24 Oct
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Uma das cenas mais linda e com todo um contexto de carinho e apego é aquela em que vemos as crianças que, desde o tempo de berço, se encantam por um ursinho de pelúcia que os acompanha no sono, na hora de se alimentar, na hora da brincadeira, quando acorda e, na medida em que as idades vão acontecendo, o ursinho de pelúcia vai acompanhando o desenvolvimento de seu dono. 

A criança e seu ursinho de pelúcia é uma das cenas mais fieis de amizade, cumplicidade, companheiro e afeto. Ninguém se torna mais íntimo da criança do que o seu ursinho de pelúcia. A criança desenvolve ali um sentimento de segurança e até mesmo um porquê para a sua vida. “Eu sou importante para aquele ursinho, porque ele só tem a mim”, pensa a criança; e ela, em certo momento também acredita que só tem aquele ursinho disponível para ela no tempo que ela precisar. 

Hoje, em tempos modernos, em que o ursinho foi substituído pela tela do celular, os ursinhos virtuais, aqueles que não se podem mais abraçar, sentir o cheiro, pude assistir a uma cena clássica que há muito não a via: numa viagem de ônibus intermunicipal que realizei há poucos dias, nesse período de pós-pandemia, vi uma adolescente entre seus aparentes 13, 14 anos saindo do ônibus carregando sua mochila, um livro e um ursinho de pelúcia meio bege, meio marrom. E, claramente ele era o seu ursinho de pelúcia. Aquele seu amigo fiel que a acompanha até mesmo em sua viagem. Isabel era seu nome, eu pude ouvir um adulto chamando-a.

Que cena gostosa de se poder assistir. Ainda hoje, os ursinhos de pelúcia continuam conquista seus melhores amigos entre os berços e as brincadeiras de criança. Hoje, talvez os ursinhos possam representar outros desenhos, talvez um super-herói, mas, sempre um ursinho fiel, amigo e parceiro. Não aquele cor de rosa das telas do celular, falante, que anda sozinho, e que a criança não tem a chance de abraçar e levar com ela para onde quiser ir. 

Que as crianças de hoje possam continuar aprendendo de maneiras simples como essas, o valor da amizade, desde cedo, da importância de se ter um fiel parceiro. Talvez, alguém que nem fale, que não ande, mas que sempre será sua companhia. Aprenda a abraçar, a confiar, a conversar... Coisas que talvez a tela do celular nunca poderá ensinar, pois aquele tal bichinho da tela sabe conversar, sabe andar, mas nunca saberá abraçar, e nem ouvir o que essa criança do lado de cá, tem pra contar. 

Aquele ursinho de pelúcia era mais que um brinquedo para a criança. Era seu melhor amigo; era a sua única companhia até mesmo quando o papai e a mamãe não estavam presentes. E hoje, quais são as amizades e as companhias que permanecem junto dos filhos, sobretudo na ausência dos pais quando estes precisam trabalhar? 





Por Dione Afonso  |  PUC Minas

Foto:  Imagem de Pezibear (@pezibear) via Pixabay.

24 de outubro de 2021.

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