De novo choveu,
De novo o barranco cedeu.
Aqui neste país chove em todo seu território,
Em uns lugares chove mais, em outros menos.
O problema não foi chuva de mais, de menos,
O problema é a desigualdade que temos.
Choveu sobre os ricos e pobres, sobre mansões e barracos, sobre condomínios e sobrados, nós terrenos regulares e nos irregularmente ocupados.
Neste país é assim, se junta um dinheiro e se constrói, se tiver muito dinheiro se faz tudo regular, se não tem dinheiro se faz como dá.
Choveu muito, o rico perdeu a mansão onde passaria as férias, tremendo prejuízo.
Choveu muito e o pobre perdeu tudo.
Não tinha nada de valor material pra perder além de um barraco que levou a vida toda pra construir, o barraco caiu junto ao barranco e levou o maior bem do pobre que não sobreviveu.
O rico perdeu dinheiro.
O pobre perdeu a vida.
A tragédia tem cor, é de pele escura.
A tragédia tem emprego, é vendedor que trabalhava na praia, é caseiro, é doméstica, é faxineira, é jardineiro, é pedreiro, todos a serviço de mansões de um dos lugares com o metro construído mais caro do país.
Eram pessoas que prestavam serviços a pessoas ricas que iam passear naquele lindo mar, ali estavam praias das mais lindas do mundo.
A tragédia tem nome.
A tragédia tem responsáveis, mas a chuva não é a responsável por essa tragédia, isso é responsabilidade da desigualdade que temos.
Uns tão ricos e outros tão pobres...
Haverá um dia em que poderemos olhar todos de igual pra igual, seja nos momentos bons ou nos momentos ruins?
Por Mínison Domingos | Conselheiro Pena-MG.
24 de fevereiro de 2023
®Todos os direitos reservados ao autor e ao Blog Cicatriz©. Nenhuma cópia está autorizada sem consentimento de ambas as partes.
Foto: Imagem de Paulo Pinto / Fotos Públicas.