01 Nov
01Nov

O bom entretenimento é aquele que entretém! Se você estava esperando algum tipo de suspense por aqui, me desculpe, mas quero deixar minha opinião clara desde o começo. Estava checando os assuntos do momento no Twitter, como faço diariamente durante o café-da-manhã, e vejo, pela milésima vez, a discussão sobre a qualidade dos filmes do Adam Sandler. De um lado, o argumento de que o roteiro é pobre e bobo, os efeitos são toscos e as obras, repetitivas; do outro, pessoas dizendo que, mesmo com todos esses “defeitos”, a diversão ainda está lá. 

Nesse debate, fico com o segundo grupo. Quem nunca deu boas risadas assistindo Gente Grande (2010) ou Como se Fosse a Primeira Vez (2004)? Com a internet, ficou mais fácil para o público acessar opiniões de especialistas sobre os produtos e, com isso, escolher o que consumir, mas também surgiram aqueles que se tornam “haters” de tudo que não é gourmet

Não é como se agir com uma falsa autoridade fosse uma novidade. É natural do ser-humano tentar se mostrar superior, como aquele tio ou amigo que finge ser sommelier, coloca a taça contra a luz, mistura a bebida para observar as “lágrimas” e, no final, bebe o vinho, independente do resultado. Esse não é o problema aqui, se a sua estupidez te impede de ter algumas horas de divertimento, o problema não é meu, o que me incomoda são aqueles que agem como o mais arrogante dos críticos e julgam quem tem gostos diferentes. 

É óbvio que filmes aclamados pela crítica como Parasita (2019), 1917 (2019) e Cidadão Kane (1941) são excelentes produções, as técnicas inovadoras, os roteiros incríveis e têm críticas sociais importantes, mas, às vezes, tudo o que precisamos são explosões, piadas bobas, romances óbvios e carros pulando de um prédio para o outro. Ninguém come caviar todo dia, um hambúrguer também cai bem: pão, carne, queijo e pão é uma receita simples e barata (a carne nem tanto), mas, com bons ingredientes, fica delicioso. 

Esses censores não atuam apenas no cinema, os jogos também sofrem com eles, talvez até mais. Quantas vezes já não vimos postagens criticando um game, antes de jogá-lo, pelos gráficos não serem realistas? Nem todos são The Last of Us, afinal, TLOU só existem 2, mas, obviamente, existem outras obras primas por aí. Um dos meus jogos favoritos, “Zelda: Breath of The Wild”, tem o estilo cartunizado e as “falas” são apenas textos. O jogo é ruim por conta disso? NÃO. O enredo é envolvente, a trilha sonora é linda, a jogabilidade é ótima e os cenários são magníficos, mesmo sendo apenas desenhos. 

O jogo do aventureiro Link não é o único nessa lista. Como não falar de “Minecraft”? Completamente pixelizado e onde até o Sol é quadrado, mas que faz sucesso a mais de uma década e marcou gerações. Como esquecer também das minhas horas de jogatina no Playstation 2? Nos jogos de futebol que eu amava mal dava para diferenciar os jogadores e hoje vejo “players” falando que não jogam porque a mecânica de corrida do Cristiano Ronaldo está levemente diferente da realidade, ou mesmo clássicos como “Resident Evil 3” cuja versão original é melhor do que o “remake” feito para o PS4. 

Não me entenda errado, não sou um romancista que defende o passado e vive da minha nostalgia, o meu ponto é: Pare de ser um saco, críticos estudam por anos para poder avaliar as obras e mesmo assim nós, os comuns, discordamos deles várias vezes, então por que você, tão comum como todos nós, tem que ter a opinião suprema? Vai caçar algo pra fazer



Por Bruno Freire  |  PUC Minas

01 de novembro de 2021

Foto: "Gente Grande"/Reprodução/Columbia Pictures.

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