25 Feb
25Feb

De novo choveu,

De novo o barranco cedeu.

Aqui neste país chove em todo seu território,

Em uns lugares chove mais, em outros menos.

O problema não foi chuva de mais, de menos,

O problema é a desigualdade que temos.

Choveu sobre os ricos e pobres, sobre mansões e barracos, sobre condomínios e sobrados, nós terrenos regulares e nos irregularmente ocupados.

Neste país é assim,  se junta um dinheiro e se constrói, se tiver muito dinheiro se faz tudo regular, se não tem dinheiro se faz como dá.


Choveu muito, o rico perdeu a mansão onde passaria as férias, tremendo prejuízo.

Choveu muito e o pobre perdeu tudo.

Não tinha nada de valor material pra perder além de um barraco que levou a vida toda pra construir, o barraco caiu junto ao barranco e levou o maior bem do pobre que não sobreviveu.


O rico perdeu dinheiro.

O pobre perdeu a vida.


A tragédia tem cor, é de pele escura.

A tragédia tem emprego, é vendedor que trabalhava na praia, é caseiro, é doméstica, é faxineira, é jardineiro, é pedreiro, todos a serviço de mansões de um dos lugares com o metro construído mais caro do país. 

Eram pessoas que prestavam serviços a pessoas ricas que iam passear naquele lindo mar, ali estavam praias das mais lindas do mundo. 

A tragédia tem nome.

A tragédia tem responsáveis, mas a chuva não é a responsável por essa tragédia, isso é responsabilidade da desigualdade que temos.

Uns tão ricos e outros tão pobres...


Haverá um dia em que poderemos olhar todos de igual pra igual, seja nos momentos bons ou nos momentos ruins?




Por Mínison Domingos  |  Conselheiro Pena-MG.

 24 de fevereiro de 2023  

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Foto: Imagem de Paulo Pinto / Fotos Públicas. 

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