Vou direto ao ponto: por que toda essa resistência para cumprir uma norma tão simples e pequena como o uso de máscaras? É difícil compreender toda essa pressa resoluta de banir a obrigatoriedade de se ter um pano pendurado sobre a metade do rosto. Isso tá te matando? Machucando? Qual é o grande dilema da vida no uso de máscaras? Por que isso te incomoda tanto? É sério! Difícil compreender certas coisas. Fico imaginando que se o homem tem tanta dificuldade em cumprir regrinhas tão pequenas como essa, o que ele será capaz de fazer ao se deparar com um código moral mais amplo, pesado e necessário de se cumprir.
A mesma discussão houve com o uso obrigatório do cinto de segurança nos automóveis. Lembra? A grande resistência para algo tão simples. Quem não usou, todos nós sabemos o que aconteceu. A velha mania do brasileiro que só se sente motivado a cumprir normas se houver uma outra maior que mexe no seu bem mais precioso: o bolso. Ou seja, não vou usar porque é benéfico à vida. Mas porque posso perder algo que me é mais lucrativo: meu dinheiro. Não vou usar porque estou pensando na vida dos outros, na proteção e respeito, não é por alteridade, é por status, ignorância, talvez, até burrice.
Todos nós ficamos espantados na primeira vez que o país atingiu a marca de 400 mortos por dia pela covid-19. Um escândalo total. Para onde foi esse assombro? O que aconteceu? Os mortos não nos preocupam mais? Talvez precise de maior rigor nas normas. Usar um pequeno pano no rosto não parece ser ato heroico demais. Grandioso demais. E vamos ter carnaval. Capitais prometendo 60 dias de folia ininterruptos. Afinal, a vida precisa normalizar. Os shoppings precisam voltar a lucrar. A economia está afogada. É preciso tirá-la do fundo do poço e torna-la mais forte do que nunca. Essa roda vai voltar a girar e continuará a esmagar os que ainda permanecerão na parte de baixo.
Enquanto isso, ensinamos às novas gerações que é preciso se vacinar... Não pra nos proteger e nos imunizar contra doenças de ameaça globais, mas, instruídos a, quem não se vacinar não terá a chance de conhecer o Mickey no Walt Disney, e nem poderá subir na Torre Eiffel pra aquele pedido romântico. E assim, o ser humano segue resistindo...
Por Dione Afonso | PUC Minas
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26 de outubro 2021.
