“Eles cuspiram em mim. Riram e fizeram piadas do meu cabelo. Fizeram da minha cor motivo de nojo e zombaria. Todos eles viram em mim uma oportunidade para demonstrar quem é que manda. E ficou claro que não era eu”.
[Um jovem qualquer, 22, Belo Horizonte-MG].
Cobra Kai é uma continuação baseada no primeiro longa da trilogia do Karate Kid de John G. Avildsen em 1984. O jovem Daniel LaRusso se envolve com a namorada de um valentão e a coisa não dá muito certo para ele. Daniel é defendido por um mestre em artes marciais chamado Miyagi (Pat Morita). Tornando-se seu sensei, Miyagi ensina a Daniel o poder do karatê levando-o a competir num torneio vencendo assim, seu rival Jhonny Lawrence, o tal valentão.
Agora, o sucesso dos anos 80 invadem novamente nossas telas. O serviço de streaming da Netflix produz a série de sucesso que chegou em 2021 em sua terceira temporada. Daniel LaRusso (Ralpg Maccho), Johnny Lawrence (William Zabka), Miguel Días (Xolo Maridueña), Robby Keene (Tanner Buchanan), Samantha LaRusso (Mary Mouser), Tory Nichols (Peiton Roi List), John Kreese (Martin Kove) estão de volta trazendo nostalgia e muita porrada e ensinamentos de vida.
A série segue com maestria e muito bom gosto estendendo o legado de Karatê Kid. Com tradição, nostalgia, emoção, diversão, adrenalina e jovialidade, a produção consegue reunir o que há de melhor entre gerações nos prendendo numa trama com enredo bem costurado e uma história digna de aplausos. Gerações se reúnem sem forçar a barra, atores do sucesso dos anos 80 voltam de forma perfeita e bem conduzida nos fazendo vibrar de alegria.
Tudo na série é perfeito! Até mesmo os dilemas, confusões e rixas do passado são atualizados e encaixados nas dificuldades do dia a dia de hoje.
Um incessante desejo de se provar!
Essa terceira temporada teve o hercúleo papel de elevar os atores Ralpg Maccho e William Zabka a um novo patamar com seus personagens. Era preciso uma temporada muito bem trabalhada e com perfeita harmonia para “corrigir” a relação entre Daniel e Johnny. Um trabalho difícil para os produtores, mas não impossível. O trabalho ficou excelente com tudo muito bem dosado. Ira, amor, paixão, drama familiar, questões juvenis e dilemas geracionais foi tudo incluído na dose certa.
Os “adultos” da história precisavam se resolver, mas, antes disso, era preciso distanciá-los ainda mais. Criar cicatrizes que parecessem improváveis de serem cicatrizadas. “Todos têm uma vida difícil e de dor, mas isso não lhes dá o direito de maltratar os outros”. E a série nos transmitiu um grandioso ensinamento de vida. Daniel e Johnny tiveram que resolver suas dores, curar suas cicatrizes, explorar novos planos de conhecimento para que, enfim, pudessem se tornar os adultos capazes de guiar as novas gerações.
Um novo vilão
As temporadas anteriores deixaram claro que a volta do antigo mestre de Johnny não iria ser um papel secundário. Kreese tinha muito mais em mente, seu corpo respirava ódio e poder. O mantra “sem compaixão” era seu lema de vida. E, mais uma vez a série brilhou ao apresentar seu passado nos flashbacks nada cansativos e inseridos no momento certo e na medida certa.
Kreese sobreviveu a uma difícil missão suicida enquanto serviu o exército, teve como mentor um homem perverso e cruel, e isso o impregnou. Kreese torna-se agora o vilão em comum nas vidas de Johnny e Daniel, suas artes marciais precisam se unir para vencer essa ameaça. E a cena em que isso acontece é simplesmente emocionante. Dois mestres em karatê unidos para derrotar um inimigo em comum.
Por fim, a série está longe de encerrar o seu arco. Agora um novo tempo se instaura entre esses competidores da luta de karatê. É importante vencer as diferenças, ajustar o que não se compreende e abraçar a causa como verdadeiros amigos, ou, pelo menos, aliados em busca de paz e tranquilidade para todos.
“Na vida nós sempre nos perdemos no caminho. Mas são as pessoas, não os sinais, que nos trazem de volta”
(“Cobra Kai” Season03, 2021)
Por Dione Afonso Jornalismo PUC-Minas
