27 Jun
27Jun

Em fevereiro deste ano, de forma emocionante e surpresa a cantora e compositora canadense Celine Dion fez uma aparição na cerimônia do Grammy 2024. Celebração ovaciona os melhores da música do ano e Dion foi a escolhida para entregar o prêmio a Taylor Swift, uma das vencedoras da noite. Eu Sou Celine Dion é visceral, poderoso, triste, trágico, mas nos olhos de Celine é uma história cheia de amor e de esperança. Celine Dion teve o que a brasileira Xuxa Meneghel não recebeu. A Rainha dos Baixinhos também teve seu documentário, contudo, uma obra que não celebra sua carreira e história. Celine Dion é dona de uma das mais belas vozes que o mundo ouviu e que até hoje ninguém atingiu sua nota. 

O documentário é muito realista e verdadeiro e se permite caminhar ao lado dos passos da artista. Ouvir sua voz tanto cantando, quanto narrando sua história. Uma história de família e de amigos que respeitam o tempo de cada um e as limitações de cada um. Diagnosticada com a Síndrome da Pessoa Rígida – SPR – em 2022, cantora abandona os palcos para cuidar de sua saúde e desde então não conseguiu retomar sua carreira. No documentário assistimos a sua rotina depois de ser diagnosticada e como que tenta superar a SPR e cuidar de seu corpo, mente e dos filhos. 


“Esta é a Celine Dion hoje” 

O documentário é narrado pela própria Celine que é seguida pelas câmeras em sua casa e no seu trabalho. A primeira nota que percebemos na história não é uma nota musical, mas é uma nota de humanidade. Celine é muito humana, até mesmo quando não se sente como tal. Humana consigo e com os que estão em sua volta. As dificuldades que a SPR impõe são cruéis e incontroláveis. Quando ela tem uma crise após gravar uma nova música, Celine decide manter as câmeras, mesmo sentindo-se “envergonhada e constrangida”, pois ela afirma que “esta é a Celine Dion de hoje. Não é a dos palcos, se esta sou eu, que mostremos quem eu sou”. É uma cena muito forte, difícil de conter as lágrimas. 

Toda a carreira de Celine Dion é revisitada durante as cenas que se passam com ela, os filhos e sua rotina com o fisioterapeuta e toda a sua equipe. É bonito vê-la ainda com esperança de um dia retomar os palcos, cantar para seu público, compor novas músicas. Retomar o controle de sua voz. Música é poder e “é tudo o que eu sei fazer”. A diretora do documentário, Irene Taylor, em entrevista, afirma quão poderosa é Celine e que cada cena que foi para o corte final teve a sua insistência para estar, inclusive a cena da crise. Vale lembrar que não foi algo provocado e nem proposital. Inclusive, seu terapeuta disse que não era para acontecer. A crise apareceu num momento em que os pegou de surpresa. 

O final é revelador: “como que eu vou voltar a cantar se eu não posso me sentir estimulada, feliz e empolgada fazendo o que eu tanto amo?”. O fisioterapeuta engole seco com a dor de sua paciente ao responder que é necessário dar um passo de cada vez. Celine Dion ama cantar. Isso respira em sua pele e derrama de seus olhos. O que ela fez a vida toda foi por amor e é o próprio amor puro. Nossos artistas precisam e merecem receber uma obra assim, mais verdadeira, concreta. Ainda esperamos ver grandes nomes da TV Brasileira sendo consagrados com filmes documentários mais honestos e dignos de sua carreira, história e de suas vidas.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.