Do mesmo universo de Entrevista com o Vampiro, a nova série que adapta os livros de Anne Rice apresenta o universo sombrio e enigmático das Bruxas. Por isso que o caráter introdutório da primeira temporada se faz desnecessário, uma vez que o público já está familiarizado com o estilo narrativo de Rice. Contudo, há elementos muito bem aproveitados na série, elementos estes que dão originalidade ao que Rice sempre se dispôs a nos dar: sensualidade, perigo, morte e muita paixão. Mais um ponto positivo nesta história é o protagonismo feminino. Mulheres bruxas que são violentadas no passado, mas que permanecem fortes, porém, escondidas, no presente.
Alexandra Daddario dá vida a Rowan Fielding, uma jovem cirurgiã muito elogiada pelo seu trabalho e altamente conceituada no ramo da ciência. Rowan, contudo, descobre da maneira mais improvável possível que possui algo de especial dentro de si, depois de testemunhar alguns eventos estranhos como provocar a morte de alguém e se deparar com urubus mortos sobre seu carro. A jovem médica descobre que possui poderes sobrenaturais e que estes vêm de uma longa linhagem familiar com conexão direta a um grupo de bruxas. Com dificuldades a se abrir com algo que desafia sua visão de mundo, Rowan decide embarcar numa viagem buscando as origens de sua família e descobre que há algo muito maior por trás desta história.
Há, por trás de As Bruxas Mayfair um time espetacular de diretores e produtores. Haifaa Mansour e Michael Upperndahl dão vida a cada episódio e a fotografia de Evans Brown e Joseph Gallagher conseguem nos tirar de nosso mundo e nos transportar para um universo esverdeado, frio e misterioso de uma cidade que parece nunca ter existido. Daddario contracena com Jack Huston que dá vida ao possível vilão Lasher e com Tongayi Chirisa, o amigo Ciprian. Este trio nos entrega cenas muito bem ensaiadas e com diálogos muito bem construídos e cheio de tensão, tesão, medo e prazer. Rice não está disposta apenas a nos apresentar seres sobrenaturais fictícios, ela quer nos provocar com estas criaturas e nos mostrar que sermos humanos é algo trivial e indigno de prazer e alegria.
A primeira temporada nos oferece um plot twist que não estávamos preparados para ele e que nos pega desprevenidos. O fato de Rowan, agora sendo uma Mayfair, descobrir que é “a porta” para o retorno do mal (Lasher) e que está sendo dominada e castigada por ele, ludibriada e controlada por ele, faz dela o maior perigo para o futuro desta história. “Uma mulher Mayfair nunca é livre de perseguição e morte. Ser uma Mayfair não tem sido motivo de orgulhos”. Com esta fala, Rice dá ao poder feminino e à presença da mulher uma relevância histórica crucial. Não é pra tanto, visto que seu time de atrizes não poderia ter sido melhor.
Não sabemos se no futuro, veremos um crossover entre bruxas e vampiros do Universo Compartilhado de Rice, contudo, há entre os vampiros algumas passagens que se encontram com as bruxas de Nova Orleans e elas também possuem certa reputação em evitar Louis de Point du Lac e Lestat de Lioncourt. Renovada para a segunda temporada, As Bruxas Mayfair vai nos apresentar uma Rowan poderosa e controlada por Lasher. O futuro é perigoso, enigmático, contudo, necessário. Veremos o que esta história está disposta a nos trazer.
Por Dione Afons | Jornalista