08 Oct
08Oct

“A CineWorld vai fechar as portas. A controladora da 2ª maior rede de cinemas dos Estados Unidos vai fechar todas as suas salas no país e também no Reino Unido, conforme nota datada de hoj2 (08 de outubro). Com a ausência de estreias a tática de alimentar a nostalgia do público já perdeu a novidade e a compra de ingressos registrou uma queda nunca vista na história. O que já era de se esperar. São mais de 700 salas fechadas por tempo indeterminado. Enquanto os estúdios não voltarem a estrear novas produções nenhum comunicado pela CineWorld será publicado. Uma decisão como essa afeta em torno de 40.000 funcionários só nos EUA e mais 5.000 no Reino Unido. Qual será o futuro de Hollywood? É a pergunta que surgiu após decisão da CineWorld”. 

 

[Matéria do The New York Times / @nytimes].

 

 

 

A cineasta Patty Jenkins em entrevista à Variety afirmou que o fechamento dos cinemas será um movimento irreversível. Patricia Lea Jenkins “Patty”, é uma cineasta norte-americana nascida a 24 de julho de 1971. Já foi premiada no Emmy Awards por Melhor Diretora em Série Dramática por The Killing – Além de um Crime em 2011. Em 2003 ela gravou o docudrama Monsters que rendeu o Oscar de Melhor Atriz para Charlize Theron.

Com uma pequena filmografia, Patty Jenkins pode ser considerada uma dessas mulheres cineastas que gostam e valorizam o trabalho feminino atrás e também no protagonismo das câmeras. Com Gal Gadot, Jenkins proporcionou uma nova respirada no que a cultura considera ser um bom filme de herói. Ela já havia feito um trabalho fantástico com Theron em 2003. Agora, era a vez dos super-heróis abrirem o caminho para uma super-heroína.


Jenkins tem um gosto apurado para o crime e a comédia

É engraçado dizer que Jenkins tem uma queda para a comédia. Suas direções, mesmo quando apresentam uma pitada peculiar para esse gênero, trazem algo bem mais do suspense e da ação frívola e tensa. Vimos muito disso com Charlize Theron e com Gal Gadot. Em The Killing e no longa-metragem Monster conseguimos extrair essa sua característica um pouco escondida no côncavo das lentes da diretora.

Vemos que seu coração palpita pelo bom drama, sobretudo se esse for policial. Aquele de perseguição, investigação, busca e solução de mistérios. Patty Jenkins gosta da realidade nua e crua, o mínimo possível de ficção e de invenções em suas cenas faz com que a história filmada por Jenkins torna-se cada vez mais próximas do real, mais humanas, até.

Martin Scorcese, Elia Kazan e Stanley Kubrick são a inspiração da cineasta. Segundo ela, essas pessoas te fazem se perder numa história e não te revelam onde eles querem chegar. E você acaba assistindo, seja pela curiosidade, medo, tensão, desconforto ou simplesmente porque gosta que as coisas sejam assim: meio sem rumo, mas perfeitas. Na dose certa.


Mas, e a comédia?

Então, quando nasceu o roteiro de Monster Jenkins ficou fascinada com o que ela poderia criar e fazer com uma simples câmera. Ela teve pouco apoio, foi desacreditada, recebeu um orçamento mínimo, mas ela precisava lançar a história. Precisava disso. Monster era tudo o que ela tinha. E foi: um drama fictício assustador. Crimes, investigação policial, correria, e saiu, e deu certo.

Com isso, Jenkins percebeu o quanto tenso é carregar a responsabilidade de um trabalho nas costas. Toda a tensão do drama parece que te envolvem em vida e isso te marca induzindo-o a um cansaço medonho. Então, Jenkins quis brincar um pouco mais com essa arte. Até seu humor se alterou. A cineasta deixa para trás esse estilo de vida sério, e assume um rosto mais brincalhão.

Não demorou muito tempo. Era como se o drama tivesse feito para Jenkins e Jenkins estivesse ligada com o drama. Veio o convite para o produzir o piloto de The Killing, quase o recusou, mas, por fim, ela aceitou o desafio de retomar para as cenas depois de um ano afastada por conta do nascimento de seu filho.


Exuberância e emoção são as marcas do cinema de Patty Jenkins

Não importa a história que será contada, ela sempre terá que ter um exagero de exuberância e de fortes emoções. Sendo drama, comédia, terror, ação, sempre com muita emoção e exuberância.

Patty Jenkins, depois dessas experiências, entende que a arte do cinema é sempre vista com outros olhos atrás de uma lente. Muito grata ao conhecimento que a TV a proporcionou, Jenkins compreende que, de fato, esse é seu gênero cinematográfico. Ela continua causando fortes emoções em nós e, atualmente, ela teme muito sobre o futuro do cinema em relação à pandemia do coronavírus.

“Manter o público longe das salas do cinema não será um processo reversível. Podemos perder a ida ao cinema para sempre. Os atrasos de sustentação e fechamentos de cinema podem, no final das contas, fazer com que mais filmes cheguem aos serviços de streaming. Pode ser o tipo de coisa que aconteceu com a indústria da música, onde você pode desintegrar toda a indústria ao torna-la algo que não pode ser lucrativo”, afirma a cineasta à Variety.


Mulher Maravilha e as Amazonas

O nome Patty Jenkins tornou-se mais familiarizado entre nós quando a diretora assumiu a missão de apresentar ao mundo a heroína mais famosa do universo dos quadrinhos. Pelos estúdios da Warner Bros., Jenkins deu vida à Mulher Maravilha da DC, estrelando Gal Gadot no papel. A reviravolta que isso proporcionou foi de um maior envolvimento da personagem feminina num papel de protagonista.

A indústria do cinema ainda é marcada fortemente pelo machismo e pelas oportunidades desleais entre atrizes e atores. O padrão, sarado, galã, forte, hétero, branco e de olhos claros infelizmente não parece só coisa do passado. Esse fantasma parece rondar muito fortemente a roda comercial dos dias de hoje.

Com Mulher Maravilha vindo ao mundo em 2016 no longa Batman vs Superman, a DC percebeu o potencial que essa mulher tinha para alavancar o sucesso dos heróis. Imediatamente Mulher Maravilha ganhou um filme solo no ano seguinte e tornou-se o filme de maior bilheteria da DC. Com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes, o longa ganhou sequencia que deveria ter sido lançada em junho de 2020.

Patty Jenkins ainda anunciou a produção de um spin-off da heroína focado na história das Amazonas. Nova York e Los Angeles ainda mantém a esperança de poder lançar Mulher Maravilha 1984 em 25 dezembro como um bom presente de Natal (24 de dezembro no Brasil). Teremos que aguardar...


“Não acho que nenhum de nós queira viver em um mundo onde a única opção é levar seus filhos para assistir a um filme na sua própria sala de estar, e não ter um lugar para ir para um encontro. Eu realmente espero que possamos ser um dos primeiros a voltar e trazer isso para a vida de todos””

(Patty Jenkins via Variety @Variety no twitter)


 

 

Por Dione Afonso

Jornalismo PUC-Minas

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