17 Mar
17Mar

Um slasher dentro outro. Uma metalinguagem excelente, muito bem construída e bem roteirizada. Uma piada dentro da outra e, claro, um ghostface melhor que o outro. Quando o quinto filme da franquia foi anunciado e chegou aos cinemas, a nossa grande dúvida seria o que mais poderia ser feito com uma franquia que já era grande sucesso, mas, que, já teria dado tudo de si. Aí, o filme chegou e soube provocar uma reviravolta necessária para atualizar e apresentar uma nova história sem perder a nostalgia e a identidade do que Scream representa para os slasher do terror. Sidney Prescott foi perseguida e “amaldiçoada” nos quatro filmes anteriores e, parece que no quinto filme, era necessário encerrar essa narrativa com ela e com Woodsboro. E aí, o roteiro introduziu as irmãs Carpenter. 

Agora chegamos ao sexto capítulo desta história. Woodsboro e Prescott ficaram para trás e, pressupõe que Ghostface e suas atrocidades violentas e sanguinárias também... contudo... Mudar-se de cidade não pareceu o suficiente para proteger a família. Sam e Tara Carpenter (Jenna Ortega e Melissa Barrera), agora no centro de Nova York tentam iniciar uma nova história, mas, infelizmente, com novas perseguições, novos sustos e mortes. Pânico 6 é ótimo, necessário e muito, muito bem quisto para que a franquia dê um passo com novos ares, permitindo novos fôlegos para o futuro. Pânico 7 parece que já está a caminho e tudo o que queremos e mais, muito mais. 


O poder da metalinguagem 

A metalinguagem é um recurso gramatical linguístico que é usado para dizer sobre algo usando outra linguagem comum, ou não. Nos filmes de Pânico, o recurso é muito bem utilizado quando os filmes slashers é usado para falar de outros filmes slasher (isso é visível quando Pânico é usado para falar de Facada). Nesse caso, em específico a metalinguagem usa de linguagens idênticas para falar do mesmo tema. O recurso, quando bem utilizado, independente do estilo textual – escrita ou não – é poderoso e enriquece o produto final. Esse é um dos grandes motivos que fazem a franquia ser muito bem aceita e avaliada pelos críticos. Geralmente slashers são produções do terror de baixo orçamento, mal feitos, mal produzidos, mas, digamos que Pânico salva a classe e entrega algo muito bem produzido, contando com os mesmos recursos baixos. 

Outro recurso muito bem avaliado nos filmes Pânico é o seu tom cômico e ridículo no sentido de piadas fracas e ruins, mas que são bem aproveitadas em seus times certos. A franquia, inclusive chegou a ser “elogiada” por uma outra ainda mais galhofa e cômica, mas parece que não foi muito pra frente. Porém, nos filmes originais, a piada é bem-vinda no contexto do terror, principalmente quando se é um terror slasher ou gore. Nesses, o medo, assombro ou o pavor não são, necessariamente itens essenciais para o filme. Em Pânico 6, mesmo que seu tom tenha tomado um ritmo mais trágico e sangrento, digamos que a identidade do que faz um filme Pânico ser o que é não se perdeu. 


O mistério do Ghostface 

Mesmo com a mudança de perspectiva do novo Pânico, os diretores e sua equipe de produção deixaram bem claro que a franquia vai mudar o rumo da história de Pânico. Não se trata apenas de não continuar mais com o arco sobre os ombros de Sidney Prescott e sua cidade, mas vai mais além do que isso. O mal, a máscara assustadora não tem limites, não só geográficos, mas também psicossociais. Agora as irmãs Carpenter são as “amaldiçoadas” da franquia mais famosa do cinema e precisam lidar com os traumas do passado – assim como Sidney – e enfrentar as consequências do futuro. Elas terão que confiar desconfiando de seu círculo de amizades e lutar contra o mascarado com sede de sangue. 

Quando os filmes encerram o roteiro revelando os assassinos, os roteiristas garantem originalidade na franquia slasher. É algo aguardado pelo público sempre quando vão assistir um “novo” Pânico. A forma como é conduzida provoca sensações e experiências únicas, sejam por quem passa o filme todo buscando acertar quem é o assassino ou pelas motivações das mortes em série. Você entende, nos últimos minutos dos filmes tudo sobre a crueldade dos planos dos Ghostface, entende os motivos – ou as faltas deles – e o filme encerra o seu arco com a maestria de um bom trabalho feito. Agora, a partir do quinto filme da franquia, a primeira vítima sobrevive, o que “quebra as regras de Pânico”; mas os plot twists continuam essenciais para a sobrevivência da franquia e a boa avaliação do público. 

Vamos aguardar o que pode vir por aí, as irmãs Carpenter ainda podem sofrer muito nos próximos roteiros e há bons motivos para que novos assassinos surjam com interesses maldosos.





Por Dione Afonso | Jornalista

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