16 Jul
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Leigh Janiak dirigiu a trilogia mais por inspiração que por adaptação das obras de R. L. Stine. A Netflix divulgou o último filme dessa trilogia que percorreu referenciando grandes títulos do cinema slasher e também dos terrores da década de 1990 a 1970. No entanto, a trama de adolescentes sofreu com suas indicações por faixa etária por conta das cenas sanguinárias nos três filmes. Isso dificulta na hora de qualificar a obra como um todo e ainda mais, separadamente. 

A trilogia Rua do Medo cumpre com seu propósito se este era nos divertir. Mas, é fraca se seu intuito era intimidar e entregar um grande nome do terror. O terceiro filme pisa no freio ainda mais que o primeiro e se aventura num passado de bruxaria para trazer-nos de volta à trama central que envolveu as jovens Deena e Samantha (Kiana Madeira e Olivia Welch). O elenco é incrível. As atuações e a relação construída entre eles foi o grande sucesso do filme. (atenção, há spoilers a partir daqui).   


Rua do Medo 1666 parte 3 

O terceiro filme da trilogia então coloca Deena num protagonismo ainda maior. Prestes a pôr fim à maldição sobre Shadyside, Deena se vê novamente presa ao mistério. No passado, ela descobre que Sarah Fier não era uma bruxa e  que, por conta até mesmo da ignorância, da falsa religião e até mesmo do preconceito do povo, ela foi condenada à morte por se envolver com outra garota. Fier, então é perseguida, condenada à forca. Contudo, ela sabia de onde vinha a maldição, sabia quem era o culpado por tudo. 

E aí, o terceiro filme ganha o seu mérito: um grande plot twist nos faz voltar ao primeiro filme. O xerife local, Nick (Ted Sutherland) é descendente de Solomon, o grande responsável por invocar a mesa de pedra e trazer a maldição por sobre a terra. De pura maldade, Solomon só visada prestígio e poder. Cargos de alto escalão em sua cidade Sunnyvale enquanto amaldiçoava a outra, Shadyside. 

Quando Deena enxerga quem está por trás de toda a história, ela torna-se a próxima vítima dos monstros de Nick. E, une-se a Ziggy para dar fim a toda essa trama. O resultado que recebemos é bem mais sobre a relação de uma amizade e de um amor gay do que sobre monstros e perseguições vindos de algo sobrenatural. 


Questões de adaptação e da história em si 

Sabemos reconhecer que os três filmes têm problemas com a adaptação de Janiak e Stine. As referências com os anos 90, 80, 70 não são tão grandiosas assim e não nos cativa. Trilha sonora que não faz jus à obra e comportamentos das personagens que mais nos faz sentir em 2020 do que em 1980. Percebemos que os filmes poderiam ser mais leves e algo bem para adolescentes se divertirem e até se emocionarem. As tentativas de sustos e medo do horror não funcionaram. No entanto, Rua do Medo funciona como algo bem divertido sim, mas com faixa indicativa para maiores de 18 anos. É importante ressaltar que o relacionamento das jovens Deena e Sam é a narrativa central que percorre toda a história. E, quando o terceiro filme volta ao passado, percebe-se que entramos num contexto de grande ignorância e preconceito da época e que isso reverberou por décadas até hoje. 

Família. Vimos isso também com as irmãs Cindy e Ziggy (Emily Rudd e Sadie Sink) e com Deena e seu irmão Josh (Benjamin Flores Jr.). Entre as irmãs, sentimos que a relação delas funcionou como um acerto de contas e uma superação de diferenças. Entre Josh e Deena, vimos o quanto é importante estreitar laços e reconhecer os talentos de cada um.




Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

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