17 May
17May

Se olharmos para o dicionário, o vocábulo gari, significa “varredor de rua” ou “empregado para a limpeza pública”. Essas pessoas se comprometem em manter a cidade limpa e ruas organizadas. Esses homens e mulheres, mesmo tendo hora marcada, despertam antes que o padeiro comece a assar os pães e antes que o padre da matriz inicie suas orações nas primeiras horas do dia. O gari, no silêncio da madrugada, varre as calçadas antes que seus sapatos nelas pisem; o gari, libera a passagem dos portões da garagem antes que você ligue seu carro e vá cumprir os ofícios do seu dia. 

No dia 16 de maio foi institucionalizado o Dia do Gari. Fico pensando no que que essa data celebraria. Como seria celebrado o Dia do Gari em dias de pandemia. Ou melhor... como ficou a classe trabalhista dos coletores de lixo num momento em que as medidas sanitárias são exigentes em prol da não proliferação e contaminação do coronavírus. 

Durante a pandemia, dados indicam que o brasileiro passou a produzir mais lixo que em dias anteriores. O consumo de descartáveis exacerbou porcentagens assustadoras. E aí fica a pergunta: como defender a ordem “Fique em Casa” para os garis, se os lixos triplicaram durante a pandemia? Como ficaria a cidade sem o trabalho diário dessas pessoas? Será que os garis foram contaminados pela covid-19? Será que os lixos descartados pelas milhares de famílias brasileiras estavam protegidos pensando na saúde desses garis? 

A discussão que surge aqui não é aquela da balança que mede o que é essencial e o que não é. O lixo doméstico durante a pandemia subiu 25%; o hospitalar aumentou 20 vezes mais. O descarte das máscaras e das luvas vem poluindo os oceanos em números assustadores. Se a gente não cuidar de nosso lixo, daquilo que consumimos em nossas casas, como vamos defender a vida e a saúde dos garis de nossas cidades? 

Será que seria possível vivermos uma semana sem produzir lixo em nossa casa? Será que um dia conseguiríamos manter as nossas ruas sem os horripilantes sacos pretos de lixo? Como seria a minha vida sem produzir lixo por 7 dias? Eu conseguiria? Esse é o ponto central dessa discussão. Assim conseguiríamos celebrar com honestidade e até mesmo alteridade o dia de homens e mulheres que cuidam das nossas cidades mantendo-as limpas. Melhor ainda, quando nós os ajudamos nessa tarefa. 

Sempre precisamos pensar em tudo o que gastamos e consumimos em nossas casas. Aquilo que sobra em nossa mesa, pode estar faltando na mesa de alguém. A comida que eu jogo no lixo pode ser aquela refeição que alguma família não teve condições de comprar. Se sobra em minha casa, não temos dúvidas que falta na casa de alguém. Consumir com essa consciência é contribuir com a Casa Comum na qual ajudamos a nós mesmos, a natureza e a outras pessoas. O Blog Cicatriz e os Contos de Domingos deixa aqui a sua homenagem a esses Guardiões da Cidade: 


Anjos da limpeza 

O que seria de nossos cartões postais, 

se não fosse esses profissionais? 

Podem os chamar de garis, lixeiros, catadores, recicladores, mas eu os chamo de anjos da limpeza. 


No geral são pessoas simples, 

Sorriso fácil, coração imenso... 


Lembro de um tal "Renato Sorriso" que ao limpar a passarela da Sapucaí  começou a sambar, foi repreendido pelo chefe e aplaudido pelo público. 

Isto aconteceu em 1997 e nos anos seguintes  era figura presente no carnaval carioca  e chegou a desfilar em escola de samba. 

O auge de um desses trabalhadores  foi em 2012 no encerramento dos jogos olímpicos de Londres, onde à frente do bloco dedicado à música brasileira, lá estava um "gari" . 

Renato Sorriso é um exemplo de talento dessa gente talentosa  e tão essencial à vida. 

Depois de usarmos produtos, os jogamos ali no lixo sem nos importar com o que será depois... 

Se os anjos da limpeza ficassem 3 dias sem trabalhar, nossas cidades se transformariam num caos... 

Desvalorizados, vítimas  de preconceito e discriminação,os anjos da limpeza tem um dia dedicado à eles, pouca gente sabe, pouca gente os vê,  mas só quem sabe a importância de cada ser sabe que ao criar cidades imensas tivemos a necessidade de diversas profissões. 

E esta é uma das mais importantes  e pouco reconhecida. 

Valorize estes profissionais. 

Os ajude jogando o lixo no lixo, 

E ao vê-los por aí trabalhando, 

observe cada um deles. 

Com certeza irá se deparar com um belo sorriso, 

pois anjos sorriem...




Por Dione Afonso  |  PUC Minas

Por Mínison Domingos  |  Matipó-MG

16 de maio de 2021 

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FotoImagem de NetKids por Pixabay 

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