18 May
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Mundo em Caos não traz o lado adulto de Tom Holland, mas apresenta uma personagem no qual revela o amadurecimento do ator e sua versatilidade para o que o cinema quiser fazer com ele e seu futuro. A Lionsgate investe em mais uma tentativa de franquia futurista apresentando a adaptação dos livros de Patrick Ness trazendo um futuro próximo no qual a distopia humana se encontra meio pacata. 

O longa se resume numa trama mais simples: o protagonista Todd Hewitt vivido por Holland é um jovem que vive numa comunidade no qual as mulheres morreram, foram assassinadas misteriosamente e os homens adquiriram a condição de “materializar seus pensamentos”. Ou seja, nada do que cada um pensa fica oculto. Tudo se materializa numa névoa sobre vossas cabeças. Com a chegada de Viola, vivida por Daisy Ridley, Todd inicia uma jornada heroica em defender a única mulher que conhece e que a sua comunidade insiste em mata-la. 

Por fim, Mundo em Caos torna-se uma grande introdução inserindo personagens para uma futura longa história numa franquia sem ter certeza de que acontecerá. Holland é dono de praticamente todas as cenas. Todos tornam-se coadjuvantes de sua jornada. A caminhada e o desenvolvimento da trama vão acontecendo na medida em que Todd Hewitt evolui (atenção: há spoilers daqui pra frente). 


Mundo em Caos e o caos dos nossos sentimentos 

O grande segredo que rodeia a história é a materialização do que, talvez, devesse permanecer só dentro de nossas cabeças. A colônia humana é até bem organizada com plantio e uma espécie de governo. Mads Mikkelsen é David Prentiss, o prefeito da comunidade em que vive Holland. Nela, a presença de um religioso chamado de “O Pregador” gera desconforto e amedronta o público, tanto do filme, quanto de quem assiste. Enquanto Prentiss parece querer manter certa “ordem” na colônia, Todd é o jovem que tenta controlar seus pensamentos. Todo o primeiro ato do filme mostra o personagem de Tom Holland lutando contra si mesmo na tentativa de controlar o que pensa em busca de “reconhecimento” do prefeito. 

Mikkelsen é o “ator do momento” por conta de seu nome fazer eco em Druk no último oscar. No filme, ele tenta manter a postura de durão e homem assustador, mas o rosto misterioso do ator se sobressai e logo os holofotes não ficam interessados nele. Esse primeiro ato insiste em voltar à narrativa de Todd Hewitt que insiste em recitar seu nome. Todd vive no campo com os pais gays Bem Moore (Demián Bichir) e Cillian Boyd ((Kurt Sutter) que mesmo tendo não mais que 5 cenas, conseguiram nos emocionar quando tiveram que tomar a decisão de proteger o garoto. 

O primeiro ato conclui-se com a chegada e, repentinamente, saída de Viola, uma jovem que veio do espaço numa nave. Todd e Viola embarcam numa aventura em busca de se libertarem desses muros que querem, de um lado dominarem a terra, e de outro, purifica-la. Isso fica claro mais pra frente... 


Tom Holland desvenda o caos 

Entre o elenco, Nick Jonas, filho de Prentiss, faz o perfeito papel do filhinho querido e mimado David. Inclusive, carrega o mesmo nome do pai. No entanto, cultiva inveja e ciúme ao perceber que o pai cultiva mais adoração por Todd, o jovem fracassado que não consegue se controlar do que por ele, o próprio filho. 

O protagonismo de Holland é o que sustenta toda a narrativa. Claro que os furos de Mundo em Caos aconteceram como acontece na maioria das ficções científicas. Na direção de Doug Liman, todo o resto que rodeia Todd funciona apenas como válvula de escape para que Todd faça a sua trajetória até o final. A própria Viola que deveria receber uma abordagem melhor, não passou de a garotinha que viu um menininho inocente que desconhecia a timidez e o pudor da nudez na frente dela. 

Quando o terceiro ato do filme começa a se definir, Todd começa a desvendar o passado misterioso na qual sua colônia se sustentou. O enigmático Pregador (David Oyelowo) era um homem que vivia o fanatismo religioso às últimas consequências. A ponto de considerar a mulher como ser humano sem alma, por isso, seus pensamentos não se materializavam. Essa postura foi decisiva no passado e fez delas, humanas pecadoras e afastadas de Deus. Resultado? Os homens da colônia decidiram mata-las, entre elas, a mãe de Todd. 


Mundo em Caos perde na ação e desvaloriza seus personagens

 Finalmente, o corrido triller de ficção-científica entrega suas últimas cenas sem emoção, sem adrenalina, com pouca ação e sem desenvolver seus personagens. Mesmo apostando numa franquia, o filme de Liman perde o foco e o ritmo da narrativa. O trabalho impecável de Holland consegue segurar a trama. Seu encontro com as mulheres de outra colônia entrega uma boa cena com um pouco de suspense e diálogos emocionantes. 

Por fim, Mundo em Caos é caótico por si só. Traz um futuro distópico que, talvez não esteva muito longe de nós. A ficção de Ness (desconhecendo como a história continua) precisa amadurecer nas telas e nas páginas. Mas é uma boa história. Tem um crush que pode se desenvolver em romance; tem uma maldade que pode se tornar um vilão poderoso; tem o bobão do Nick Jonas que pode ser um lado cômico desse futuro distópico de uma franquia que ainda pode se salvar. 

Mundo em Caos foi lançado em 13 de maio somente nos cinemas. Está em cartaz em algumas salas do Brasil.



Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

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