28 Sep
28Sep

Parece-nos que essa tal pós-modernidade, ou era digital, ou advento do metaverso tem despertado em nós humanos uma necessidade urgente de se sobrepor ou de se superar a cada minuto da pouca vida que tempos nessa terra. A cada superação, o senso coletivo, a consciência crítica, a falta de senso ambiental, ausência de humanidade, zero noção de respeito e cuidado com a fauna, os animais são coisas que assustam quem ainda luta por um amanhã diferente. 

O que leva um casal, ou um grupo de amigos tingir um cachorrinho com a cor do sexo do bebê que está para chegar? O que motiva alguém ter a brilhante (brilhante?) ideia de tingir uma cachoeira com o mesmo objetivo? Tingir o céu com algum químico ofensivo à atmosfera? Desperdiçar alimentos só para o deleite familiar de uma novo ser que vai chegar? A cada ação grandiosa como essa só revela a pequenez, invalidez e vazio mental, humano, espiritual e de alma que as pessoas enfrentam hoje. Quem muito busca se afirmar, aparecer, chamar a atenção para si, pouco conseguirá dar atenção ou olhar para o outro, para a sua volta, para a natureza com respeito, ética e humanidade. 

Fico imaginando que futuro essa nova vida terá quando nascer. Marcado, infelizmente, com uma falta de consciência ambiental e com a falta de senso comum e de humanidade desde antes de nascer, quanto de futuro restará para esta criança? Quanto de vida útil, saudável e limpa ela poderá gozar nesta mesma terra? Estamos vivendo tempos muito sombrios, na qual uma guerra se esconde por baixo dos tapetes virtuais, tapetes silenciosos que vão corroendo nossas ideias de dentro para fora. Debates, diálogos e ações que vão sendo adiados ou por falta de empatia ou medo de se expor. 

Vivemos numa espécie de Era do Medo, no qual se omitir, esconder-se, evitar conflitos é mais cômodo e me garante sobrevivência. Mas, é claro que é! Mas até em que ponto a vida ganhará sentido vivendo na comodidade e na bolha social que construí afim de satisfazer o básico de minha rotina? É preciso sair dessa esfera limitada social que me adula e resume discussões abrangentes que deveriam transformar muito mais que simplesmente o meu mundinho. 

Não me preocupo com o meio ambiente, não me importo com a poluição do ar, não me perguntei se meu bichinho de estimação iria ter alguma reação grave de saúde quando decidi ir muito mais além para satisfazer um desejo pessoal e superar tudo o que os outros já fizeram. Houve quem soltou, no alto de um arranha-céu, inúmeros bastões coloridos e fogos de artifício só para mostrar pro mundo o tamanho da riqueza e poder pessoal. Quem superará isso? 

Mas tenho uma pergunta melhor e maior: na hora de exercer sua humanidade, quem irá superar em sua ética humanitária, ambiental e social? Será que teremos muitos candidatos nessa corrida?





Por Dione Afonso  |  PUC Minas

28.set.2022

Foto: Reprodução / Via Twitter

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