19 Jul
19Jul

Quase 30 anos depois de Twister, dirigido por Jan de Bont com Bill Paxton e Helen Hunt protagonizando o casal de cientistas dispostos a salvar a vida de milhares de pessoas ao tentarem desviar a rota de um tornado, agora Twisters traz o estrelado de Glen Powell que não sai mais das salas de cinemas há mais de um semestre ao lado da incrível Daisy Edgar-Jonas. Por mais que o novo filme dirigido por Lee Isaac Chung se classifique como uma continuação, dando forma a uma possível franquia, não há a necessidade de assistir ao clássico – mas, recomendamos porque ele é um ótimo filme – para compreender a história que se segue aqui. O centro narrativo é diferente: enquanto o casal de 1996 tentam controlar um tornado, agora, o grupo de jovens pesquisadores querem entender como que este fenômeno da natureza se comporta. 

Edgar-Jonas é Kate e Powell é Tyler. No elenco, é importante os papeis de Anthony Ramos como Javi e de Brandon Perea como Boone. Temos também uma participação honesta de David Corenswet – o ator que dará vida ao novo Superman de James Gunn – que interpreta Scott. Com uma sobrecarga dramática sobre luto e superação, o longa começa nos mostrando uma equipe de jovens pesquisadores que são pegos por um tornado maior do que esperavam deixando vivos apenas Kate e Javi. Anos se passam e, enquanto ela se tranca numa sala de pesquisa, atrás de computadores, Javi tenta ganhar a vida afim de custear seu projeto científico. Os dois se juntam novamente e, agora, ao lado do insuportável Tyler, eles precisam lidar com as diferenças enquanto Kate busca um novo sentido para seu trabalho. 


Mais que uma sequência, uma homenagem 

É impossível não assistir ao segundo filme sem se lembrar das emoções e da experiência rica que tivemos com o primeiro. Por ser popular e diversas vezes reprisado na TV aberta, é possível que muitos de nós o assistimos. Bill Harding (Paxton) e Jo Harding (Hunt), são dois apaixonados pelos eventos da natureza e as transformações climáticas. Eles enxergavam nos tornados não uma ameaça à vida, mas um desabafo dos céus e uma fúria descontrolada da natureza. Poder entende-los, estuda-los, pesquisar maneiras de direciona-los para fora das cidades era uma via de mão dupla: enquanto se apaixonavam cada vez mais por eles, podiam “adestra-los” afim de não causarem muita destruição. 

Os poucos recursos – do cinema e da narrativa que Bill e Jo protagonizam – se encontram com a inovação, a tecnologia avançada e as oportunidades científicas de Kate, Javi e Tyler. Ela se aproxima da dupla de 1996: apaixonada pelos céus, ela consegue ler cada pedacinho e ouvir cada rumor do vento. Kate conversa com as nuvens e os ventos. Kate se sente cada vez mais feliz, na medida em que o tempo muda ou o ar se sobrecarrega. Entender os motivos da formação dos tornados, para ela não é uma missão, mas um sentimento que a liga com eles. Javi, um jovem sonhador que corre atrás de recursos para financiar sua pesquisa sobre os tornados, encontra-se numa encruzilhada: precisa decidir se quer continuar fazendo o bem aos outros ou se vai se submeter a uma empresa que só pensa em lucrar com os desastres ambientais. 

No meio desse dilema entre os dois amigos, surge o cara que estamos vendo nas telonas desde dezembro do ano passado, Glen Powell, como Tyler, o rapaz chato, insuportável, que ama os likes e os views do YouTube a cada aventura que ele e sua equipe se submetem diante de um tornado. É Tyler, que, ao ganhar mais espaço de tela, consegue plantar no coração de Kate aquela chama necessária para esquecer do passado e dar um sentido novo para o presente e para o futuro. Estudar os tornados era pouco para ela. Foi preciso descobrir um sentido maior, mais humano e social para encarar sua profissão e vocação: ajudar a quem fosse possível, já que, eventos climáticos como este não são evitados. 


Sem exageros no clássico de 1996 e também no de 2024 

Aqueles que afirmam que não curtem estes filmes por conta dos efeitos que provocam certos exageros diante das intempéries da natureza, afirmamos com toda a certeza de que não há exageros nestes dois trabalhos. Em 1996, vemos uma narrativa muito realista. O exagero, talvez se encaixaria num possível sonho científico de poder “ler” um tornado com a tecnologia Doroty que eles criaram. Mas, tal tecnologia é muito possível hoje. Ambos os trabalhos se preocupam com os realismos e coma veracidade do que que um evento climático como esse poderá provocar diante de uma cidade. É belo, é bonito, é significativo ver como que a perspectiva de Kate muda, ao entender que não basta entender os tornados, assim como, não basta saber que eles são inevitáveis, é preciso agir a favor daquelas tantas pessoas que estão no caminho deles e tentar salva-las. 

Kate consegue converter seu melhor amigo Javi, também desta tarefa. E por mais que o Youtuber Tyler entrou na história de forma inconveniente, atrevido e sem muita seriedade em seu linguajar, é sua equipe que consegue mostrar este outro lado da moeda. Portanto, o novo Twisters traz um protagonismo jovem que pode nos entregar uma grande franquia para frente. E mais que isso: eles nos mostram que o estudo pelo estudo; a pesquisa pela pesquisa; o saber pelo saber, de nada valem para nós, se não forem exercitado e se não nos levarem a nos encontrar com as outras pessoas e tentar salva-las da forma que pudermos.




Por Dione Afonso  |  Jornalista


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