10 Jul
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Rua do Medo 1978, Parte 2 faz um ótimo trabalho dirigido por Leigh Janiak. O primeiro filme de uma trilogia já planejada preocupou-se em consagrar elogios a grandes clássicos do slasher do cinema dos anos 70. Contudo, em meio a tantos eastes eggs e a elogios sem miséria, o enredo central do longa ficou prejudicado. Primeiramente o público se encantou muito com o casal de protagonistas Deena e Samantha (Kiana Madeira e Olivia Welch). Introduzir como trama central um casal gay representa muito para filmes do gênero. Segundo, o cômico terror atrelado ao assassino em série possuído por uma maldição também foi eficaz para segurar o público até o final da história. 

Agora, o segundo filme da trilogia adaptada de R. L. Stine sabe perfeitamente segurar o ponto fulcral deixado pela última cena do anterior e lança-nos num passado ainda mais cativante e cheio de mistérios. Alguns deles já são até respondidos. A lista de monstros que surgem no primeiro filme ganha, no segundo, sua origem. Agora, o porquê deles saberemos (ou não) no último filme (atenção, há spoilers a partir daqui).   


Rua do Medo Parte 2 concentra-se mais na história 

Deixando um pouco de lado o protagonismo das meninas Deena e Sam, o longa lança-nos para onde tudo começou antes da maldição de Shadyside chegar até elas. Engatando na mesma cena em que a história anterior se encerrou, Deena e Sam procuram a única mulher que sobreviveu até então à onda de massacres inexplicáveis na cidade. As irmãs Cindy e Ziggy (Emily Rudd e Sadie Sink) protagonizam a segunda parte do longa sendo que Cindy assume a narrativa da história. O que é interessante nesse segundo capítulo é que duas mulheres voltam a comandar a história. Duas irmãs, de gênio completamente diferentes, com sonhos diferentes, tentam viver cada uma a seu jeito superando as afrontas dos moradores da cidade vizinha, Sunnyvale. 

O que é destaque nessa trama é que Ziggy é aquele típico de estudante que não sabe lidar com os bulliyng, com os xingamentos e com a cobrança de colegas que insistem afirmam um certo “padrão normal” de boa convivência em comunidade. 

A geração Z vai se identificar muito com os elementos do acampamento, estudantes que quebram regras, algumas cenas em que os hormônios estão à flor da pele entre um casal de “ficantes”, drogas, cigarro, bebidas... coisas que não fogem a uma anormalidade do contexto de um colégio. Enquanto Ziggy tenta lidar com tudo isso, Cindy é o típico estudante que está focado no seu futuro, que tem dificuldade em entender coisas que fogem da lógica natural e que tem novo de certos pudores prazerosos. 


Menos explicações e mais história 

O que nos convida a voltar a atenção para Rua do Medo, 1978, parte 2, é que Janiak não quer mais explicar o porquê de cada ação e nem o motivo disso ou daquilo. Trabalhando mais as relações entre os personagens, como os conflitos entre as duas irmãs, a relação de Ziggy com Nick (Ted Sutherland), que é o futuro xerife que apareceu no filme um, e a amizade de Cindy com Alice (Ryan Simpkins). Essas relações, algumas vezes cômicas, outras tensas foram o que deram tom a toda a história. A forma de introduzir o elemento da maldição aconteceu de modo mais leve e natural, nada forçado e nem apelativo. 

Ademais, o filme não deixou de elogiar seu gênero. O típico Sexta-Feira 13 ficou claramente referenciado com o personagem Tommy Slater (McCabe Slye). Após ser “escolhido” por Sarah Fier (a bruxa), ele sai assassinando adolescentes do acampamento, seja os que estavam fumando droga ou quem tivesse acabo de transar às escondidas. Há muito mais sangue que no primeiro filme. Mas as cenas aconteceram de forma equilibrada e com um pouco de humor. 


Como será o fim de tudo isso? 

Portanto, agora, antes do capítulo final, vemos o que ninguém esperava. A sobrevivente do acampamento, Cindy, convoca o xerife, Nick que, no passado havia escondido todo o acontecido afim de não perder a chance de ocupar o posto que conquistou depois. Cindy e Nick de um lado e Deena do outro que, ao devolver a mão de Fier ao corpo, uma nova conexão amaldiçoada acontece. 

O capítulo final vai retroceder um pouco mais e ir para 1966. Parece que o passado de Fier e toda a sua vingança e desejo de sangue e morte será revelado. Como a história das bruxas lançadas à fogueira e como seus monstros são escolhidos também é outro ponto que precisamos de descobrir. 

Por fim, o primeiro filme não funciona sem o segundo. E o segundo é muito bom em relação ao primeiro. Apesar de um ser conectado ao outro, é claro como que eleva o nível de qualidade e de narrativa. A trilogia de Janiak parece querer entregar muito mais que uma homenagem ao estilo slasher do terror cômico. Ele entregará para nós uma história que une diversão e mistério numa mesma cena cheia de sangue.




Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

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