Pânico é um dos maiores sucessos dos filmes de terror desde a década de 1990 quando o primeiro longa chegou. Já no início se mostrou nada tímido e disposto a permanecer por décadas, o que tem se comprovado com o lançamento do quinto trabalho da franquia 20 anos depois consolidando uma sequência com o sexto filme já filmado para 2023. Toda a franquia é de criação da dupla Kevin Williamson e Wes Craven. Craven tem dirigido os 4 filmes e faleceu em 2015. A dupla Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett assumiu a produção do quinto, em 2022. É difícil encontrar bons filmes slashers que saibam brincar com o terror entregando ao público uma história com originalidade e bom gosto. E é isso que, de fato, faz Pânico ser sucesso de bilheteria, crítica e de público.
Os filmes da franquia, literalmente, brincam e, de forma satírica, criticam a indústria do cinema – no último a crítica a Hollywood é ainda mais visível – sobre como se faz um filme dentro de um outro filme. E isso é genial. Tosco, mas genial. A genialidade do assassino a cada capítulo dessa história apresenta-se com motivações credíveis e compreensíveis, ou seja, você aceita o porquê do mascarado sair esfaqueando todo mundo. A pacata cidade de Woodsboro é assombrada por uma série de mortes até chegar a Sidney Prescott (Neve Campbell) e envolve o seu amigo policial Xerife Riley (David Arquette) e a jornalista interesseira e oportunista Gale Weathers (Courteney Cox).
Anos se passam da aventura do quarto ano de Pânico. Agora, Sidney, longe de Woodsboro é casada, tem filhos, família. E há anos os ataques não se tornam mais problemas de ninguém. Gale seguiu sua carreira de jornalista e se tornou apresentadora, também longe da cidadezinha, enquanto Riley é um aposentado da polícia vivendo num trailer sozinho seguindo sua vida. Toda essa paz é quebrada quando as irmãs Tara e Sam Carpenter (Jenna Ortega e Mikey Madison) são atacadas por um mascarado Ghostface a facadas, semelhantes aos ataques à Prescott.
Os ataques se tornam aleatórios, assim como os anteriores, contudo, a história parece seguir um novo estilo de mortes. A motivação agora é direcionada à família Carpenter. Os diretores entendem que Sidney Prescott já nos divertiu e já ofereceu tudo o que tinha, e precisava de uma nova narrativa para dar sequência ao seu trabalho. Apresentar nova história, com novos personagens, foi uma ótima decisão, sem abandonar o passado, resgatando antigos personagens, eles apresentam uma nova história. O público se despede com alegria das amigas Sidney e Gale e, nem tão alegres assim do Xerife Riley, que, atacado em todos os filmes pelo assassino Ghostface, neste, seu final foi triste e decisivo, sem opção de retornar à franquia.
Agora é a vez das irmãs Carpenter decidirem o futuro da franquia de Pânico. Há aí muito material para novos filmes slashers. A crítica ao audiovisual precisa manter-se, cada vez mais visível, afim de dar às histórias aquele tom de originalidade. Há muitos slahsers de sucesso no cinema e nos streamings, mas é Pânico que soube inovar apresentando um novo tom, sem abandonar o gênero do horror, mas abraçando o incomum e o inconveniente. Ortega e Madison podem seguir um futuro glorioso com a franquia. O círculo de amigos construídos no quinto filme e que sobreviveram tem tudo para seguir a história.
Acreditamos que na adição de elenco, poderá substituir o policial e a jornalista, contudo, ainda não saberemos se seguirá por este caminho, até porque Cox não deram indícios de que estaria se despedindo em 2022 da franquia, podendo ser confirmada em Pânico 6, em 2023. Percebemos que Matt e Tyler tiveram o apreço e carinho de não perder a essência do terror de Wes Craven, mantendo o estilo do criador, resgataram a essência da franquia e souberam se lançar para um futuro promissor. A nostalgia foi agraciada pelo público ao misturar antigos e novos personagens. Nos divertimos com os novos rostos e saudamos com alegria e gratidão os antigos. Sidney e Gale selaram a amizade das duas sobrevivendo mais uma vez ao luto e vencendo o mal, de novo. Agora tudo está nas mãos das irmãs Carpenter. O assassino mascarado vai voltar!
Por Dione Afonso | Jornalista
