07 Apr
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Sam Raimi é cineasta, produtor, diretor e roteirista norte-americano que, talvez tenha seu nome mais conhecido por seu sucesso com a primeira trilogia dos filmes do Homem-Aranha com Tobey Maguire (2002-2007). Contudo, o sucesso do cineasta se deu quando produziu a trilogia “Uma Noite Alucinante”, franquia “A Morte do Demônio” (“The Evil Dead”). Na trilogia de Sam Raimi (1981 – 1987 – 1992), a narrativa segue uma espécie de força sobrenatural que estava sendo estudada por um historiador arqueólogo, que, ao penetrar nas origens desta literatura dark ele desperta o que estava adormecido, revela o que deveria estar oculto, perturba o que jazia. 

A forma de colocar esta força do mal aliada à floresta concede à natureza os elementos necessários pra fortalecer, não só a história, com seus efeitos, suas empreitadas para assustar e colocar o horror e o terror em primeiro plano. Uma Noite Alucinante não é só sobre o despertar e o enfrentar um “demônio” invocando o Livro dos Mortos. Primeiro, o filme de 1981 coloca o cineasta Sam Raimi no rol do cinema, consagrando-o como ícone do horror cinematográfico. Com poucos recursos e com um elenco inexperiente, a cena na floresta com a câmera itinerante e sorrateira, Raimi até hoje é referência para o gênero. Esta trilogia é o ápice do cinema clássico de horror e, digamos, é uma espécie de âncora bibliográfica para o que foi sendo produzido após. 


Como Raimi começou... 

Hoje reconheço que a franquia é desprezada e não tem o devido reconhecimento. Uma Noite Alucinante é munida de boa narrativa e, apesar de seu elenco original, eles realizam um ótimo trabalho de atuação e os três filmes se concatenam numa perfeita história sobre forças sobrenaturais, invocação de portais dimensionais, possessão e medo. O protagonista Ash Williams (Bruce Campbell) com sua namorada Linda (Betsy Baker) e seus amigos Chery (Ellen Sandweiss), Scott (Richard DeManincor) e Shelly (Theresa Tilly) decidem viver uma aventura longe da cidade e passar uma noite numa cabana na floresta, um programa de jovens aventureiros. Contudo, ao encontrarem o Necromonicon (O Livro dos Mortos) eles despertam uma força maligna que usa a floresta para assustar e matar quem dali se aproxima. 

Percebe-se que a ideia original é rica e contém elementos poderosos para que Raimi construa uma obra magnífica e digna de cinema. Mas seu começo não foi fácil. O filme não tinha um bom orçamento – assim como acontece com a maioria dos filmes te terror até hoje – e Raimi tinha um elenco novato. Mas com o pouco que tinha, o cineasta tinha criatividade e ousadia. O escritor de romances de terror Stephen King teve contato com a obra, leu o roteiro de Raimi e conseguiu fazer com que o primeiro Uma Noite Alucinante tivesse sua estreia no Festival de Cinema de Cannes daquele ano. A partir daí as carreiras de Sam Raimi e de Bruce Campbell deslancharam. O filme tornou-se referência no gênero e é foi premiado como um dos melhores terror que envolve culto e invocação. 

Depois disso, o cineasta entrou para o universo das HQs e de super-heróis, trabalhando ao lado de Tobey Maguire interpretando o jovem Peter Parker e sua dupla identidade como o Teioso: Homem-Aranha. Raimi se uniu ao seu irmão Ivan Raimi e ao Campbell e escreveu a sequência Uma Noite Alucinante II e o terceiro que ganhou o nome de Uma Noite Alucinante 3: Army of Darkness. Esse trio também trabalhou numa série de TV que estendeu a franquia para a televisão: Ash vs. Evil Dead. Vale mencionar também, que Raimi e Campbell são amigos desde a infância e, quando The Evil Dead chegou nas mãos deles, Raimi chegou a pedir doações para produzir o filme. O projeto é considerado por Raimi como o seu “rito de passagem” em sua carreira. 


Como está o futuro da franquia 

Em 1993, Raimi e Campbell se despediram de Uma Noite Alucinante encerrando o que hoje chamamos de trilogia original. Em 2013, vinte anos depois, foi a vez do diretor uruguaio Fede Álvarez produzir o primeiro reboot da franquia. Desta vez sob o título A Morte do Demônio (“The Evil Dead”), Álvarez bebe das fontes do longa de 1981 e nos reapresenta a mesma cabana com cinco jovens que decidem sair da cidade grande. Contudo, a motivação da narrativa é diferente: a jovem Mia (Randal Wilson) precisa lutar contra seus vícios e, para isso, ela conta com a ajuda de seu irmão David (Shiloh Fernandez) e três amigos Eric (Lou Taylor Pucci), Natalie (Elizabeth Blackmore) e Olivia (Jessica Lucas) que irão passar alguns dias com ela nesta cabana, ajudando-a nas crises de abstinência. 

O que muda com Álvarez? Além da nítida transformação de efeitos especiais, tecnologia avançada e muito mais realismo aos eventos sobrenaturais, o protagonismo que era de Ash, agora é de Mia. É ela quem se interliga com os acontecimentos que acontecem naquela cabana. A ausência das técnicas de Raimi também é notada. Álvarez utiliza, mas em menos quantidade as sequências com a câmera percorrendo a floresta, dando vida a ela; Raimi utiliza este recurso com certo exagero, que, no reboot é Álvarez economiza. É bonito como que as fontes originais não deixaram o filme de 2013 sem ter a sua pegada consagrando Sam Raimi como um referencial para filmes de terror. Agora, em 2023, 10 anos depois, A Morte do Demônio: A Ascensão chega aos cinemas. O diretor irlandês, Lee Cronin, o mesmo que fez O Bosque Maldito (2009), entra para a franquia numa sequência do que Fede Álvarez começou.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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