16 Mar
16Mar

“Eu sei que eu não posso parar porque muita gente depende do meu serviço. Estou com muito medo! Insegurança! Desânimo! Ao mesmo tempo me vejo com Coragem! Força! E determinação. E, nem sempre o nosso esforço é o suficiente para salvá-lo. As vezes nem ele e nem o que estava sendo socorrido escapam da morte. Nós vamos até o fim. Sua a camisa. Chora com a família, mas não desiste. Ali está alguém que vai além do paciente. Ali está uma pessoa que é muito importante na vida de alguém. Ele pode ser importante pra mim também, pois eu não sou diferente dele.”.    

[Bianca Costa Diniz, Técnica de Enfermagem numa Unidade de Atendimento em Capim Branco, MG e trabalha atendendo a domicílio numa “home car”]




“O Covid também deixou uma cicatriz em todos nós”. É assim que a Dra. Giselle Girodo, médica do MaterDei-BH, descreve a atual situação de nossa humanidade. Porém, para entendermos melhor esses dizeres precisamos retroceder um pouco. Mais precisamente voltaremos um ano em nossa linha cronológica. O dia em questão é 18 de março. 

Foi em uma quarta-feira, 18 de março de 2020, o dia em que escolas foram fechadas e hospitais da grande BH começaram a receber pessoas com essa nova doença oriunda da China. Imaginávamos que seria um surto passageiro, coisa de dois, talvez três meses no máximo, mas não foi assim que aconteceu. 365 dias depois o número de casos continua a subir de forma espantosa. 

Só nas últimas 24 horas foram computados mais de 43 mil casos da COVID-19. O que fez com que a complexidade do trabalho médico em hospitais e nas unidades de combate ao COVID aumentasse. Os pacientes passaram a chegar cada vez mais graves. Com sintomas descontrolados, emocionalmente abalados e famílias com medo do desfecho de seus entes, a depender da evolução do quadro clínico do paciente. Tudo isso fez com que toda a responsabilidade dos médicos e enfermeiros caísse sob os ombros de cada membro da área da saúde. 


Esses nossos heróis da “linha de frente” semeiam esperança 

Mas a DR. Giselle Girodo tem esperanças de uma melhora para o tratamento mais humanizado dos pacientes. “Muito pode ser feito pelas pessoas adoecidas. Para além do manejo dos sintomas clínicos da doença, o trabalho em equipe multidisciplinar é fundamental para proporcionar a melhora do quadro clínico do paciente”, afirma a médica. 

Apesar do cenário, aparentemente desastroso, existe um ponto bom. Aprendemos com a pandemia a pensar no próximo. Desenvolvemos empatia, passamos a cuidar do outro, quando nós nos cuidamos. Nos esforçamos para ter um estilo de vida cada vez mais saudável e procuramos momentos para se conhecer melhor. A meditação também se faz presente para acalmar a mente nesse momento tão turbulento em que vivemos. 

No âmbito social é importante ressaltar os cuidados uns com os outros. “Ter um olhar diferenciado para as populações mais vulneráveis, como os idosos que residem em ILPIs, (Instituição de longa permanência para idosos) é fundamental”, alerta Giselle. 


Não precisamos de um “novo normal”, mas de um normal que se faça novo 

Pudemos perceber durante esse período turbulento que novos hábitos foram incorporados na nossa sociedade. Hábitos como comportamento, higiene, convivência, manipulação de ambientes e materiais. Além disso, “a pandemia deixa um legado importante para nossa sociedade e seus assistentes. O tratamento adequado a doenças se mostrou fundamental. O controle impecável dos sintomas, a comunicação das notícias, o acolhimento das perdas irreparáveis e a importância do trabalho em equipe também se mostraram fatores importantíssimos”.  

Giselle Girodo cita Carlos Drummond de Andrade para nos alertar sobre o fim. “Entre as desesperanças da hora e a falta de melhores notícias, venho informar-lhes que nasceu uma orquídea”. 

Se observamos com cuidado, a nossa orquídea é a vacina para a COVID, e, a cada hora que passa ela fica mais perto de desabrochar. Giselle ainda completa “Entramos nessa juntos e vamos sair dessa, juntos. Estamos de mãos dadas. Cada um dando o seu conhecimento. Trocando de experiências e estudando novos artigos todos os dias em busca de um só ideal, o tão sonhado final feliz...” 




Por Christian Maia  |  PUC Minas 

Por Dione Afonso  |  PUC Minas 

Foto: Imagem de diariodehuelva.es  / Pinterest.

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