24 Sep
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Desde a chegada de seu primeiro longa Transformers, em 2007, a franquia de ficção-científica baseada numa linha de brinquedos da Hasbro, imediatamente conquistou fãs do cinema por todo o canto. O diretor Michael Bay soube dar o ponta pé numa jornada que conta a história de uma raça de robôs que viviam num planeta distante da galáxia, os Autobots e seus vilões, os Decepticons que, depois de enfrentarem uma guerra autodestrutiva tiveram que se refugiar, perdidos à própria sorte, até que alguns caem na Terra e por aqui sobrevivem disfarçados. Estes robôs, com suas capacidades de se transformarem em diferentes itens da mecânica e munidos de habilidades de guerra e armas passaram a viver entre os humanos, sem que soubéssemos. 

Protagonizado por Megan Fox e Shia LaBeouf e com Peter Cullen dando voz a Optimus Prime, o filme de 2007 nos conquistou com a genialidade da história. Até então, temos 8 filmes. Em 2018 o personagem que conquistou os fãs,o Bumblebee ganhou um spin-off, inclusive revelando como que ele perdeu a capacidade da fala. Bumblebee, de Travis Knight trouxe a jovem Hailee Steinfeld interagindo com o Autobots e o filme se destacou como um dos melhores da franquia, até a chegada de Transformers: O Início. O filme que todos esperavam desde sempre e que chega a nós com narrativa surpreendente. No formato Animação, é o primeiro filme sem a presença de humanos, ambientado no próprio planeta, vemos como que amigos e inimigos são forjados numa guerra pela liderança. 


Uma franquia que tem muito pra nos mostrar 

Quando, em 2023, Transformers: O Despertar das Feras chegou, afirmamos que o filme nos mostrou que a franquia ainda está longe de seu fim. Essa afirmação só se confirma a cada passo que a saga dá. Agora, sob a direção de Josh Cooley e com Chris Hemsworth dando voz ao Optimus Prime, estamos no planeta Cybertron e assistimos uma governança que passa por dificuldades desde que o Prime líder perdeu a matriz da liderança e nunca mais foi encontrada. Atualmente Cybertron está sob a liderança de Sentinela Prime (na voz de Jon Hamm), um autobots que ocupa o lugar de um Prime, mas que não o é. Lidera sob a falsidade e escraviza seu povo a minerar um recurso que dá vida ao planeta e a todos os autobots. Mais cruel ainda é o fato de Sentinela impedir que os autobots se transformem, tirando deles o código de transformação. 

É um governo perverso, genocida e que usurpa uma posição que não o tem por direito. Nos filmes anteriores já descobrimos que a matriz Prime não pode ser encontrada, ela precisa ser merecida. O filme segue a amizade de dois grandes amigos, D-16 e Orion Pax, mineradores, impedidos de se transformar e por acreditar que nasceram assim, como todos os outros acreditam, eles tentam seguir suas vidas nas minas de Cybertron. Contudo, Orion não aceita o futuro que está destinado e embarca numa aventura levando consigo D-16, B-127 e, por acidente, Elita. Todos, autobots que não se transformam. A ida destes quatro à superfície nos tira do primeiro ato do filme e já nos insere num segundo cheio de ação, boas cenas, transformações e uma narrativa de tirar o fôlego. 

A dublagem de Scarlett Johansson como Elita e de Keegan-Michael Key como o B-127 é essencial para entendermos os papéis destes autobots na jornada. B-127 vai se tornar o nosso maravilhoso e amado Bumblebee, a Elita é a moto rosa, já conhecida dos filmes anteriores e vemos nestes dois personagens uma jornada de crescimento incrível e essencial para que a história consiga seguir seu fluxo narrativo. Percebe-se que há uma mudança de postura do primeiro pro segundo ato e, consequentemente, para o terceiro. Orion Pax, por outro lado, irá assumir uma outra postura e a presença da voz de Hemsworth é essencial. Vemos esta presença também na dublagem brasileira. É significativo percebermos o quão uma dublagem bem feita muda a experiência cinematográfica. 


Entre amigos e inimigos 

Quando Orion Pax se torna o Optimus Prime e vê seu melhor amigo D-16, tornando-se Megatron, seu pior inimigo. Ele se vê obrigado a baní-lo para a superfície e condená-lo para a eternidade. “A linha entre amigo e inimigo nunca esteve muito clara e quando a ultrapassamos, não há mais volta”, a fala de Optimus é doída e ele sente que perdeu tudo o que tinha, quando seu amigo, agora inimigo, partiu. Uma governança que é pautada no ódio e ancorada no desrespeito, na morte, na vingança e na sede de poder nunca terá o seu lugar. Por isso que a matriz nunca se revelou a D-16, mas quando Orion Pax se colocou na frente do tiro que tirou sua vida, a ancestralidade dos Primes reconheceram nele a sensibilidade e a generosidade em merecer liderar Cybertron

Não há a necessidade de uma conexão direta com os filmes anteriores. Na verdade, ainda há lacunas a serem preenchidas, mas, ainda há tempo de nos presentear com estas possíveis novas histórias. Antes de 2007, poder conferir o novo sucesso da franquia é uma experiência que nos completa. Transformers: O Início, deu-nos o que precisávamos, um prelúdio que nos devolve ao começo de tudo e que pode nos dar muito mais. Agora os lados de uma guerra estão organizados: inimigos banidos do “jardim do Éden” enquanto os eleitos seguem suas vidas, agora redimidos de um exílio que os escravizou nas minas. Talvez o trabalho de 2023, que foi dirigido por Steven Caple Jr. tenha caído no esquecimento, mas, mesmo assim, ainda acreditamos que esses brinquedinhos podem nos surpreender com novas histórias para o futuro.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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