31 Dec
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Enquanto que o primeiro ano de What...If subestimou o seu potencial entregando um final previsível e clichê, agora, a nova leva de episódios nos faz viajar com Carter entre episódios, afim de consolidar sua grandeza enquanto uma heroína de verdade. A.C. Bradley e Matthew Chaucey, que assinam o roteiro, usaram uma linha narrativa tirada do melhor episódio da primeira temporada, aquele que apresenta o Doutor Estranho Supremo. O Vigia, o grande narrador dos fatos e das possibilidades meio que intervém na história e se apresenta ao Mago Supremo. Depois que Steve Strange perde seu coração, o amor de sua vida, ao invés de perder as mãos, ele decide reparar o mal que fez e restituir todo um universo só pra trazer de volta a sua Christine. 

Desta vez, as donas do melhor episódio na segunda temporada é de ninguém menos que Viúva Negra, a Natasha Romanoff e de Peggy Carter, a Capitã Carter. Juntas, as duas vivem boas aventuras numa linha paralela e multiversal semelhando ao que Steve Rogers viveu em Capitão América 2:O Soldado Invernal (2014, Anthony Russo). O episódio também nos traz o grande deleite da Sala Vermelha que vimos em Viúva Negra (2021, Cate Shortland) trazendo de volta Melina Vostokoff, interpretada pela maravilhosa Rachel Weiz. Vostokoff e a Sala Vermelha, controlam o Esmagador Hydra aprisionando o raquítico Steve Rogers. O Esmagador carrega a missão de recrutar Carter para os experimentos da sala. O episódio é impecável com cenas de luta entre todas as Viúvas Vermelhas e as duas Vingadoras. 


Entre altos e baixos 

No primeiro ano de What...If? nós pudemos acompanhar um crescente entre um episódio e outro. Por mais que as coisas estavam ficando previsíveis e tudo se culminava numa nova formação de equipe de heróis mais poderosos da terra, a experiência foi satisfatória. Seu novo ano, porém, não mantem a mesma sequência de crescimento. Muito pelo contrário, os episódios não parecem trabalhar numa linha satisfatória e o que assistimos foi de altos e baixos entre uma história e outra. O que foi satisfatório? Ver o planeta Sakar mais uma vez com todas as suas cores e humor gerado pelo Grão-Mestre e acompanhar Tony Stark perdido no espaço por ter ficado preso no buraco de minhocas após vencer Thanos em Nova York. Perdido, ele cai em Sakar, onde terá que enfrentar Grão-Mestre afim de conseguir sua saída de lá. 

Em Sakar, o Homem de Ferro conhece Valkyria e a filha de Thanos, Gamora. Esta o encontra com a missão de recrutá-lo e levar ao Titã. O episódio começa ótimo, mas termina xoxo e sem graça. O que não foi tão satisfatório assim? Ver Hela deixando de ser a deusa da Morte e se tornando numa guerreira pacificadora e numa espécie de deusa da Vida. Não foi legal. Sem graça e sem motivações que sustentassem a história daquele ponto de vista. Hela se encontrar com o portador dos Dez Anéis foi até uma boa experiência, mas o que se fez deste encontro não emplacou muito. Happy Hogan se transformando num Hulk Roxo também foi criativo. 

Um detalhe que é preciso levantar é das versões que o Soldado Invernal, o Buck ganhou nesta temporada. Primeiro, no episódio em que Peter Quill é entregue ao pai Ego e decide dizimar a terra, ele precisa enfrentar os Vingadores e a ira do Soldado Invernal. A S.H.I.E.L.D., que é comandada pela Peggy Carter, precisa fazer Buck Barners acreditar em sua bondade e deixar o garoto viver. Foi inteligente e nostálgico trazê-lo para esta aventura com a mesma personalidade do segundo filme do Capitão América. Que ainda luta entre as identidades do assassino frio e o amigo generoso Buck Barnes: “Steve Rogers confiava em você”. 


Peggy Carter e sua trajetória nesta temporada 

Os dois últimos episódios funcionam como parte 1 e parte 2. Nesta versão de 1602, Steve Rogers é uma espécie de Robin Hood e isso foi muito bom, divertido e engraçado. A Marvel nos atacou de cheio em explorar mais uma vez a história de amor entre Carter e Rogers: “nós nunca conseguimos ter o nosso final feliz”. Em 1602, a Carter não está viva, então, meio que esses dois nunca conseguem ficar juntos. A Feiticeira Escarlate decide trazer Carter para este universo, pois acredita que ela é a chave para vencer Doutor Estranho. Aqui, Thor faz as vezes do rei e, quando perde sua irmã Hela para o buraco que anda sugando os heróis, ele culpa Capitã Carter por este mal. 

A Capitã Carter é o grande eixo, a linha condutora de toda esta temporada. Desenvolve uma amizade perfeita com Romannof e assume a frente das lutas e guerras tal qual o Capitão América fez nos filmes do MCU. No melhor episódio da temporada, em que, unidas, enfrenta e destroem a Sala Vermelha, Carter é sugada por um portal multiversal conjurado pela Feiticeira Escarlate de 1602. Wanda Maximoff e Nick Fury trabalham juntos para defender a terra de uma grande ameaça. Quem é a ameaça? Pois é, ele mesmo, o Mago Supremo. É essencial dar uma conferida em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022, Sam Raimi) e conferir o episódio 4 da primeira temporada de What...If?. Em 1602, o grupo dos Vingadores enfrentam Doutor Estranho Supremo que está colecionando vilões e heróis afim de lança-los numa forja para que o planeta que ele destruiu volte a existir. 

Carter é recrutada antes do Mago encontra-la e ela se une a Kahhori, uma personagem novata do MCU, originário dos povos tradicionais no norte da América, para tentarem vencer a maldade de Doutor Estranho. O que é mais interessante ainda é que o Vigia, que nunca antes interfere, desta vez tece diálogos com Carter. Ela o vê, o ouve e ele a responde, conversa com ela e a alerta do perigo em querer intervir no curso das histórias. Nessa versão multiversal, o Vigia acredita que é preciso deixar as coisas acontecerem sem intervenção, Carter e Kahhori sentem-se na obrigação de salvar aqueles heróis e não permitir que o Doutor Estranho sacrifique todos para recuperar um planeta que ele mesmo destruiu. É este o resultado quando se perde o coração ao invés das mãos. 

Portanto, estamos diante do anúncio da terceira temporada de What...If?, e, o nosso desejo é que as histórias multiversais possam explorar com mais coragem as possibilidades infinitas de seus personagens.





Por Dione Afonso  |  Jornalista

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