19 Oct
19Oct

Quando o primeiro filme de Parker Finn chegou aos cinemas, seu roteiro simples e intenções pouco grandiosas acabaram agradando o público. O primeiro filme tinha uma razão pequena, mas nas entrelinhas, percebemos que o futuro de uma possível franquia poderia estar ali. Algo muito semelhante a Fale Comigocom a mesma inocência, o terror simples e barato conseguiu conquistar seu lugar em nossa lista de interesses. Uma sequência dois anos depois mostra que o interesse pela narrativa pode render mais e boas histórias. 

Desta vez, a obra decidiu investir numa estrela: Naomi Scott é Skye Riley, uma artista da música pop que, um ano depois de sofrer um trágico acidente de carro decide anunciar uma nova turnê. O que ela não esperava era que iria assistir a morte de um de seus amigos de um jeito muito assustador. O jovem Lewis [Lukas Cage] tira a sua própria vida com aquele macabro sorriso no rosto. Aquela entidade sobrenatural do primeiro filme não aparece desta vez com a mesma intensidade. O ato final de Sorria 2 é um tanto exagerado, mas não perde seu brilho. 


Sorrir pode matar 

Finn investe um pouco mais na maldição do sorriso e explora nuances inovadores em seu segundo ano. Skye tem um potencial de “contaminação” que pode fugir do controle, ao sorrir para uma plateia gigantesca. Algo novo neste segundo longa é que o público acaba torcendo pela Skye, algo que não suscita na protagonista no filme de 2022. Agora, Skye pode ter uma chance de sobreviver, caso consiga driblar a maldição do sorriso. Contudo, nossas teorias caem por terra quando percebemos que tal entidade é quem controla tudo, manipula tudo, cria imaginário e cenas que na verdade não estamos nem presentes nela. 

Scott é uma atriz fenomenal e entrega uma atuação fora do comum nesta narrativa. Uma jovem que só quer seu lugar de volta, passar uma borracha no passado e reescrever um novo capítulo em sua vida. Encontrar-se com uma maldição mortal não estava em seus planos, e, nem, muito menos, contaminar uma multidão de fãs também não. Finn também explora ainda mais o uso da câmera. Os sustos e o medo estão nas mesmas intensidades nos dois filmes. Desta vez, fotografar Scott em plano detalhe várias vezes, bem como repetir o movimento de câmera em todas as vítimas revela um crescente significativo da franquia. Numa possível terceira sequência queremos ver isso ainda mais explorado. 

Mesmo com apelos a velhos clichês do gênero, Finn não se deixa levar pela repetição. Ele faz disso sua força e inova inserindo novos elementos no gênero. O terror tem disso: as vezes se desviar demais do que é comum pode ferir uma narrativa que tem tudo pra dar certo. O que fazer nesta hora? Aproveitar a força que temos e explorá-la sem ter medo de inovar, ousar e colocar a criatividade a seu favor. Sorria 2 tem disso. Um pouco de ousadia e uma pitada de velhos costumes do gênero. Queremos mais e queremos ainda mais criatividade.



Por Dione Afonso  |  Jornalista

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.