11 Jul
11Jul

Infelizmente, não conseguimos pensar em The Flash sem que venha em nossa memória todo o escopo social de escândalos e situações perturbadoras que o protagonista do longa, Erza Miller se envolveu nos últimos meses. É fato que seu comportamento tenha afetado drasticamente e de forma bastante negativa o marketing do filme. Contudo, a obra não deixou de ser um marco histórico para 2023 na história de todo o cinema. Muitos diretores, atores e produtores vêm elogiando o trabalho que Andy Muschietti fez dentro do Universo da DC. E, corroborando as palavras do escritor conhecido como “Mestre do Horror” Stephen King, que, mesmo não gostando de filmes de super-herói “este é especial. É impressionante, emocionante e engraçado. Eu amei”, afirmou. 

Miller vive o jovem Barry Allen que se transforma num super-herói depois de sofrer um acidente e ser atingido por um raio. O filme explora, mais uma vez nas telonas, a realidade multiversal. A fala de King é carimbada por James Gunn, atual Presidente da DC e Henry Braham, o Diretor de Fotografia que já trabalhou com Gunn em O Esquadrão Suicida e Guardiões da Galáxia, vol. 3, afirmou que a complexidade do filme faz dele mais que uma simples história de super-herói. “Mesmo não sendo baseado na realidade ele pode se tornar muito mais real quando nos permitimos sonhar”, disse Braham. 


“The Flash” nos permite sonhar 

E The Flash é sobre isso: é sobre permitirmo-nos sonhar. O famoso meme “saudades do que a gente não viveu” nunca foi tão bem representado como Muschietti colocou nessa história que ele se permitiu sonhar. Andy Muschietti quando se pôs a dirigir este filme ele envolve em camadas de amor e respeito toda uma trajetória que ultrapassa os sentimentos da DC e atinge com nostalgia e lembranças outras nuances da Sétima Arte. 

É significativo explorar as fraquezas do personagem que, antes de ser um super-herói, ele é um ser humano que vive suas dores e dificuldades. É forte percebermos que o luto, o sentimento de perda não é algo fácil de ser superado, nem com quem, aparentemente, pode conquistar o que quiser. Até mesmo esse “o que quiser” tem seus limites e consequências quando não o respeitamos. Aquele que insiste em viver no passado, seja pela lembrança grata ou pela culpa e perda, perde-se no presente e nunca viverá um futuro. 

Traumatizado por um luto que desencadeou uma série de dor e culpa, Barry Allen decide usar sua velocidade e atravessar o tempo e o Multiverso. Desrespeitando as leis de “tempo e espaço”, o jovem decide “consertar” um passado afim de ter um presente menos sofrido. Contudo, mesmo tendo sido orientado pelo amigo da Liga da Justiça, Bruce Wayne, o Batman de Ben Affleck, Barry avança com um único sentimento: ter sua mãe viva de volta. 


“Mundos se Colidem” 

O slogan do filme “Mundos se Colidem” é uma perfeita síntese quando alguém decide intervir nos eventos naturais da vida. E, ao colocar os prazeres e desejos pessoais na frente de tudo e de todos, os mundos começam a ruir e realidades multiversais desaparecem, pois, coexistir não é o mesmo e existir no mesmo plano. Andy apresenta e homenageia situações reais em realidades justas e honestas. Ter presentes o Superman de Nicolas Cage, por exemplo, é uma grata lembrança que ninguém mais vai se esquecer. Um filme que nunca existiu, agora, eu posso acreditar que em algum multiverso, Cage vestiu a capa do Homem de Aço. O retorno do Batman de Michael Keaton e a consumação do Bruce Wayne de George Clooney é de encher os olhos e aquecer o coração. Nostalgia bem feita e inserida no momento certo em meio a um roteiro muito bem costurado. 

Honestidade é a palavra perfeita para responder aos insights que Andy teve ao decidir o que incluir neste filme. O Superman de George Reeves (1952-1958), homenageia a primeira série de TV do personagem; bem como o primeiro Flash das HQs, de 1940 protagonizado por Jay Garrick. Christopher Reeve e Helen Slater são Superman e Supergirl aparecem, pela primeira vez, juntos na mesma tela. Reeve vestiu o manto nos cinemas entre 1978 a 1987 e se tornou uma das versões mais famosas do Superman. Enquanto que Slater tornou-se a prima de Kal-El num derivado do Homem de Aço em 1984. O Homem Morcego também teve outro momento de glória: Muschietti não se contentou em deixar de fora o Batman de Adam West. Isso mesmo, aquela versão brega, mas muito divertida de 1960 nas TVs. 

Qual será o futuro de The Flash? Mesmo havendo rumores de possíveis sequências do primeiro filme, como afirmamos no começo, o envolvimento e os comportamentos do ator em situações não muito agradáveis podem ter diluído muitos sonhos da DC. Um The Flash 2 é visível que haveria considerando o grande gancho que o filme deixou com a apresentação de Clooney como o atual Bruce Wayne e não Bem Affleck, como seria o “normal”. Este filme resolveu o futuro de Barry Allen após os eventos de Liga da Justiça de Zack Snyder, contudo, não sabemos, ainda, que rumos James Gunn irá redigir daqui pra frente.





Por Dione Afonso  | Jornalista

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