16 Mar
16Mar

“O trabalho em equipe multidisciplinar é fundamental para proporcionar a melhora do quadro clínico do paciente. Aprendemos também que para cuidar do outro, temos que nos cuidar.  Esforçar para ter um estilo de vida saudável, procurar momentos para contemplação e meditação para acalmar a mente. No âmbito social é importante cuidarmos uns dos outros e termos um olhar diferenciado para as populações mais vulneráveis, como os idosos. Entramos juntos e vamos sair dessa, juntos. Estamos de mãos dadas. Cada um dando o seu conhecimento. Trocando de experiências. Fazendo uma comparativo com o nome do seu blog: ‘a Covid também deixou uma cicatriz em todos nós’”.    

[Dra. Giselle Girodo, MaterDei-BH, em conversa com o @cicatriz.blog]



O Blog Cicatriz tem um trabalho bastante significativo dentro da cultura comunicacional e da informação. Somos jornalistas. Mas, não só. Somos mais que isso, ou, pelo menos, tentamos ir além disso. Não nos preocupamos apenas com os dados, estatísticas, fatos, números e porcentagens. Recolhemos tudo isso, afinal, isso faz parte da apuração. Se não tivermos os dados e os números, não teremos o que falar e comentar. Ou, se comentarmos, não falaremos nada além de coisas que não aconteceram. 

Portanto, nós, enquanto jornalistas, escolhemos o ramo do Jornalismo Narrativo, ou Literário, se assim preferir. Mais precisamente, ingressamos naquela onda do new journalism que, de certa forma caiu nas graças da crítica no qual Wolf documentou. Enfim, parece que esse jeito de “fazer jornal” ganhou seu público. E, assim sendo, vamos tecendo fatos e narrando histórias. Curando cicatrizes e fazendo um novo mundo nascer. 

Nesse 1 ano de pandemia que se instaurou no nosso país, nós nos encontramos com muitas histórias. Relatos que arrancou lágrimas de nós e outros que nos fizeram abrir um largo sorriso. Esperança é a palavra de ordem. Hoje, o Blog Cicatriz, com apenas 6 meses de projeto, de trabalho, crescendo a cada semana, reúne não só jornalistas, mas jornalistas que narram histórias. Que contam experiências incríveis. E é isso. Somos jornalistas. E entre nós é sempre bem-vindo os poetas, os cronistas, as estilistas, as professoras, os artistas e todos aqueles que sempre têm uma história para contar. 


Brasil vive os tormentos de um ano de pandemia 

Hoje, em Minas Gerais assistimos o advento da recente Onda Roxa, que vai além da Vermelha que já é considerada caso crítico de contaminação e ocupação de leitos. A capital, Belo Horizonte vive à beira de um colapso sanitário e o prefeito pede encarecidamente à população que tome consciência do real quadro que estamos passando. No Sul, Rio Grande do Sul bate recorde de mortos; o país vem realizando novos recordes acima da marca dos 2.000 mortos e a situação só agrava. 

A vacina pode ser realidade, mas ainda não está entre nós! Políticas públicas não estão sendo reforçadas para que o sistema de imunização aconteça, de fato! 

Nosso poeta, Mínison Domingos, da cidade de Matipó, leste mineiro deixa um importante relato poético que perpassa desde o início desse ano que estamos vivenciando: 



A COVID não havia sido convidado 


Eram meados de fevereiro, 

Na Itália era desespero, 

Às vésperas do Carnaval, 

“Ah esse vírus num faz mal”... 

Afinal, o que é mais importante que o carnaval? 


Fevereiro era o mês, 

O primeiro caso, dia vinte e seis, 

Era apenas uma vida, 

O ano começa depois da quarta-feira de Cinzas, 

Ah! Que triste sina. 


O mês seguinte, um fiasco, 

Primeira morte, dia doze de março, 

O susto começou, 

O mundo se ajoelhou, 

E o Brasil não parou. 


De repente os números aumentam, 

Alguns duvidam! 

Outros inventam! 

Alguns pedem pra fechar tudo, 

Outros acham um absurdo, 

Outros perdem de familiares à emprego, perdem tudo.   


Disseram que só atacava os idosos, 

Meu Deus será que estavam sóbrios? 

Quem não respeita o pai, o avô, 

Creio que no pior já se tornou, 

Que triste realidade o país chegou. 


Alguns protestam, eram centenas de milhares de casos. 

Alguns tomam decisões extremas, outros se dão ao descaso, 

E fecha tudo, de repente, 

Parecia inteligente, 

Não combinaram e divergiram com o presidente. 


Cai o ministro da saúde, 

Afinal, cada um que lute, 

E se perde vidas e empregos, 

Todo mundo com receio, 

Até os mais “granfinos”, agora, todos com medo. 


Era junho, dia dezenove, 

E nada se resolve, 

Reabrimos as portas, 

Um milhão de casos, cinquenta mil mortos, 

E se perde até os “modos”. 


O mundo inteiro buscando a vacina, 

Nós aqui, aplicando Ivermectina, Cloroquina... 

Alguns se salvaram, 

Tiveram bons resultados, 

Mas os estudiosos contestaram. 


Das sequelas dos remédios 

Às sequelas do tédio, 

Tudo sobe de preço, 

Toma conta de nós, o desespero, 

E pelas vidas perdidas.... 

Pouco respeito. 


Em agosto, cem mil mortos, 

E as eleições às portas. 

Era festa e churrasco, 

E um vírus tão carrasco, 

Deixaram de lado, 


Ou salvamos as vidas ou a economia, 

E aqui minha autocrítica: 

Eu ouvi o governo, 

Dizendo que não é coveiro? 

É o fim! Que desrespeito. 


E o auxílio “bombando”, 

O povo de tudo comprando, 

Menos consciência, 

Que está em decadência, 

Eu vi em muitos a face da demência. 


E os casos em dezembro, seis milhões e meio,  

Agora o grande medo: 

Como será o Natal? Será legal? 

Pra alguns, normal, 

Afinal... 

Mesas cheias, consciência vazia, 

Vazia também a mesa e o estômago de muitos, vazio também o estoque de paciência de tantos, 

Vazia também será a cadeira, 

De mais de duzentos e setenta mil brasileiros e brasileiras, 

Que na mesa não se sentaram 

E com suas famílias não cearam. 

Lá fora, os sinos bateram 

Se de tristeza e luto, ou de natalinos festejos... 

Fica aí a decisão com você! 




Por Christian Maia  |  PUC Minas 

Por Dione Afonso  |  PUC Minas 

Por Mínison Domingos  |  Matipó-MG 

16 de março de 2021 

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Foto: Imagem de health.com / Pinterest.

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