08 Jun
08Jun

A franquia Invocação do Mal (The Conjuring, 2013 -) tem sido o melhor no gênero do terror. Apresentando o universo do casal Warren, ele enquanto um exorcista e ela uma sensitiva, o casal que investiga e resolve casos paranormais conquista o público com a química e o trabalho em conjunto entrando em contato com casos reais. A franquia consolida seu universo estendido no cinema e, com seus derivados que, mesmo caindo na crítica e não obtendo muito sucesso de bilheteria, mantem-se no topo. 

A volta de Michael Chaves (que também esteve em A Maldição da Chorona), aposta numa nova abordagem nesse caso. A Ordem do Demônio abandona o tradicional de provocar gritos e sustos e investe no suspense e no medo. Ed Warren (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) terão que lidar com uma nova ameaça e em novos cenários, como um tribunal, por exemplo, onde terão que proteger um caso de homicídio provocado por uma possessão demoníaca. (atenção, há spoilers no texto a partir daqui). 


Quando o mal é invocado 

“Se as pessoas e os tribunais e a justiça acreditam na existência de Deus; está na hora deles acreditarem nas ordens do diabo”, afirma Ed à advogada que aceita o caso do jovem Arne (Ruari O’Connor) que comete homicídio possuído por um demônio. O recente Invocação do Mal inova na abordagem, no cenário e na trama: quanto à narrativa, há o elemento de possessão que ultrapassa os limites de Ed e Lorraine. A filme evidencia de que o casal vem pagando um preço caro demais por se envolverem em caminhos tortuosos que o mal se personifica. Depois os cenários que tiram o casal da casa, do porão e leva-os à floresta e a um tribunal de justiça. E a trama que foca nos desafios dos dois e suga mais ainda a condição mental dos Warren. 

Menos sustos e gritos e mais medo e suspense. O roteiro investe na relação dos personagens, enriquece as relações e fortalece os vínculos criados. Iniciando com um exorcismo que não acaba bem, o demônio sai do pequeno David Glatzel (Jullian Hilliard) e entra no corpo de Arne (a pedido dele), e termina com Ed internado em estado grave tendo um ataque cardíaco provocado pelo espírito demoníaco. Alguns meses se sucedem e quando Ed retoma a consciência partilha com Lorraine que o demônio ainda está entre nós e possuiu o corpo de Arne. 

As cenas que se seguem é que são responsáveis em ditar o tom do longa de Chaves. O mal foi invocado (desculpem o trocadilho). E, se ele foi invocado, alguém teve que fazer isso, e aí, entra mais um novo item da franquia: agora o casal terá que lidar com um vilão humano. 


Invocação do Mal e o universo estendido 

Mesmo explicando o caso real, investindo num roteiro explicativo, o longa se preocupa em logo devolver para o público a trama principal. Há um caso de homicídio que foi comandando por um espírito demoníaco. Há alguém que trouxe o demônio para a parte superior da terra. Agora, é preciso descobrir qual o propósito disso. 

Ed e Lorraine se embrenham nessa história medonha e de maldade superior a tudo o que já haviam presenciado. Uma das melhores cenas que o filme nos entrega é quando o casal, num necrotério, decidem usar suas especialidades para desvendar quem está por trás disso. Enquanto Lorraine trava uma batalha com o vilão em outro plano real, Ed tem que lutar com um defunto que, de alguma maneira é reanimado. Lorraine descobre a identidade do vilão, que, na verdade, é uma vilã e Ed percebe que o perigo que os envolve é ainda maior. 

O desfecho dessa história coloca em xeque a credulidade e a fé do povo. O jovem é condenado a 5 anos de prisão, mas, pelo menos foi perdoado da pena de morte. A jovem namorada e noiva, e depois esposa de Arne teve uma personagem coadjuvante essencial e também muito bem desenvolvido. Enquanto um casal lutava contra o demônio, este casal lutava contra a maldade que estes espíritos provocavam nos homens. 

Ed e Lorraine mais uma vez se debilitam ainda mais, ficam fracos. O público percebe que a força vital dos dois se esvai aos poucos. O sobrenatural e o combate contra ele nos sugam e nos consome. O bem custa caro. E pode custar até mesmo a própria vida. 





Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

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