21 Feb
21Feb

Será que ainda vale a pena continuar sendo fãs da Marvel? A cada lançamento que assistimos percebemos que há uma saturação e um esgotamento no quesito criatividade. Os roteiros não conseguem mais sair do clássico: apresentação do personagem – ameaça global – transformação do super-herói e salvar o mundo. Pronto! O roteiro está pronto! A Marvel Studios, em 2023 prometeu abrir uma nova era depois de ter fechado um ciclo com Pantera Negra: Wakanda Pra Sempre. Um filme que também foi bastante problemático por conta da pesada carga que carregou dentro e fora das telas, mas, mesmo assim, parece que ele conseguiu superar a perda e seguir em frente (é o que parece). Mas a nova Fase, chamada de Fase 4, da Marvel não nos passou segurança com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. A nova aventura do Vingador não nos tira do lugar e nem muito menos nos lança para o futuro. 

Comandado por Pyeton Reed, o responsável por também dirigir os dois filmes anteriores do Homem-Formiga, o terceiro trabalho concentrou numa aventura em família, que foi feito muito bem, inclusive, explorou o universo quântico, uma realidade fictícia e que parece “sobreviver abaixo do nosso mundo real”, mas não soube sair disso. O filme começa e termina sem provocar nenhuma mudança, nenhuma novidade e não nos deixou nada para o amanhã. Isso diminui o hype e as expectativas dos fãs quando saímos de uma Fase 3 ousada, diferente de tudo o que já vimos no gênero super-heróis. Uma Fase corajosa que tentou inovar, tentou apresentar algo novo e que não estivesse tão saturado assim. O filme de Reed é bonito, engraçado – uma vez que sua filmografia é recheada de histórias cômicas – mas não emociona, não nos convence e não consegue consolidar nada, nem o futuro dos heróis “formigas” e nem o futuro do vilão Conquistador que não conquista nada. 


Alguns spoilers para entender a trama 

Reed usou uma tática de abrir e fechar o filme com a mesma cena: Scott Lang está passeando na calçada, indo comprar seu café da manhã, lidando com os eventos anteriores nos quais se tornou um Vingador e salvou o mundo. Lang lançou um livro autobiográfico e está construindo sua vida com essa pequena fama que o sustenta. Literalmente essa é a primeira e a última cena do filme. Esse estilo fílmico quer nos mostrar que tudo o que aconteceu ali, durante as duas horas de filme, ficam ali, pertence apenas àquela família ali. E, de fato é. A família Lang e Dyne vivem uma aventura no Reino Quântico que nada interfere e nada diz aos outros que estão na Terra, inclusive aos outros super-heróis: onde eles estão, mesmo? 

Vale a pena continuar sendo fã da Marvel? Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania falhou, miseravelmente com sua tarefa de dar abertura à Fase 4. Invasão Secreta e a segunda temporada de What... If? estão aí no prelo para serem lançadas, ambas, séries de TV para o Disney Plus. A primeira vai nos trazer Maria Hill e Nick Fury de volta, e isso aquece o nosso coração para o que pode vir por aí e a outra nos dá esperanças por apresentar algo bem “fora da casinha” com o que estamos acostumados, apesar da primeira temporada nos decepcionar no desfecho se entregando ao já saturado esquema de heróis que se juntam para salvar o universo. Voltando a “Homem-Formiga e a Vespa”, no Reino Quântico descobrimos que Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) já sabia da existência de Kang (Jonathan Majors) e tinha noção do tamanho de seu poder e do mal que o dominava. A conexão com o primeiro filme foi muito bem construída e bem-vinda a nós, fãs da Marvel. 


O que vai acontecer agora? 

Apenas um dado nos chama a atenção em relação a Scott Lang (Paul Rudd). O herói sai do Reino Quântico confuso e pensativo. Ele teme que o que viu e experimentou lá pode não ficar por lá, poderá sair e ter implicações sérias com o “povo de cima” quer dizer, da Terra. Isso fica muito implícito, não é qualquer um que percebe que há algo o incomodando. Mas, como “bons fãs da Marvel”, percebemos que há ali alguma coisa fora do eixo e que poderá ser um estopim para os eventos futuros. É o suficiente para não nos fazer esquecer deste filme? Não. Este é o clássico filme que será esquecido uma semana depois que o assistiu. O impacto é pequeno demais para deixar marcas profundas no nosso universo nerd. 

Haverá um “Homem-Formiga 4”? Olhando para este, esperamos que não, mas a filha, Cassie Lang (Kathryn Newton) precisa de um futuro e de uma trajetória digna de uma jovem heroína, ou seria uma jovem vingadora? Por fim, vale destacar também que este é o único núcleo familiar que não sofreu o luto ou a perda profunda de alguém. Todos estão vivos e ativos. Não que deveria ser diferente, mas parece que o roteiro deixou esse dado passar e não se preocupou com essa narrativa que poderia ter sido explorada e entregado aos fãs uma história ainda mais profunda e emocionante. Diferente do que vimos nas telonas. 

E aí? Você acha que vale a pena continuar sendo fã da Marvel?





Por Dione Afonso  |  Jornalista

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