21 Oct
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“Natal de 1994.

Por todo os Estados Unidos, milhares de pais faziam fila durante dias inteiros à porta das lojas de brinquedos para conseguir os acessórios de uma série incrível infantil em que  cinco adolescentes – na verdade, na faixa dos 20 anos, como diz a tradição – com roupas de lycra de cores berrantes lutavam com figuras de isopor que seriam ridículas até em uma apresentação escolar. A série se chamava Power Rangers, o nome de sua equipe de heróis e heroínas, e provavelmente essa indisfarçável cafonice era um dos segredos de seu sucesso”.

[EL PAÍS, 2020, Matéria de Eva Güimil].


 

Originalmente conhecido como Mighty Morphin Power Rangers, no Brasil se consagrou simplesmente como os Power Rangers. Criados em 1993 por Haim Saban e Shuky Levi, a série tem como enredo principal um grupo de adolescentes que são escolhidos para proteger o mundo de invasores alienígenas. O gênero japonês Super Sentai ganhou força e fama quando os Power Rangers invadiram a TV e tornou-se uma série dona de uma franquia promissora.

A série original durou três anos ficando no ar até 1995 sendo coroada pelo filme: Power Rangers O Filme. Em 1996 a série adota o nome Power Rangers e a partir da quarta temporada começamos a conhecer as versões de Power Rangers, Zeo, Turbo, No Espaço, Lost Galaxy. As outras denominações deixaram o projeto inicial e não foram incluídas no “cânon” original do Mighty Morphin Power Rangers.

O cinema ganhou mais uma produção com os Power Rangers Turbo em 1997. A vilã Rita Repulsa dá lugar à DivaTox. Muita nostalgia nos preenche quando relembramos esses clássicos de grande sucesso da infância. A trilha sonora de Aaron Waters “Go Go Power Rangers” é um marco e até hoje ela faz sucesso, sobretudo no reboot de 2017 ela foi retomada. Uma das poucas coisas que se salvam desse longa da Lionsgate.


A premissa original é ótima e possível de contextualização

Jamais teríamos a pretensão de reescrever um roteiro que já funciona tão bem nas telinhas (nas telonas, nem tanto). Mas, quando lemos “dois astronautas em expedição ao planeta Marte encontram uma espécie de cápsula. Ao abrirem percebem que libertaram um poder que não são capazes de controlar e que pode pôr em risco toda a vida do universo”. Ora, essa premissa é muito bem pensada e possível ser contextualizada. Ainda hoje a ciência busca subterfúgios e meios promissores de vida em Marte. Uma repaginada dos Power Rangers de 2020 poderia atualizar essa empreitada científica e “consertar” o que o reboot de 2017 não deu conta.

Com tamanho poder de destruição e de maldade libertado, Rita Repulsa e sua gangue iniciam um plano de destruição e dominação a começar pelo planeta mais próximo. A Terra. Claro que forças do bem já viviam entre nós. Talvez o reboot de 2017 tenha falhada horrivelmente nessa parte ao revelar que uma espécie de “nave” subterrânea estaria escondida no solo dos terráqueos. Parece que esse enredo não convenceu a legião de fãs de mais de 30 anos fieis aos Power Rangers.

Zordon e Alpha 5 são seres intergalácticos que, pressentem forças do mal quando essas estão próximas demais. Mais uma coisa: o enredo original conta que “5 jovens foram recrutados, selecionados entre os humanos. Jovens com coragem, determinação e força de vontade”. O reboot inverte essa lógica e coloca 5 jovens aleatórios numa mina em escavação que, por algum acaso encontram as moedas do poder. Não. Os fãs começaram a reclamar: “não foi assim que aconteceu. Isso está errado...”.

Portanto, manter a lógica da seleção, não premeditada, mas, previamente observada é o melhor caminho. Manter a originalidade da história e contextualizar com as situações emblemáticas e polêmicas atuais é um casamento perfeito para que os novos Power Rangers possam entrar em ação e serem novamente vistos nas telonas.

A Alameda dos Anjos pode muito bem estar localizada nos arredores de San Francisco, Califórnia, usando um pouco das histórias fictícias ou não dos adoradores e admiradores do Vale do Silício. É um bom motivo inicial para que jovens de nações diferentes, costumes e culturas diferentes estejam num mesmo lugar. A busca por conhecimento, boa formação tecnológica acadêmica e oportunidades é uma prerrogativa que ainda vende muito bem.


O que esperar do futuro para os Power Rangers?

Agora, uma nova era parece se iniciar com a Hasbro e o diretor e produtor Jonathan Entwistle. Um Universo compartilhado entre TV e Cinema está sendo cogitado para um novo reboot, um recomeço de uma franquia que tem todo um potencial de se reerguer. Entwistle promete “deletar” as promessas feitas com o último reboot. Seu trabalho com as telas em série terá um universo compartilhado com as telonas. Igualmente o que a Marvel fará em sua Fase 4.

Jason (Ranger Vermelho e líder), Kimberlly (Ranger Rosa), Trinit (Ranger Amarela), Zack (Ranger Preto) e Billy (Ranger Azul). Cinco jovens. Cinco nacionalidades. Cinco representatividades dando vez e voz a uma diversidade de gente, homens e mulheres de todo o mundo. Podemos atualizar? Podemos. Jason, europeu, alto e forte. Trinit, asiática, mais tímida, lésbica. O Zack é alegre carismática e dará ao grupo as cores e a dança da África. E Billy, ah, o Billy. Um nerd norte-americano que sofre bullying e discriminação por não se encaixar nos padrões esbeltos da moda e da beleza.

Futuramente teremos a Ranger Verde. Sim. Poderia ser uma mulher. Ao invés de Tommy, ela seria Tinna. Negra, índia e brasileira, representando a nação latinoamericana. E, futuramente, Jason poderá passar o manto da liderança para uma Ranger Vermelha. Por que não uma mulher se tornar líder da equipe, já que a história ainda não nos permitiu viver isso?

Precisamos reafirmar que todo esse palpite aqui é apenas uma versão não original que o cicatriz.blog resolveu criar. Imaginar em como poderia ser essa nova geração de Rangers levando em conta a atualidade e o contexto em que o mundo vive hoje. Nada desse roteiro é oficial. Só decidimos criar um pouquinho... Mas se o Jonathan quiser umas ideias, é só chamar a gente... rsrsrsrs...


Go Go Power Rangers

Com a novidade da Hasbro e a contratação de Entwistle nas novas produções da TV e Cinema, um futuro promissor para o novo time de heróis nos aguarda. Sem ainda confirmação de data e de elenco, Nick Meyer, presidente da eOne, com o qual a franquia fecha parceria para as produções, diz estar muito animado e afirma que “Jonatham é tudo o que a nova geração dos Power Rangers precisa”, segundo o THR.

A Alameda dos Anjos estará de volta, e esperamos que a modernidade, e as novidades tecnológicas sejam adaptadas na nova franquia, trazendo no enredo novas oportunidades, vozes e representatividade para o cinema e para as telinhas.


“Esta é uma oportunidade inacreditável para entregar novos Power Rangers tanto para as gerações atuais e quanto para os fãs já existentes. Vamos trazer o espírito analógico para o futuro, aproveitando a ação e a narrativa que fizeram desta franquia um sucesso”

(NICK MEYER, via The Hollywood Reporter, 2020)



Por Dione Afonso

Jornalismo PUC-Minas

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