, pela primeira vez pudesse incomodar os “donos de Hollywood”. Nesse ano, Taika esteve presente da cerimônica do Oscar concorrendo com seu curta Two Cars, One Night.

Todavia, parece que sua presença ali era apena um pretexto para curiosos. Mas, foi a partir dessa simples aparição que Taika começou a ser convidado para longas metragens. Depois começou a mostrar seus talentos de atuação. Em 2007, Eagle vs Shark, seu primeiro longa, uma comédia romântica foi lançada nos EUA.

Logo após, Taika produziu e dirigiu Boy. Um drama inspirado em Michael Jackson que foi muito bem acolhido pelos críticos de plantão e pela bilheteria na Nova Zelândia. Esse início revela que, realmente, Waititi não se importava com o sucesso, mas, sim, com a emoção das pessoas.

Certamente, Boy é uma história engraçada e, na mesma medida, comovente. Uma mistura de humor com seriedade. É possível sentir um pouco de pessoalidade no tom da narrativa, com aspectos da vida do próprio diretor. E, se serve como incentivo, há uma coreografia de Michael Jackson misturada com o tradicional Haka (dança tribal maori) que é imperdível.


Sua parceria com Jermaine Clement

Do mesmo modo, também da Nova Zelância, Clement, de 46 anos, é um exímio cantor e comediante. Sua parceria com Waititi só reafirma a personalidade e estilo do cineasta. Se querem saber do que estamos falando, basta assistir O que fazemos nas sombras, uma comédia vampiresca com uma pegada sócio-capitalista, além de problemáticas de convivência social.

A saber, Clement é um comediante memorável. Famoso por trabalhar para séries de comédia na HBO e BBC. Vencedor do prêmio de comédia pelo Grammy, como ator.


Jojo Rabbit e Thor

Enfim, hoje Taika inaugura uma nova fase de sua corrida fílmica. Marcando presença frequente nas cerimônias de premiações, inclusive do oscar, Taika torna-se um concorrente à altura.

Sem dúvidas, afirmamos que Taika pode ter salvado muitas franquias da falência. Com caráter eclético, o cineasta transita desde um Moana  a um Hitler sarcástico e insano em Jojo Rabbit. Em 2017, o diretor salva a vida de Thor, o Deus do Trovão. Com uma franquia sem futuro próspero, Taika adiciona a sua dose de comédia e oferece um produto final digno de aplausos.

Nesse ínterim, sua presença em eventos como a Comic Con de San Diego e premiações como Festival de Cannes e do Oscar já é notada. O estilo waititiano de produzir a nobre arte de filmar agora é mais um parágrafo no cânon dos cinemas de Hollywood.

A saber, ao dar vida a Hitler, um amigo imaginário de um adolescente consumido pela doutrina hitleriana, Taika chegou a afirmar que “era vergonhoso e insano” vestir aquelas roupas, símbolos de um massacre da humanidade.


O riso, agora, é um elemento de reflexão

Portanto, é inevitável pensar em uma comédia e pesar em Taika, sem pensar em drama e situação social. Até mesmo num filme fictítio da Marvel, é possível viver o drama da solidão e da reclusão. De uma história sofrida, podemos ter um bom humor, podemos aliviar a dor afim de refletirmos melhor sobre a situação.

De fato, o cinema ganha muito com a comédia e a irreverência de Waititi. Sua filmografia só vem reafirmar que seu estilo nada tem a ver com o que as normas mundiais do cinema modelo pregam. Mas, tem a ver, simplesmente com o que as pessoas do dia a dia estão dispostas a assistir. E elas querem se ver representadas nas histórias, nas telas. Elas querem respostas de esperança diante dos dramas que vivem. Elas querem, simplesmente, viver com esperança.

Enfim, esse é Taika Davd Waititi, descendente de judeu, com sangue de vampiro, humor, medo e um toque charmoso de esperança. Essa, é, talvez, a receita de um novo estilo de cinema que está nascendo.


Por Dione Afonso, jornalismo PUC-Minas

Foto: Taika Waititi. (Reprodução/Oscar 2020)

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