03 Jan
03Jan


Eu mal coloquei as pernas pro ar, afim de descansar, e já veio gente me pedindo o primeiro texto de 2022. Ansiosos e curiosos perguntavam-se sobre qual tema eu iria discorrer no primeiro derrame de palavras sobre a folha em branco. 

Para 2022, muitos são os projetos. As ideias sempre foram intensas desde sempre. Há projetos secretos, uns de carreira solo, outros seguem dependentes de parcerias e outros ainda tem a pretensão de serem rentáveis. Sonhos que envolvem o trabalho independente, sonhos que envolvem a ação social a favor de quem precisa. Projetos de escrita e leitura que envolvem criatividade e liberdade, prazer e emoções, tudo o que nos isenta da crítica formal e do padrão culto que o lead nos amarra. 

O golpe tá aí. Se é a letra de uma música, um funk, ou a sensação do Tik Tok, o golpe tá aí. Se é mais um meme da internet ou se é uma frase top que Neymar esbravejou no gramado verde após marcar um gol, o golpe tá aí. Se é um fenômeno do twitter e permaneceu nos trendings topics por semanas, ou se virou estampas de camisetas, o golpe tá aí. E se virar hit de carnaval... 

O golpe tá aí, contudo, não se trata de cair quem quer. Não se trata dos quereres cotidianos, e nem dos momentâneos. Nem todos que querem, caem. Caem os que não querem também. Caem até mesmo aqueles que nem sabem do que se trata. Estamos na era do PIX, da mensagem criptografa, do Banco Digital com a segurança garantida por sua impressão digital. No entanto, desconhecemos a própria identidade e com um clic, damos acesso a estranhos que invadem a nossa vida, nosso corpo, nossa conta bancária. É, realmente, o golpe tá aí. 

E, muitos caíram. Estou no precipício de um golpe também. O da escrita. O do produto que visa um consumo que, moderadamente, aguardam por encontrarem na prateleira das livrarias digitais sempre quando abrem o notebook ou desbloqueiam a tela do celular. Sim, eu caí nesse golpe. E ainda me perguntam, sobre o que escrever em 2022. E hoje, o calendário não marca nem o quinto dia útil do mês e já me exigem o nível de produção que a roda comercial exige para o bem proveito do funcionário que é visto mais como uma ferramenta que, ao enferrujar é substituída. Não é vista como uma peça revolucionária da sociedade atual. E nem recebe por isso, nem mesmo, no quinto dia útil. 

E o golpe tá aí sim. E ninguém gosta de ser enganado. Iludido? Talvez, só por amor. Mas, não porque o sofrimento nos ensina. A alegria e o acerto também são ótimas escolas pro conhecimento. Na minha opinião, a melhor forma de aprender. Temos que parar com a ideia de que só o sofrimento nos ensina alguma coisa. Pós-pandemia, a humanidade aprendeu o quê? Por que não aprendeu antes de sofrer? Na alegria, nos acertos, nas boas relações, no amor verdadeiro? Em 2022 não vamos esperar o erro para aprender algo. Cai quem quer. Cair quem quer errar. Mas quem quer acertar, segue adiante e segue aprendendo. Albert Einstein dizia que “o brincar é a mais alta forma de pesquisa”. Hoje, o calendário ainda marca 03 de janeiro do novo ano que começou, e eu termino esse texto sem saber sobre o que escrever. O golpe tá aí!




Por Dione Afono  |  PUC Minas

03.jan.2022

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