29 May
29May

Aqui no Projeto “Cicatriz” de Jornalismo sempre damos play em produções nacionais com boas expectativas e alegria. Gostamos de acompanhar tudo o que está ao nosso alcance sobre o que o Brasil consegue produzir para as telonas e para o streaming. Biônicos é a nova aposta nacional no rol da ficção-científica. Dirigido por Afonso Poyart, o enredo já desperta nossa curiosidade desde a primeira cena quando encontramos próteses de membros para as pessoas dominando o mercado do esporte, sucesso, mas também um mercado negro de roubo, assaltos, mortes e corrupção. O elenco é um primor: temos Jessica Córes; Gabz e Christian Malheiros interpretando três irmãos. Maria (Córes) e Gabi (Gabz) se rivalizam na família em busca de atenção e o que cada uma é capaz de fazer para estar sempre na frente é assustador. Enquanto que Gus (Malheiros) é esquecido. 

Bruno Gagliasso, Paulo Vilhena, Danton Mello e Klebber Toledo completam este elenco. Gagliasso comanda o mercado negro; Vilhena é um cientista tecnólogo que entende das próteses tecnológicas ultra avançadas e Mello é o policial dentro de toda esta trama. É duro afirmar isso, mas as atuações destes rapazes são bastantes questionáveis. Gagliasso é um ator de primeira, uma obra-prima diante das telas, contudo, sua presença em Biônicos não consegue imprimir veracidade. Vilhena é esquecido pelas câmeras e o detetive e policial Mello não tem carisma. Enquanto isso, Córez e Gabz incorporam seus personagens e fazem de seus dramas o ponto alto da narrativa. 


Falta desenvolvimento e alma 

O roteiro do filme também tem lacunas. Muita coisa fora do lugar, diálogos que não funcionam e discussões sem impacto. As interações entre Maria Gabi são impecáveis, mas até mesmo isso fica morno no terceiro ato. A narrativa que estava embarcando numa crescente se depara com uma avalanche e as cenas finais nos deixam decepcionados. O filme de Poyart é lançado logo depois de Atlas, com a Jennifer Lopez, a título de comparação – até porque o público não vai conseguir evitar, já que os lançamentos foram próximos – vemos, com Lopez atuações fracas, mas roteiro excelente; enquanto que na obra de Poyart, temos metade dos atores em boas atuações e um roteiro morno, sem começo e sem um final. 

Foi decepcionante ver Gus, na cena final, imitando um cyborg. Poyart se esqueceu que os humanos têm emoções e sentimentos. Explorar os dramas, os conflitos teriam salvado esta história. A proposta é válida, tem fundamento, contudo, a execução assumiu estradas não muito corretas. Biônicos tem uma ideia ambiciosa ao tentar realizar grandes cenas de ação; cenas de impacto e intensas, mas o conflito ético que deveria pautar os diálogos fica em segundo plano e tudo fica confuso. Em certas ocasiões o roteiro até tentou levantar boas discussões, mas a cena seguinte jogava tudo pelo ralo e o resultado, infelizmente, foi nada satisfatório. Enfim, vale a pena assistir, pois o trabalho nacional evoluiu com o uso de algumas tecnologias para um futuro possível cinema brasileiro.



Por Dione Afonso  |  Jornalista

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