23 Jul
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Pelos poderes de Grayskull: EU TENHO A FORÇA! A infância de muitos adultos de hoje da era de 1980, 90 foi marcada por aquele jovem que ao empunhar a espada invocava a magia presente do universo e se tornava o homem mais poderoso da terra. He-Man e os Mestres do Universo marcou uma era importante das animações televisionadas diretamente adaptadas dos quadrinhos. Agora, pela Netflix, o showrunner Kevin Smith moderniza a história e nos apresenta um início épico de uma futura franquia que pode não só nos fazer vibrar com a nostalgia de uma infância que marcou, mas também nos emocionar com um desenho capaz de se renovar. 

Mestres do Universo: salvando Eternia tira o nome do He-Man do título e foca num time mais protagonizado, com mais narrativas e trama. Adam, o He-Man precisa perder, precisa sair de cena afim de que Teela, sua amiga/irmã/braço direito desenvolva a sua história. O lendário vilão, Esqueleto também perde mais do que estávamos acostumados e dá à feiticeira Maligna, mais tempo de cena do que esperávamos que ela tivesse. Maligna, Teela, Andra, o próprio mago Gorpo se destacam, protagonizam a própria história. (atenção, há spoilers a partir daqui).  


História amadurecida, diálogos intensos 

Definitivamente, percebe-se que os roteiristas que trabalharam ao lado de Smith não economizaram nem um pouco nos dramas e nem nos diálogos. Eternia é um planeta que foi concebido e se sustenta puramente por magia. Através de uma investida por Esqueleto e Maligna, o Castelo de Grayskull, guardião de todo o poder é violado e Adam / He-Man se sacrifica afim de salvar Eternia. Nisso a espada do poder se divide em duas, uma forjada pelas sombras e outra pela luz. Literalmente o novo corpo de protagonistas precisam embarcar numa jornada que os levam do inferno ao céu em busca da espada e novamente uní-la recuperando a magia de Eternia. 

Esse é um resumão dos cinco primeiros episódios liberados na plataforma. Prepare-se para se emocionar e muito no desenrolar das cenas. A série não enrola e se preocupa em nos entregar tudo o mais rápido possível, mas sem sacrificar seus personagens. Com a morte de Adam, Teela sentiu-se traída ao perceber que o melhor amigo escondeu dela a sua identidade como He-Man. Teela não acredita mais na magia e começa a construir sua própria estrada. Seu desenvolvimento é perfeito e necessário. Ela não precisa mais ser o ombro direito de ninguém, agora ela é dona do próprio destino. 

Teela não supera o luto e esconde o seu medo. A raiva que sente por Adam é muito forte. Eternia então tenta sobreviver com um resquício de magia que ainda a sustenta. O encontro de Teela e Andra, sua amiga, com a feiticeira Maligna faz com que as forças do bem do Castelo de Grayskull e as forças do mal da Montanha da Serpente se unam afim de recuperar a magia de Eternia. Os Mestres do Universo então ressurgem com um objetivo muito maior que a magia: curar a família, sobretudo a relação de Teela com o pai – e aqui a gente se emociona pra caramba ao ter um vislumbre da origem de Teela – recuperar a confiança dos velhos amigos, Gorpo, o Roboto, e juntos se aventurar nessa perigosa jornada que está por vir.


Quando o mal nos rouba a esperança 

Mestres do Universo: salvando Eternia é sobre esperança. A magia é mais que uma luz brilhante, ela é o nosso coração, porque ela é puro amor. Gorpo, na luta contra um demônio nas profundezas vence o seu medo de se sentir insignificante e fraco. Um medo que a própria família dele o fez acreditar. A referência da luta entre Gandalf, o Cinzento e o Demônio das Profundezas em O Senhor dos Anéis, foi brilhante. Se a intenção de Smith era nos fazer vibrar de alegria e ao mesmo tempo chorar de emoção, ele conseguiu. Entregou a melhor cena dessa primeira parte. 

É preciso o sacrifício do Príncipe Adam / He-Man, para que a magia desperte no coração de cada um de Eternia a própria esperança. O papel da magia em Mestres do Universo é despertar o melhor de nós. Teela consegue desenvolver sua própria história quando se afasta de todos que conduziam sua própria sombra. Agora, ela saiu das sombras e se revela a algo muito maior. É algo muito semelhante que acontece também com a Princesa Diana Prince, de Themyscira, para se tornar a Mulher Maravilha, ela precisou sair de perto daqueles que ordenavam a sua própria sombra. Olha a referência aí de novo! 

Mais amadurecido, mais jovem, mais responsável, mais nostálgico. É mais diverso, menos machista, tem mais personalidade e menos individualismo. Trabalha a individualidade e não sacrifica os coadjuvantes. A nova saga de He-Man e sua equipe só está começando. E começou de forma espetacular. Não é todo dia que o bem vence. Mas quando o mal reina, a esperança precisa ser reconquistada afim de recuperar a vida de todos. Isso é Eternia. É isso que estamos prestes a assistir nos próximos capítulos dessa saga.




Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

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