20 Jun
20Jun

Não é orgulhoso de se dizer, nem prazeroso de se informar os mais de meio milhão de vítimas provocadas pela falta de vacinas no Brasil. O jornalismo enfrenta uma das piores fases da história. Há quem viveu durante o período da Ditadura e possa discordar dessa premissa, pois viver num período em que a liberdade de informação era crime, também não foi fácil. Mas o que estamos vivendo agora senão uma pandemia de informações falsas, mentirosas caluniosas? Essa infodemia que obstrui o trabalho sério do jornalismo coloca profissionais da comunicação numa linha de frente de fogo cruzado. E, nunca na história não se prendeu e condenou tantos repórters e outros profissionais por lutarem por um serviço de informação mais ético e verdadeiro.

Não estamos disputando com os enfermeiros e médicos. Eles, mais que nós, jornalistas, enfrentam o drama desse vírus ainda mais de perto. Se nó, jornalistas, estamos num fogo cruzado, eles enfrentam as bombas de canhão que onde caem, não sobra ninguém.

O Blog Cicatriz é um projeto pequeno, simples e sem grandes sonhos ou pretensões que sempre buscam falar mais sobre a humanidade, a pessoa, o lado humano da notícia do que da informação em si. Atrás do fato há alguém que tem uma vida, famílias, amigos, uma comunidade e relações fraternas. Esse tipo de jornalismo não despreza o convencional e nem diminui o serviço de quem relata os números, fatos, dados. Acreditamos que isso tem e sempre terá valor. No mais, enquanto vocês ouvem sobre os números, os dados, as pesquisas, nós também queremos, através desses dados, falar de quem eles representam.

Diante de um Brasil que corre o risco de ir às ruas e lutar contra um sistema político que está matando todos os dias por conta de uma negligência, o #ContosDeDomingos e o Cicatriz deixa também aqui, o nosso protesto:


Quem era esses meio milhão?


Antônio José era comerciante;

Ribamar era feirante;

Miguel era viajante;

Eloísa, cadeirante...

Nomes de pessoas que perderam a vida, 

Tinham histórias tão lindas,

Se fossem de sua família, 

Talvez você daria mais ouvidos à medicina,

Não acharia que era só uma "gripezinha". 

Talvez entenderia o porque desse:

"Fora Genocida".


Marlúcia era psicóloga;

Antonela era podóloga;

Daniela era fotógrafa;

Beatriz, arqueóloga...

Nomes de pessoas que perderam a vida, 

Tinham histórias tão lindas,

Se fossem de sua família,

Você não acreditaria em uma tal "cloroquina",

Nem defenderia essa economia neofacista,

E talvez se juntaria ao coro nesse:

"Fora Genocida".


Paulo era ator;

Paulinho era cantor;

Ibrahim era pastor;

Agnaldo, compositor...

Nomes de pessoas que perderam a vida, 

Tinham histórias tão lindas,

Se fossem de sua família,

O lockdowm você defenderia,

Talvez até gritaria: 

"Fora Genocida".


Tales era atleta;

Mariana era obstetra;

Edgar era poeta;

Valquíria, fazia bonecas...

Nomes de pessoas que perderam a vida, 

Tinham histórias tão lindas, 

Se fossem de sua família, 

Talvez você veria essa necropolítica,

Talvez gritaria conosco:

"Fora Genocida".


Juliana era enfermeira;

Cláudia era confeiteira;

Dona Maria era cozinheira;

Rosa, faxineira...

Nomes de pessoas que perderam a vida, 

Tinham histórias tão lindas, 

Se fossem de sua família, 

Você lutaria por mais vacinas,

Selecionava melhor as informações da mídia, 

Entenderia que sem qualidade de vida, não há como "salvar economia",

E em alto tom diria:

"Fora Genocida".


Luiz era caminhoneiro;

Jonadir era padeiro;

Paulo era engenheiro;

Virgílio, carpinteiro...

Nomes de pessoas que perderam a vida, 

Tinham histórias tão lindas, 

Se fossem de sua família, 

Você conosco estaria,

Lutando contra a necropolítica,

E gritando:"Fora Genocida".


Marlene era estilista;

Thaís era ginecologista;

Beatriz era esteticista;

Ana Paula, ciclista...

Nomes de pessoas que perderam a vida,

Tinham histórias tão lindas,

Se fossem de sua família, 

Talvez você entenderia,

Que ao invés de "salvar a economia",

Primeiro deveríamos estar "economizando vidas",

Talvez aí você compreenderia,

O porque gritamos:

"Fora Genocida".


O que é um genocida?

1. Relativo a genocídio. 

2. Que ou quem causa a morte de um grupo numeroso de pessoas em pouco tempo.


Qual o sinônimo de genocida?

Extermínio intencional de grupos específicos: 

1. Extermínio, chacina, massacre, matança, carnificina, eliminação, extinção, exterminação, aniquilação, aniquilamento, destruição, mortandade, morticínio, trucidação.


O que significa governo genocida?

O significado comum é assassinato por parte do governo, de pessoas devido à sua associação nacional, étnica, racial ou religiosa enquanto grupo. O significado legal de genocídio se refere ao tratado internacional, a Convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio.




Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

Por Mínison Domingos  |  Matipó-MG

20 de junho de 2021  

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Foto: Reprodução/Intervenção cultural

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