20 Jul
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Entre metalinguagem, filosofia e crise de sentido, Loki, é a terceira produção da Marvel Studios para o Disney+. Abrindo essa nova fase com a narrativa do luto em WandaVision e com as temáticas sociais e polêmicas em Falcão e o Soldado Invernal as séries da Marvel começam a costurar um novo universo de heróis. Com seus 6 episódios na primeira temporada, o personagem Loki, Príncipe de Asgard, embarca numa viagem atemporal. Uma aventura que a princípio não influencia na linha temporal da Marvel. No entanto, Loki torna-se o estopim para algo maior. 

Protagonizado por Tom Hiddleston, o Deus da Mentira, Loki se torna um dos vilões mais carismáticos do MCU e conquista o público. Hiddleston entrega a melhor fase de seu personagem e viaja por um tempo paralelo ao real onde ele, o novo Loki que, na verdade é o atual, mas que não é o recente, mas que é o Loki, não o Loki de Guerra Infinita, mas o Loki do Loki... ENTENDERAM? 

Pois bem! É mais ou menos isso. O recurso da metalinguagem usada para ilustrar a AVT e também as teorias que rondam os personagens nessa realidade onde nem as gemas do infinito tem serventia é uma nova sacada da Marvel em esfregar na nossa cara que “nós fazemos o que quisermos”. Controlamos o tempo, as ações e até a finitude. Se antes vimos os heróis em sessões de terapia para se encaixar no novo mundo, agora, Loki entra num processo terapêutico com ele mesmo para compreender o que ele realmente busca. “Eu não sou mal. Eu não gosto de ferir as pessoas. Eu não desejo matar ninguém. Nunca quis que ninguém morresse ou sofresse”. (Atenção, há spoilers a partir daqui).


Portas abertas para o multiverso 

Para carimbar uma teoria que há tempos a Marvel estava segurando com mão forte, a realidade mutiversal agora escorre por entre os dedos e se instala na nova fase do MCU. O multiverso foi confirmado! Essa primeira temporada de Loki, por mais que tenha uma narrativa do personagem e de seus dramas pós-Thanos, percebemos que toda ela serviu mais de trampolim e de possíveis futuras justificativas. É quase que afirmar que a produção serviu para inserir a realidade do multiverso nas futuras tramas. Claro que isso seria recorrer ao recurso apelativo da crítica. Não se trada disso. Mas, parece. 

Após uma abertura "a lá" deus da mentira, Loki pisa no freio e investe mais na monotonia do personagem do que nas ameaças globais. Inserindo uma personalidade híbrida, o carisma e o humor do (vilão?) faz o que a Marvel sabe fazer de melhor: plantar inúmeras dúvidas em nós sobre o futuro de determinada história. Claro que aqui não fica diferente. O personagem de Owen Wilson, o agente Mobius tenta, a todo custo, conquistar um posto de prestígio na organização prendendo a ameaça que está assassinando seus agentes. Ainda não fica claro que relação ele construirá com Loki. Mas sabemos que desta, boas cenas de sarcasmo e trapaças irão surgir garantindo assim o humor suficiente pra produção manter-se alta no gosto do público. 

Por fim, revela-se o que está por trás das cortinas de toda aquela organização da AVT: o vilão maior, Kang, o Conquistador, interpretado por Jonathan Majors. Majors já tem confirmação no elenco do próximo Homem-Formiga e Vespa e, ao que tudo indica, um grande vilão está para ser construído. Sobre o multiverso muito pouco sabemos. Mas, o simples fato de ter a confirmação de que ele agora é cânone no MCU, já esperamos grandes reviravoltas. 


Comportamentos e diversidade 

Loki é a mais nova investida da Marvel Studios para garantir sua perenidade e atualizar discursos sociais e humanos em narrativas de super-herói. Recentemente, a DC Comics foi bombardeada ao tentar trazer para as telas uma cena mais picante entre os personagens do Batman e da Mulher Gato em que viveriam uma paixão explícita. Isso não é coisa de herói fazer, afirmaram os críticos ressentidos que se sentiram violados e abusados. 

Estreando durante o mês de junho, com episódios semanais, a primeira temporada de Loki teve 6 episódios. Conhecido como o deus da trapaça, Loki está longe de ser o melhor personagem da Marvel e muito menos o melhor vilão que ela já desenvolveu até hoje. Ademais, seu carisma, espírito cômico, humor, e o jeito espirituoso de lidar com situações ganham o gosto do público que aplaude motivos para se divertir. 

Quando vimos em Falcão e o Soldado Invernal a luta política que Sam Wilson (Anthony Mackie) teve que enfrentar para trazer à realidade um Capitão América negro em pleno Estados Unidos, percebemos que “coisa de herói” é lutar pelos direitos do povo. É lutar pela aceitação, amor social e amor próprio também. Lutar pela diversidade, pela liberdade. Coisa de herói é ser humano e fazer o que um bom homem, mulher, jovem e criança estão dispostos a fazer ao se deparar com uma vida em risco. 

Rica com seus mais profundos diálogos, a série se mostrou cada vez mais intimista e pessoal. O roteiro não titubeou em aprofundar em temas bastante pessoais da personagem. Com a primeira temporada de Loki e com o protagonismo de um personagem que transitou entre vilão até fiel irmão e um herói aos olhos de alguns, a Marvel torna cânone a presença de um personagem LGBTQIA+ em seu universo cinematográfico. Um grande passo. 

Loki está confirmada para a segunda temporada ainda sem data. Todos os episódios da primeira temporada estão disponíveis no Disney +.




Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

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